Aulas.

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Cheguei no colégio um pouco atrasada. Confesso que quase desisti de ir no caminho, mas de qualquer forma, não dava para fugir por muito tempo daquele encontro mesmo. 

Não vi Rafaella quando cheguei, talvez por eu ter tomado algumas precauções. Não passei na sala dos professores muito menos nos corredores em que ela daria aulas. Hoje é Terça, né gente? De qualquer forma, teria que vê-la no último tempo. Não havia motivos para ficar esbarrando com ela pelos corredores.

Aula de Química...

Fiquei contando as horas para essa aula terminar. Professora Ivy até que é esforçada, mas tem uma voz irritante. Tão irritante quanto sua matéria. Sem contar que a turma faz a maior bagunça nas suas aulas. Ela não sabia mesmo como nos controlar. Eram bolinhas de papel pelo chão, um falatório infernal durante a explicação. Os mais “ousadinhos” levantando toda hora, indo ao banheiro sem permissão. Isso quando não “cabulavam” a aula dela mesmo. E ela? Coitada! Se descabelava lá na frente, falando alto, batendo no quadro. Até que havia uns poucos interessados. Os alunos da primeira fileira.

Bom, as vezes era preciso chamar o diretor para vir até a sala conter os engraçadinhos que prejudicavam o bom andamento da aula. Aí era uma chuva de suspensões e detenções na secretaria. Todo mundo pro cárcere! Vida bandida, né? Só para deixar claro, eu não fazia parte do grupo dos “engraçadinhos”, mas também não incorporava o grupo dos “interessados”. Preferia ficar no grupo dos “desligados” mesmo. Que grupo é esse? Aqueles que não bagunçam, ficam “viajando” o tempo todo através da janela, não aprendem nada da matéria e por isso, passam sempre raspando no final do ano. Já Aristóteles era integrante do grupo dos “interessados” e eu sempre colava dele em Química... Ah! Também em Português, História, Geografia e... Deixa eu lembrar... Filosofia! Sim, Filosofia. Espera! Excluam Geografia, esse ano ainda não precisei colar em Geografia.

A aula terminou com a suspensão do Petrix, Guilherme e Hadson na secretaria. 

Aula de Português...

Professora Thelma era amável com os alunos, mas tinha pulso firme. Quando alguém passava dos limites, ela tirava logo um ponto e ninguém queria perder nenhum ponto e correr o risco de ficar reprovado no fim do ano. Claro! Tira um pontinho aqui, outro ali... Quando vê, reprovado! Ela literalmente não tinha pena de reprovar ninguém.

A aula correu tranquila. Muita matéria foi passada. Isso também fazia com que os alunos não tivessem tempo para nenhuma conversa paralela. No entanto, eu tinha tempo. Tive tempo de ficar remoendo toda aquela tristeza que estava dentro de mim. Pensei nas palavras de Rafaella, nas vezes que fizemos amor. Meu coração ficava tão apertadinho. Nessas horas, meus olhos começavam a ficar vermelhos e batia a maior vontade de chorar de novo. Não chorei! Segurei ao máximo.

No final da aula, todos nós estávamos saindo para o recreio. Professora Thelma me chamou na sua mesa.

“Lá vem sermão!” – pensei.

Quem deve, teme, né? Não fiz nada a aula toda, quer dizer, fiz sim. Pensei em Rafaella o tempo inteiro. Podem dizer, sou uma idiota! Como vou esquecê-la se não consigo pensar noutra coisa?

— Podemos conversar um minuto? – ela perguntou com um sorriso acolhedor nos lábios.

— Algum problema, professora? – perguntinha besta! Claro que tinha um problema.

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora