capítulo 3

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- Ben, Ben Arkerman?

- sim foi o que eu acabei de dizer - eu mereço isso..

- seu pai é Bernado Arkerman? - seria estranho se ela não fizesse tal pergunta.

Meu pai foi um explorador geográfico conhecido por suas descobertas e por ser um homem maravilhoso e muito gentil, e eu como o seu filho único devo fingir ser gentil também.

As pessoas criam expectativas uma das outras sem necessidades, isso pode trazer muitas desilusões. Se você não esperar muito do outrem, estarás a poupar a sua saúde mental. Mas mesmo sabendo disso, eu uso essa característica das pessoas para poder enganá-las a meu respeito.

Finjo ser uma pessoa boa, respeitadora e solidaria quando aquela voz interior me diz para fazer exatamente o contrário.

- sim, ele é meu pai. - falei desanimado.

- sinto muito..

- Não sinta! Só faça seu trabalho. Até agora não me deu informação nenhuma!

muito folgada, querendo conversar durante o trabalho? Eu não permitiria essas audácias se fosse seu chefe, ver inúteis me deixa cada vez mais impaciente.

Qual é essa mania das pessoas repetirem essa frase a todo minuto? Sinto muito! Sinto muito pela perda, sinto muito pelo seu pai.. sinto muito pela dor que deve estar sentido!

Caralho, isso virou um padrão? As pessoas realmente sentem quando dizem?
- nem parece ser filho de Berna.. - eu a interrompi de imediato.

Demorou para me comparar com o meu pai, será que eu devia ser igual a ele?

É difícil admitir mas esse assunto ainda me afeta muito, é como se fosse uma dor interior muito forte, a sensação é de algo me corroendo por dentro, doi tanto.. o desespero fica maior porque eu não sei como curar a dor da alma, eu tento esquecer que ele se foi, mas o mundo não permite que ele descanse em paz, todo dia uma revista, sites, jornais, entrevistas, estou cansado!

- já dei o meu nome e até agora não me deu informação nenhuma! - repeti

- controle seu comportamento se não o que não teve princípio vai ter um fim para você !

ela se atreveu a me ameaçar, eu vou anotar isso, mas por enquanto tenho que focar no meu objetivo que é terminar o ano perfeitamente, só depois pensarei em pisar nessa boca suja.

Outra coisa que notei sobre as pessoas é que se sentem na obrigação de ter pena das mais vulneráveis e fracas, ficam menos intimidadas quando o outro é inferior á si.

- peço imensas desculpas, é que, ainda não superei a perda de meu precioso pai, o meu psicológico disse que às vezes vou ter crises de ansiedade e intolerância, peço desculpas! - falei com a maior tristeza do mundo, para atuar tão bem tive que lembrar de um passado obscuro.

- eu entendo, aqui está o seu horário - ela me entregou o horário junto de um cartão e o número do meu quarto.

Reparei que a sua face estava formando traços de tristeza e pena, eu não preciso disso. Ela me olha como se eu estivesse no fundo do poço ou na última gota da depressão; mas eu sou mais forte que isso.

- tenha um bom dia Benjamin Arkerman! - assim que ela falou esse nome, meu sembrante mudou.

Quem disse a ela que meu nome é Benjamim? Eu já mudei no registo para Ben.

Diabos!

- igualmente.. senhorita? - ainda não sei o nome da vadi..

- Clara, meu nome é Clara. - ela respondeu com a voz fraca.

No Mesmo Apartamento (Concluído/ Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora