O penúltimo dia das férias de verão

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No dia seguinte de sua estadia, Shoto havia dormido até depois da hora do almoço, deixando o outro rapaz preocupado sobre a má qualidade do sono na semana anterior o estar afetando ainda. No entanto, agora já no quarto e penúltimo dia, Izuku percebeu que se nada ou ninguém ativamente acordasse seu namorado de manhã, certamente ele não faria isso sozinho.

Especificamente hoje, sua mãe o tinha pedido para ir comprar algumas coisas no mercado e Izuku considerou que seria uma ótima oportunidade de mostrar a vizinhança de forma mais ampla para o namorado. Por isso, um pouco antes das 8, assim que havia terminado de se arrumar, esfregou suavemente os ombros do rapaz que dormia em sua cama. Achou que fosse ouvir algum murmúrio ou reclamação, mas Shoto apenas se virou de barriga para cima e o encarou, bagunçado. A forma com que os dois olhos de cores diferentes convergiam um pouquinho lhes dava um ar indecifrável e charmoso, mesmo naquela situação. Izuku se inclinou e beijou-o, sem pensar muito e terminou com um “bom dia” animado.

O caminho não era muito longo e, apesar de ser arriscado demais darem as mãos por aí em seu próprio bairro, ainda era legal andar juntos daquela forma descompromissada. Definitivamente na volta, o levaria para tomar sorvete. Era verão, afinal.

Estavam conversando sobre isso quando chegaram à porta automática do pequeno mercado, que ficava em uma esquina movimentada. Olhou a lista para confirmar tudo que precisava e carregou Shoto consigo pelos corredores largos, se divertindo com o fato de que era a primeira vez que ele fazia compras em um lugar como aquele. No momento em que o estava ensinando a escolher bons tomates, escutou uma voz conhecida, vindo de seu lado.

— Deku, como vai? — Izuku se virou para a figura da senhora Bakugou, que carregava um carrinho um tanto quanto cheio, e a cumprimentou um pouco surpreso com a coincidência. — Oh, até o Todoroki-kun está aqui hoje, que boa reunião. Uma pena que o folgado do meu filho está curtindo a praia e eu não pude mandar ele vir ao mercado no meu lugar, se não ele poderia sair um pouco com vocês também… Escuta, sua mãe vai estar em casa nesse final de semana?

— E-eu acho que sim. — Izuku gaguejou devido ao estranho pensamento de encontrar Kacchan naquela ocasião.

— Ótimo. — Ela continuou, sem notar o desconforto do menino. — Então eu vou dar um pulo lá no sábado para levar as ferramentas que peguei emprestado. Você pode avisar a ela, por favor?

— Claro!

Izuku sorriu com sinceridade e então se despediu da vizinha, rapidamente voltando a atenção para as próprias compras. No final, embalaram dois sacos para cada garoto carregar e não ficou tão pesado assim, o que os permitia desviar um pouco do caminho para passar na loja de conveniência que vendia o sorvete específico que Izuku queria mostrar ao namorado. Depois de comprar as casquinhas, sentaram em um banco pequeno de forma que Shoto pudesse manter os sorvetes gelados o suficiente para não derreterem. Também era uma boa desculpa para estarem bem próximos. Durante um tempo, o único som que se escutava era o chiado contínuo das cigarras.

— Eu costumava vir bastante aqui quando era pequeno. — Izuku quebrou o silêncio, prendendo a atenção do outro. — É impressionante como o gosto disso continua o mesmo… A escola fica aqui perto, então várias crianças passam para tomar sorvete no fim da tarde... Acredito que a primeira vez que falei com Kacchan foi aqui, inclusive. Não sabia que você conhecia a tia Mitsuki.

— Houve algumas situações em que tive que fazer algumas coisas com Bakugou e ela estava lá… — Ele respondeu e Izuku refletiu um pouco. Não era realmente algo raro de ter acontecido, considerando que estavam todos na mesma turma. Antes que pudesse elaborar um pouco mais o pensamento, porém, ouviu o comentário do outro em uma voz distante. — Você e Bakugou costumavam brincar juntos quando pequenos, não é? Às vezes soa como se fossem bons amigos, mas ele não parece gostar muito de você...

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