De volta para casa.

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Já passava das duas da manhã quando pagamos a conta e nos levantamos para irmos embora. Fomos até a mesa onde estavam os professores e nos despedimos. Abusados? Não! Educados, não acham? A ideia foi do Aristóteles, por mim, teria ido embora sem falar com ninguém.

Professora Thelma perguntou se alguém viria nos buscar. Dissemos que o pai de Ari viria. Constrangedor isso. O pai vir buscar. Adoro a Professora Thelma, mas ela tinha que nos tratar como crianças na frente da Rafaella? Isso me irritou. Seu excesso de zelo me irritou. Nem minha mãe fazia tantas recomendações, na verdade, minha mãe não fazia quase nenhuma.

— Olha, cuidado ao saírem daqui. Olhem para os lados, está bem? – ela falou – Seu pai vem mesmo, Aristóteles? Meu Deus! Isso não é hora de vocês chegarem em casa. Quero vê-los na minha aula amanhã, hein? – completou e sorriu.

“Que saco!” – pensei.

— Não se preocupe, professora, chegaremos bem em casa. – falei com uma simpatia forçada.

Rafaella estava visivelmente incomodada. Sabem que achei graça disso? Do que ela tinha tanto medo? Era só um “Até logo”, nada mais. Ela não sabia onde pôr às mãos. Mexia nos cabelos, apoiava na mesa, ajeitava o copo, mexia no guardanapo. Eu ri do seu constrangimento meio infundado, concordam? Dei o último “Tchau” para todos.

Ah, O pior vocês não sabem! Eu conto: o idiota do Rodolffo estava bêbado! Imaginem um idiota bêbado? Isso mesmo! Ele nem é tão idiota assim, vai se casar com Rafaella, não vai? Eu que estou sem ela, então, isso me leva a deduzir que a idiota sou eu.

— Porque não te vejo mais na casa da Rafaella? – ele perguntou – Acabaram as aulas particulares?

“Simples, cara! Você não me viu da última vez porque não saí do quarto.” – pensei, quase sorri.

— Não estou mais precisando de aulas particulares. – respondi olhando para Rafaella. Ela me fuzilava com o olhar e isso me dava forças para encará-la ainda mais.

Nos despedimos pela milésima vez. Desta vez saímos do bar. Nos distanciamos um pouco da multidão. Quase três da manhã e a rua ainda estava lotada. Dia de semana, hein? Ari ligava para sua casa. Chamava... Chamava... Ninguém atendia. Ligou para o celular do seu pai. Desligado, fora de área.

— Que droga! – Ar exclamou frustrado.

— Bem feito! – falei – Eu queria ir embora, mas vocês ficaram de fogo.

— Não começa, Bia! – ele estava nervoso – Meu pai deve ter ido na casa da namorada. Não avisei que iria chegar tarde, ele deve achar que estou dormindo. O que vamos fazer?

— Pegar um táxi, oras! – Mariana respondeu.

— Viu, cabeção? – sorri – Sua prima é prática.

Ficamos quase dez minutos no ponto de táxi. Era um ponto de táxi, onde será que eles estavam?

— Meu Deus, não tem táxi nesse Rio de Janeiro? – Mariana perguntou irônica.

Aristóteles estava sentado numa pilastra de concreto, se virou, olhou para mim com aquela cara: “Digo eu ou diz você?”. Conhecem essa cara?

— Paulista adora “malhar” o Rio, né? – ele perguntou com sorriso amarelo nos lábios – Nunca deixa passar uma oportunidade, por menor que seja. Não se divertiu? Então, tá reclamando de que?

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora