Explicação.

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Eu iria atender o telefone, isso se ele não tivesse parado de tocar. Mariana não me perguntou mais nada sobre o “telefonema misterioso”. Eu também não quis entrar em detalhes com relação às mentiras que eu havia dito. Não entendi sua atitude, se fosse eu, iria querer explicações, mas agradeci aos céus por ela não ser eu.

Já eram oito e meia quando cheguei na casa de Aristóteles com Mariana. Os dois insistiram para que eu dormisse lá, mas tudo o que eu queria era correr para a casa de Rafaella e ficar com ela o resto da noite. Ficar com ela na manhã seguinte e todos os outros dias que estavam por vir.

Dez e meia. Essa foi a hora que consegui sair da casa de Ari. Quase onze horas cheguei na casa de Rafaella. Luzes apagadas. Toquei a campainha várias vezes, liguei para o telefone da casa dela. Chamava, mas ninguém atendia. Tentei o celular. Estava desligado desde a hora que sai da casa do Aristóteles. Me sentei na calçada. Mãos nos joelhos. Onze e vinte. Nada de Rafaella chegar. Meia noite. Nada de Rafaella chegar. Uma e quinze o meu celular tocou. Número privado? Não! Lá de casa.

— Oi. – atendi decepcionada.

— BIANCA, ONDE VOCÊ ESTÁ? – minha mãe perguntou aos berros, isso já estava virando rotina – Liguei para a casa do Aristóteles e ele disse que você já havia saído de lá horas atrás! –continuou brava, mas não aos berros.

— Relaxa, mãe. – respondi tranquila embora angustiada pela falta de notícias de Rafaella. Parei para pensar um minuto. Será que foi isso que minha mãe sentiu quando tentou falar comigo naquela noite que fui para a Lapa sem avisar? Horrível tentar falar com alguém e não conseguir – Já estou indo para casa. – me levantei da calçada.

[...]

Meia hora depois eu já estava em casa. Passei pelo quarto dos meus pais, as luzes estavam acesas ainda. Bati na porta devagarinho. Não entrei.

— Cheguei! – falei e fui para o meu quarto. Olhei para trás e as luzes do quarto deles foram apagadas. Preocupados de verdade? Quem sabe.

Ainda tentei ligar para Rafaella umas dez vezes. Na sua casa não atendia. O celular continuava desligado. “Onde será que ela se meteu?” – pensei – Com o Rodolffo ela não podia estar. Ele havia viajado, ela mesma quem disse.

Eu estava quase adormecendo quando o telefone tocou. Ele estava embaixo do meu travesseiro, tomei um susto, mas atendi rapidinho. Nem vi o número no visor.

— Alô? – perguntei.

— Oi, Bia... Te acordei?

Olhei o relógio pendurado na parede, em seguida para a janela, as cortinas estavam abertas. Seis e meia da manhã. O sol já iluminava o dia. Sabe quando você tem aquela sensação de que não dormiu e que as horas não passaram?

— Não, Ari. – me levantei – Já vou levantar para tomar um banho e me arrumar pro colégio.

— Fiquei preocupado contigo. Sua mãe ligou, estava te procurando. Bom, tentei te ligar, mas só dava ocupado.

— É uma longa história, Ar. – falei.

— Você estava com a professora Rafaella? Pode falar, não conto pra Mariana.

— Não, não estava com a Rafaella. – bom, não menti pra ele, não é mesmo?

— Não se atrasa, está bem?

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora