Cadê a conversa? III

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Rafaella saiu do quarto e encostou a porta. Vesti-me também às pressas. Não resisti, abri a porta silenciosamente, do mesmo jeito que fiz no quarto dos meus pais, lembram? Parei na beirinha da escada. Havia uma grade de madeira enorme que isolava a escada e quem estava na sala, não podia ver quem estava atrás da madeira maior que sustentava o corrimão. Sei que é horrível ouvir a conversa dos outros, mas sou curiosa e não iria resistir, ainda mais sendo uma conversa de Rafaella com o paspalho do Rodolffo. Abaixei-me um pouco mais e fiquei observando. Rafaella estava visivelmente aflita.

— Oi amor... – ele falou. Logo tentou dar um beijo nos lábios dela. Rafaella se esquivou – O que foi, Rafaella? – perguntou impaciente.

— Nada. D-dor... Dor de cabeça. – respondeu quase gaguejando.

— Você tem dor de cabeça todos os dias agora. Já foi ao médico?

— Vai passar. – lhe deu um beijo rápido nos lábios – Desculpa. – pediu.

Quase morri de raiva ao vê-la beijando ele. O ciúme faz isso com a gente. Nos provoca dor, uma dor insuportável, diga-se de passagem.

— Está certo... Vou tomar um banho e relaxar um pouco. – já ia caminhando para o quarto.

— NÃO! – ela gritou num impulso – Você não avisou que vinha. – baixou o tom de voz.

— Eu preciso avisar agora? – a olhou intrigado.

— Não é isso... É que hoje... Não estou bem... – passou as mãos pelo rosto, estava nervosa – Queria ficar sozinha, só isso.

— Poxa, Rafaella! – exclamou inconformado – Não estou te entendendo! Você não atende os meus telefonemas, não retorna os recados que deixo nessa droga de secretária eletrônica. Essas malditas dores de cabeça todos os dias, vive fugindo dos meus carinhos. Sem mencionar que está sempre cansada! O que está acontecendo? Me diz!

Vibrei ao ouvi-lo dizer aquilo tudo.

— N-não... Não é nada, Ro! – o olhou pensativa – Estresse, sei lá! Vai pra casa hoje, prometo que amanhã vou acordar melhor, e n-nós... Nós marcaremos um jantar, um cinema, qualquer coisa! O que você quiser, está bem?

“Lá vai ela enchendo os outros de promessas novamente.” – pensei e sorri.

— É só estresse mesmo, Rafaella? – perguntou ainda mais desconfiado.

Fiquei torcendo para que ela fosse honesta com ele. Meus olhos brilhavam de esperança.

“Diz, Rafaella! Termina com ele, meu amor!” – pedi ansiosa em meus pensamentos. Ela ficou olhando-o por alguns segundos. Aumentando assim a minha angústia.

— É só estresse. – respondeu abaixando os olhos – Amanhã estarei melhor.

— Então está bem. – havia uma expressão de alívio no seu rosto. Lhe deu um beijo rápido nos lábios. E logo foi conduzido até a porta por ela.

Não preciso nem dizer o quanto fiquei frustrada, não é? Voltei para o quarto. Sentei-me na cama. Não demorou para Rafaella voltar também. Ela entrou, encostou a porta e veio até onde eu estava. Soltou os cabelos e me abraçou com desejo, logo me beijou com paixão.

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora