Arcos da Lapa.

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Saímos do shopping onze horas da noite. Nós descemos no centro do Rio. 

— Eu não vou. – falei segura.

— Poxa, Bia! Queria tanto conhecer... – Mariana falou.

— É, Bia! Não precisamos demorar. Depois eu ligo pro meu pai e ele busca a gente. – Ar completou.

— Circo voador. Asa Branca. Arcos da Lapa! – Mariana exclamou com brilho nos olhos – Vamos? Vamos?

— Vão vocês. Eu vou pra casa. – respondi convicta.

Tive vontade de esganar o Aristóteles por tamanha insistência. Vocês ligaram o nome ao lugar? “Bares da Lapa”. Exatamente! Os professores do colégio estariam lá. Rafaella estaria lá. Pra que estragar um dia que havia sido tão bom?

— Me dê um bom motivo para você não querer ir, Bia? – Mariana pediu cruzando os braços.

— A Rafaella vai estar lá com os professores do colégio. – respondi num impulso. Bom, vocês viram? Eu tentei não dizer.

Mariana engoliu a seco. Aristóteles me olhou mais compreensivo desta vez.

— Tem tantos bares lá, dificilmente iremos encontrá-los. – Ari falou.

— O problema é que não sei em qual deles os professores estarão.

— Não pode deixar de ir em um lugar por causa dela! – Mariana exclamou um pouco indignada.

Pensei por alguns segundos.

— Poxa! Vocês querem tanto ir lá?

— Queremos! – os dois responderam ao mesmo tempo.

— Tá! Sou voto vencido mesmo.

Os dois beijaram um de cada lado o meu rosto e fizeram a maior algazarra pelo caminho. Eu? Bom, eu parecia que estava indo pro matadouro. Mas Ari tinha razão.

Entramos na Rua Joaquim Silva e só por muito azar, entraríamos justamente no bar onde os professores do colégio estariam. Muita gente na rua, pessoas sorrindo, namorando. Alguns curtindo Funk, outros Pagode, Forró, Hip Hop. Toca de tudo nesse lugar, vários bares. Até no final da rua. Entramos em um que tinha show ao vivo. Ouvimos os aplausos e fomos atraídos para lá. Logo a moça começou a dedilhar novamente no violão. As pessoas começaram a assoviar com a introdução da música. Algumas se levantaram de suas cadeiras. Nessa hora eu olhei para uma mesa mais ao fundo e vi os professores do colégio.

“Falta de sorte!” – pensei. Rafaella estava de frente para mim. Imaginem a cena: Eu entrei, a música começou a tocar. Eu olhei para ela, ela olhou para mim, ao mesmo tempo, entendem? Rafaella abaixou o copo que estava levando até a boca e ficou quase hipnotizada. Eu também, digo, hipnotizada também, ainda não tinha copo nas minhas mãos. Ficamos assim, nos olhando até a música terminar, como se não houvesse mais ninguém a nossa volta. E a música? Bem, tirem suas próprias conclusões:

“Eu tava aqui tentando não pensar no seu sorriso

Mas me peguei sonhando com sua voz ao pé do ouvido e te liguei.

Me encontro tão ferida

Mas te vejo aí também em carne viva, será que não tem jeito?

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora