Suddenly It's Love | História Rabia.

Um sonho II

Foi horrível, podem apostar. Ele ficou parado olhando com aquela cara de: “entrei na casa errada”. Nós tentávamos nos cobrir às pressas. Pensei que Rafaella fosse desmaiar, sei lá! Ela ficou pálida na hora, suas mãos geladas. Se enrolou num lençol, eu fiz o mesmo, puxei o lençol que cobria a cama. Não tinha outro mais a mão, cara! Que cara era aquela? Já viram um homem chorar? Acho que ele nem percebeu que estava chorando. 

— Ro... Eu... Eu... – ela passava as mãos na cabeça, estava assustada, não tinha o que dizer.

— Eu voltei antes. Estava... Estava com... Saudades... – gaguejou. Olhou para mim, como se perguntasse alguma coisa – Não... Não dá para acreditar! – exclamou inconformado.

— Eu ia contar. – Rafaella – Eu ia conversar contigo amanhã, mas...

— Você está me trocando por uma mulher? Quer dizer, por uma criança? 

— Eu não sou criança, cara! – respondi furiosa, ele tocou num assunto delicado para mim.

Rafaella me olhou, acho que ela pediu silêncio. Eu respeitei. Ele ficou alguns minutos quieto, olhando tudo a nossa volta, passava um pouco pela porta, entrando no quarto, depois ele retornava para trás. Estava perdido. A ficha devia estar caindo. 

— Olha, Rafaella, você tinha mudado. Eu pensei que...

— Rodolffo, desculpa, mas eu nunca mudei. Eu me anulei, é diferente.

— MAS QUE MERDA! ELA É UMA MENINA! – gritou.

Rafaella começou a chorar, sentou-se na cama, eu a abracei. Foda-se se ele estava ali! Foda-se pra ele, não pra vocês. Ela estava chorando e eu não queria que ela sofresse, eu sofria junto, como se fossemos uma só pessoa. 

— Não fica assim... – falei no seu ouvido – Ele tá errado, eu não sou criança, sei muito bem o que faço. E eu preciso de você, lembra?

Rafaella olhou nos meus olhos, passou a mão no meu rosto.

— Vai pra casa, Bia. – pediu com a voz doce – Eu preciso conversar com ele.

— Eu não vou te deixar com esse louco! – acho que ele ouviu.

— Louco, eu? Sua pirralha! – exclamou furioso – A Rafaella quem é louca. Desistir de uma vida tranquila e segura ao meu lado. Seu pai sabe disso, amorzinho? – perguntou – Seus pais sabem, menina? – perguntou alterado – Vai perder seu emprego como da última vez...

— Cala a boca, seu idiota! – exclamei satisfeita. Sempre tive vontade de chamá-lo de “idiota” – Ela não vai perder nada. Acha que Rafaella tá perdendo alguma coisa deixando de se casar contigo? Se liga, ela não te ama!

— Chega, vocês dois! – Rafaella interveio – Bia, vai pra casa...

— Mas...

— Hey, vai pra casa. Suas roupas estão na secadora, seu celular tá em cima da mesa da cozinha. Fica com ele, vou te ligar quando as coisas melhorarem.

— Pensei que tinha estragado... O celular... 

— Tá funcionando. Incrível, mas tá funcionando. – beijou meu rosto – Vou resolver tudo, não fica com medo.

— Ele tá te ameaçando... – falei baixinho.

— Vai ficar tudo bem, pode ir. – me abraçou – Ele não vai fazer nada.