Cheguei em casa deveras preocupada. Passei pela sala, nem vi minha mãe, na verdade, nem sei se ela estava por ali. Entrei batendo a porta, correndo pro quarto. Coloquei o telefone em cima da cama com cuidado. Sentei-me ao seu lado, fiquei olhando-o como se fosse um santo. Tenho uma tia que olha para os santinhos da igreja desta forma, como se eles fossem descer do altar e resolver os problemas dela. Meia hora naquele ritual de adoração, enfim o dito cujo toca.
— Alô? – perguntei.
— SUA CACHORRA! – gritou do outro lado da linha – Cara! Estou o dia todo com isso engasgado na garganta. Como você teve coragem de me abandonar no dia do meu aniversário?
— Ari, dá um tempo, tá? – pedi.
— Feio, muito feio o que você fez. Não vou te perdoar, sua traíra.
— Cara, escuta! – pedi firme – Minha cabeça tá fervendo, estou com um problemão. Alivia aí, vai?
— Tá, mas o que houve? – perguntou interessado.
— Passei a noite com a Rafaella. Foi maravilhoso, mas... – pensei por um instante – O Rodolffo chegou e nos pegou na cama. – depois que disse isso, me joguei numa poltroninha que tinha no meu quarto. Silêncio do outro lado da linha – Você tá me ouvindo? Ar...
— Estou. – respondeu – É que... Nossa! Fiquei imaginando se eu pego a Dan na cama com uma mulher, eu acho que... Matava! – exclamou e logo ficou em silêncio.
— Ai meu Deus! Pra que tu foi me falar isso? – respirei fundo – Eu não devia ter vindo embora.
— Fica calma, Bia! Mas ele pegou como? Na hora “H” mesmo? – perguntou curioso.
— Sim. Com a boca lá...
— Você não devia ter deixado ela sozinha.
— Muito amigo você. – ironizei – Manda eu ficar calma e depois mete uma dessa?
— Ele não iria chegar só amanhã?
— Rafaella garantiu que ia, mas o idiota voltou antes.
— Então o noivado acabou! Isso é bom pra você.
— O noivado acabou, mas olha como foi acabar? Ela queria contar pra ele de outra forma, né?
— Amiga, se precisar de alguma coisa, sabe que pode contar comigo.
— Valeu, cara! – desliguei. Estava sem vontade de conversar.
Logo que desliguei o telefone, percebi que eu não estava mais sozinha dentro do quarto. Minha mãe estava parada na porta. Pela cara, ouviu toda a conversa.
— Minha filha! – exclamou atônita – O que... O que você está aprontando desta vez?
— Eu? Nada, oras!
— Quem é Rafaella? Essa menina é noiva? Ele pegou vocês? Você não namora a prima do Aristóteles?
Gente! Minha mãe perguntando tudo aquilo? Estávamos começando uma conversa sobre a minha vida, é isso?
— Senta aqui, mãe... – pedi – Tem muita coisa que a senhora não sabe, mas também porque nunca quis saber, né?
Ela se sentou, segurou minhas mãos. Isso mesmo! Estava com cara de mãe, sabem? Preocupada, atenciosa.
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Suddenly It's Love | História Rabia.
RomanceJá passou pela sua mente algum dia se apaixonar por algum professor? Ou melhor, professora? Não, verdade? Pois é, Bianca também pensava assim até se ver perdidamente apaixonada por sua professora substituta de Matemática, Rafaella. Será que a difere...