Esperança.

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O fim de semana demorou uma eternidade para passar. Aristóteles me ligou várias vezes, sempre com uma proposta diferente e eu recusei todas. Estava literalmente curtindo o meu “momento melancolia”. Sair de casa e não ver nada que possa me fazer esquecer Rafaella seria perda de tempo e no meu quarto, eu podia chorar a vontade e ouvir aquelas músicas que a gente só lembra de escutar quando estamos realmente deprimidos.

Deitada na cama, com as cortinas fechadas, o ar condicionado gelando, tamanho era o calor que estava fazendo naquele dia, nem ouvi meu celular tocar. Depois de uns segundos, me dei conta dele.

— Alô? – perguntei afobada.

— Oi, Bia. – era Aristóteles do outro lado da linha – Como você está?

— Cara! Não tem nem cinco minutos que você ligou perguntando a mesma coisa.

— Estou preocupado contigo, não posso? Dá para sentir o cheiro do seu mau humor daqui, sabia?

— Desculpa, mas... Preciso da minha solidão, entende? – tentei procurar palavras para dizer à ele que o mesmo estava incomodando – Você tá me deixando maluca ligando toda hora. – falei já arrependida pela falta de jeito.

— Foi mal! – exclamou aborrecido – Bárbara tá aqui.

— Manda um beijo pra ela. – Bárbara era uma menina que eu costumava ficar de vez em quando. Nada sério, nada interessante.

— Devia esquecer a professora. – falou.

— Se fosse fácil, eu já tinha esquecido.

— Nunca te vi tão derrubada por uma mulher desse jeito.

— Nem eu pensei que uma mulher pudesse me deixar com tanta dor de cabeça desta maneira.

— Vou te deixar nessa solidão que você tanto tá curtindo. – respirou fundo – Te cuida, mana! – completou carinhoso.

— Hey! – falei – Não liga pro meu mau humor, tá? Eu te amo, Ari! Você é o irmão que eu não tive.

— Eu sei. – riu – Não ligo quando você dá esses ataques de grosseria. Já te conheço de longa data. Sua sinceridade não me assusta mais. Tchau!

— Tchau!

Desliguei o telefone. Acho que se ele quis fazer eu me sentir melhor, conseguiu. Pelo menos por cinco segundos. Depois, minha cabeça voltou a doer novamente e as lembranças de Rafaella voltaram ainda mais veementes. Podia sentir o gosto dos lábios dela, o cheiro gostoso que sua pele exalava, o seu corpo quente roçando no meu, desesperado por mais contato... Fiquei molhada, coloquei as mãos por dentro do short e comecei a me tocar pensando nela. Imaginei seus dedos dentro de mim, sua boca deslizando pela minha pele... Meus toques começaram a ficar mais acelerados e eu logo gozei. Abri os olhos e voltei pra minha realidade: ela não estava ali.

[...]

Segunda-feira...

Acordei cedo, na verdade, mal consegui pregar os olhos nesses últimos dias. Estava visivelmente abalada com a situação indefinida que ficara entre nós duas. Não conseguia me conformar com aquela rejeição. Precisava de mais tempo, tempo para fazê-la entender o que eu estava sentindo de verdade. Queria que ela visse meus sentimentos, não como o de uma adolescente inconsequente apaixonada, mas sim, o de alguém que a queria mais do que qualquer pessoa já quis um dia. 

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora