Coragem.

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Ela desceu do carro. Entramos na minha casa. Meu pai e minha mãe estavam sentados no mesmo sofá. Quando nós passamos pela porta, os dois levantaram ao mesmo tempo. Que momento era aquele? Alguém tem uma sugestão? Enchi os pulmões de ar.

- Pai, mãe... Esta é a Rafaella. - falei.

Os dois ficaram olhando Rafaella, analisando-a para ser mais exata. Rafaella abaixou a cabeça envergonhada. Não gostei daquele gesto covarde, ela havia sido tão corajosa diante do Rofolffo, porque iria fraquejar agora? Levantei o queixo dela, depois segurei sua mão.

- Boa noite! - falou tímida.

- Boa noite! - meus pais responderam ao mesmo tempo.

- Aceita um café? Uma água? - minha mãe perguntou tentando manter a naturalidade embora estivesse deveras constrangida. Admirei isso nela. Nas últimas horas ela era toda surpresas. Meu pai, ah! Ele era mais resistente.

- Não, obrigada. - Rafaella respondeu com a voz trêmula.

- Sente-se! - meu pai apontou a poltrona. Nos sentamos os quatro.

- O seu... O seu noivo... Ele... Está mais calmo? - minha mãe perguntou. Ela estava falante hoje, perceberam?

Nessa hora, Rafaella me olhou quase desacreditada, ou melhor, com aquela cara de quem diz: "Você contou?".

- Bom, ele não reagiu muito bem, mas... A minha decisão já estava tomada e... Diante das circunstâncias, o pior que pode acontecer é o meu pai ficar sabendo de tudo. - respirou fundo. Mãos geladas.

- O seu pai é contra? - meu pai quem comandava o interrogatório - Está dizendo que ele ainda não sabe sobre você?

- Na verdade, senhor...

- Marcos. - meu pai falou.

- Senhor Marcos, há alguns anos atrás, quando meu pai tomou conhecimento a respeito da minha... - me olhou por um instante e sorriu pelo cantinho da boca - Da minha "condição sexual"... - falou firme - Ele reagiu muito mal, houveram muitas discussões entre nós... A ponto de eu ser expulsa de casa. - meu pai a olhava pensativo - Nesse tempo, eu conheci o Rodolffo, meu ex-noivo... - me olhou novamente. Ela frisou o "ex-noivo". Nossos olhares estavam tão conectados - Eu me anulei, senhor Marcos e... Quando conheci a filha de vocês, foi como voltar pra vida. - respirou fundo, estava buscando coragem para continuar aquela conversa - Eu lutei contra, claro! Ela é uma menina de dezessete anos. Mas não consegui lutar por muito tempo, foi mais forte. Resumindo: eu amo a filha de vocês! - concluiu.

- Quantos anos você tem, moça? - ele ainda estava sério.

- Sua filha me provou por A+B que isso não fará a mínima diferença. Tenho vinte sete anos. - respondeu.

- Pai, não complica! Nós nos amamos, isso que importa.

Ele se levantou, nos levantamos também.

- Bom... - suspense, ele adora isso. Uns minutinhos nos olhando com aquela cara de bravo - Espero que você consiga mantê-la longe de encrencas. - estendeu a mão em direção a Rafaella. Ela sorriu e logo estendeu a dela, eles apertaram as mãos. Eu sorri. Estava explodindo de felicidade. Quem diria, hein? Aquele pai coração de pedra. Posso considerar isso como uma prova de amor? Tão bom não se sentir rejeitada pelos próprios pais.

- Pode deixar. - ela ainda estava tímida - A filha de vocês vale ouro.

Ah, eu não merecia ouvir isso! Respirei fundo, aliviada, né? Enfim, um problema resolvido. Meu pai me olhou.

- Bia, essa moça é lin...

- Para, pai! É minha namorada! - exclamei sorrindo.

Minha mãe deu um abraço em Rafaella. Ela ficou sem ação, coitadinha, não esperava uma sogra carinhosa.

- É nossa única filha... - falou - Não faça o nosso bebê sofrer.

- Mãe, isso é coisa que se diga? - nossos pais têm essa mania, né? Nos matar de vergonha.

Puxei Rafaella pelas mãos.

- Vem.... - pedi - Quero te mostrar uma coisa.

Entramos no meu quarto, fechei a porta.

- Esse é o último lugar que eu pensei entrar um dia na minha vida. - ela falou - O que você tem para me mostrar?

- Isso. - segurei seu rosto com as duas mãos e a beijei demoradamente.

- Aqui não, Bia! Respeita os seus pais. - falou enquanto nos beijávamos. Já estava encostando-a na parede do quarto - Pega sua roupa de escola. Vamos para minha casa. Acho que seus pais não vão se importar.

Tá, a sugestão era boa, mas quem disse que eu conseguia parar de beijá-la? Minhas mãos passeavam por baixo da sua blusa. Ela tentava se esquivar. Lutava contra o calor que vinha do seu corpo.

- Só um pouquinho... - sussurrei no seu ouvido.

- Não! - ela me empurrou - Não abusa da compreensão deles, menina!

Podem falar! Somos perfeitas, ela a razão, eu o coração. Diferentes demais. Acho que é essa diferença que irá nos unir, posso tentar trazê-la para o meu mundo e tentar conviver com o mundo dela. Vai que gostamos dessa troca? A diferença une por isso. Sempre teremos algo para oferecer uma para a outra.

- Tá bom, tá bom... - abri uma gaveta, peguei umas roupas e coloquei na mochila - Vamos logo! Te quero muito.

- Teremos tempo, muito tempo. - sorriu.

Não teve mesmo repreensão por parte dos meus pais, na verdade, acho que eles até gostaram da ideia de saber onde me encontrar sempre que precisasse. Sim, Rafaella fez questão de deixar o endereço da sua casa e todos os telefones de contato.

[...]

Rafaella nem colocou o carro na garagem, entramos na casa e não deu tempo nem de irmos para o quarto. Para ser mais exata, antes de entrarmos na varanda, já estávamos quase nuas. Entramos na sala caindo pelo sofá, no minuto seguinte rolamos para o tapete. Fazendo amor. Rafaella me sugava sem pressa, sem medo. Me penetrava e gemia. Eu também gemia, oras! Me deitei sobre seu corpo, comecei a sugar seu sexo com vontade. Ela cravava suas unhas na minha pele, arranhava minhas costas, eu ficava louca. Ela gozava na minha boca, nos meus dedos que a penetravam com carinho e com fervor. Nos amamos por horas.

O despertador tocou. Tomamos banho juntas. E óbvio, fomos juntas para a escola. Ninguém nos viu chegando juntas. Eu desci uma esquina antes do colégio para não levantar suspeitas. Nos encontramos no corredor, mas estava estranho. Nós passávamos e as pessoas olhavam. Olhavam, cochichavam, sabem como? Até que ouvimos um comentário:

- Que pouca vergonha! - uma menina exclamou, devia ser da minha idade. Eu iria tirar satisfações, mas Rafaella segurou meu braço impedindo minha dispersão. Nessa hora, Aristóteles veio até nós, estava com uma cara. Ele me abraçou.

- Fica calma, amiga... - pediu.

- O que tá acontecendo? - acho que Rafaella também queria fazer aquela pergunta.

A professora Thelma também apareceu nessa hora. Segurou nas mãos de Rafaella.

- Vamos até a secretaria. - pediu calma.

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Dias de glória, dias de luta

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora