A festa II

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Eu estava sem vontade de conversar, a música alta, o tumulto perto de mim, foi me causando aflição. Olhava para os lados, ansiosa, com medo de ver Rafaella chegar com o Rodolffo. Uma sensação horrível, daquelas que nos deixa quase sem ar.

— Vem cá! – Mariana saiu me puxando para encostar nas grades que isolavam a piscina – Tá se sentindo bem?

— Não gosto muito de tumulto, só isso. – meus ouvidos agradeceram.

— Desistiu da Coca-Cola com gelo e limão?

— Eu estava brincando, estou sem sede. – tudo o que eu menos queria naquele momento era conversar.

— E então? Me diz o que tem de bom para se fazer aqui no Rio?

“Tem certeza que você quer saber? Ir à casa da Rafaella, droga!” – pensei.

— Não curto muito a noite, se é o que quer saber. – respondi inexpressiva, quem sabe assim ela parava de puxar conversa.

— Não gosta de balada? – fitou-me quase que horrorizada. Será que eu tinha dito algo anormal?

— Balada? – perguntei – Não, não gosto de ir pra Night. – respondi indiferente. Nesse momento, percebi o quanto estava sendo injusta com aquela menina. Me policiando, nem dava uma oportunidade de saber se ela era uma pessoa legal. Senti vergonha de mim mesma. Afinal de contas, ela não tinha culpa de nada. E ainda era prima do meu melhor amigo, eu devia estar tratando-a melhor.

— Não está muito a fim de papo, não é?

— Desculpa, estou com uns problemas... – sorri pelo canto da boca, aquele sorrisinho sem graça. – Me conta, como é morar em Sampa?

— Lá é bom, as noites são bem agitadas, não tem praias lindas como aqui, mas... Pizzarias, bares, restaurantes, muitas boates... 

Ela falava sem parar, isso me fez até rir e não era um sorriso desses amarelos, não. Mariana era engraçada, tinha um sotaque bem paulistinha mesmo e eu nem preciso dizer o quanto gosto de pessoas diferentes. Engraçado, às vezes somos tão tolos, não nos permitimos gostar das pessoas, fazemos julgamentos precipitados e perdemos a oportunidade, talvez única, de conhecermos pessoas maravilhosas. Mariana ganhou a minha simpatia. Nem percebemos que Bárbara e Aristóteles estavam nos procurando. 

— Caramba! – Ari exclamou – Vocês sumiram.

— Sua amiga é muito divertida, primo. – Mariana falou animada.

— Sei... Passou o mau-humor? – fitou-me aborrecido, enciumado para ser mais exata – Sabe quem acabou de chegar? – perguntou irônico.

— Quem? – meu coração disparou na hora e eu nem precisava fazer aquela pergunta, a resposta estava a caminho. Atrás da piscina tinha um outro salão no qual os professores estavam reunidos. A música era menos barulhenta e tinham mesas exclusivas para eles e seus convidados. Aqui fora, era a turma da bagunça mesmo, o lugar reservado para os estudantes se divertirem.

Rafaella estava linda! Usava um vestidinho branco de alças que valorizava demais a cor da sua pele, seus cabelos estavam soltos, dando um ar selvagem. Simples e perfeita! Alguns minutos atrás estava recriminando o Aristóteles por estar babando pela Mariana, e no entanto, o que eu estava fazendo pela Rafaella? Acho que não ficava muito longe disso.

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora