Depois da festa.

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Depois que a festa acabou, o pai de Aristóteles veio nos buscar. Ontem mesmo combinei com ele que dormiria na sua casa hoje. Fazíamos isso com mais frequência antes de Rafaella surgir na minha vida, hoje, porém, não estava me sentindo bem para ficar sozinha na escuridão do meu quarto. É estranho, por mais cansada que eu estivesse, deitava na cama, mas não conseguia pregar os olhos. Pensei que dormir fora ao menos naquela noite me faria bem. Porque pessoas deprimidas ficam tão dramáticas?

Chegamos no apartamento de Ar depois de uma da manhã. Eu e Mariana ficamos conversando no quarto de Aristóteles enquanto ele fora tomar banho. Na verdade, ficamos quase dez minutos uma olhando para cara da outra sem dizermos uma só palavra. Mariana andava pelo quarto, mexia nos porta-retratos que ficavam na mesa do computador de Ari até que...

— Posso te fazer uma pergunta? – virou-se na minha direção, pois quando mexia nos porta-retratos, estava de costas para mim.

— Pode sim.

— Não acha que a diferença de idade entre vocês é muito grande? – tenho que admitir, ela era uma pessoa bem direta. Fitei-a intrigada.

— O que o Ari te disse?

— Nada. – sorriu com aquele ar de superioridade que as garotas mais velhas gostam de exibir – Quando você olhou pra sua professora, percebi na hora. – completou.

— Muito esperta. – ri irônica e desconfortável com o rumo que aquela conversa estava tomando – Descobriu o meu segredo. E, respondendo a sua pergunta, ela não é tão mais velha do que eu.

— Quer saber meu segredo?

 “Não!” – pensei. Tive até medo de olhar para ela.

— O Ar gosta muito de você, sabia? Estava ansioso com a sua chegada. Falou em você a semana inteira. – falei. Embora estivesse mentindo, não me lembro de tê-lo ouvido falar dela tanto assim.

Mariana sorriu. Ficou me olhando por quase um minuto.

— Meu primo é muito novo pra mim. – ela falou ainda sorrindo. Sabe quando alguém sorri com aquela carinha de quem quer perguntar: Você não entendeu ou está me enrolando?

— Ele tem dezessete anos, você vinte e um. A diferença não é tão grande, e mesmo que fosse, qual seria o problema?

— Não teria problema algum se... Se fosse você ao invés dele. – respondeu e logo se sentou ao meu lado na cama – Os garotos nessa idade são muito bobos, acho que as meninas amadurecem mais rápido, e também, para ser mais clara, não me interesso muito pelos garotos.

Eu não acreditava que estava ouvindo tudo aquilo.

“Cadê o Aristóteles? Parece uma mulherzinha! Demora horas tomando banho!” – pensei.

Me levantei, ela estava muito perto e vocês podem me chamar de idiota, mas não costumo ser desleal com meus amigos. Sim, porque mesmo estando apaixonada por Rafaella, Mariana era bem bonita e atraente. Não me venham também com essa história de que quem ama não consegue sentir atração por outras pessoas, isso é mentira! No entanto, para ser sincera, o que eu senti por ela naquele momento foi aflição. Isso! Ela me deixava aflita! Afastei as cortinas e pude ver através da janela. Estávamos no sexto andar. Olhando da janela do quarto de Aristóteles, podia ver os carros pequenos lá embaixo. Como a rua estava movimentada àquela hora da manhã.

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora