Na boate...

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Não vi Mariana naquela sexta, me deitei cedo. Para variar, fiquei pensando na conversa com Rafaella. Eu não tinha vontade de fazer mais nada, se eu pudesse, não sairia mais de casa, mais precisamente do quarto. Isso é depressão? É muito ruim.

Às sete da manhã de sábado, liguei para o Ari. Para que? Poxa, vocês esqueceram? Aniversário do meu irmãozinho. Acho que fui a primeira a lhe desejar felicidades.

Querem saber como foi o meu dia? Não foi grande coisa, fiquei em casa toda a manhã. À tarde? Ah, a tarde também.

Nove horas da noite o Aristóteles me ligou para lembrar o horário que eu teria que estar na casa dele. Eu ainda estava deitada na cama, nem tinha separado a roupa que iria usar. Me levantei, Ari não tinha culpa pela minha falta de sorte. Falta de sorte sim! Tanta mulher no mundo e eu fui gostar da mais complicada de todas, a mais medrosa também, diga-se de passagem.

Bom, mais uma vez eu estava num daqueles dias que nenhuma roupa cai bem. Desisti de brigar com o espelho. Coloquei uma calça jeans, blusa preta de alças bem fininhas, tecido leve.

— Que cidade quente! – falei. Ouvi um barulho na janela e fui ver o que era. Era chuva! – Muito bom. Só me faltava essa. – dissipava de vez o pouco ânimo que me movia. Liguei pro Ar, seria uma boa desculpa para não ir, não acham? Eles se divertiriam mais sem mim. Não consigo fingir que estou bem se eu não estiver. Ari atendeu.

— Oi, Ar. – falei – Tá chovendo, já viu?

— Bia, pega um táxi, pede pro seu pai te trazer ou simplesmente abre um guarda-chuva, mas vem, ok? – ele estava nervoso.

— Estou chegando. – respondi e desliguei. Me olhei novamente no espelho. Continuo péssima!

A chuva deu uma trégua na hora que saí de casa. Chegamos pontualmente às onze horas. Querem saber como é a namoradinha do Aristóteles? Linda! Típica “Patricinha”, sabem? Quinze anos, loira, olhinhos azuis, pele bronzeada de praia, fresca e fútil como a maioria. Voz irritante! Jeito de menina mimada que tem tudo o que quer, e o pior, a hora que quer. Mas antes de condenar a menina, lembrem-se de que meu estado de espírito não está muito bom e também, é válido dizer que ela olhou para o Ari com aqueles olhinhos radiantes de quem está apaixonada, isso de certa forma, fez com que eu repensasse os meus conceitos a seu respeito.

Fomos todos devidamente apresentados e entramos na boate. Tão fácil quanto roubar doce de criancinhas. Havia um segurança de terno preto parado na portaria, rádio comunicador nas mãos. Dava medo só de olhar aquela cara de homem mau. Ele pedia a Identidade das pessoas, examinava e indicava um local para a revista. Nós não passamos por nenhum desses procedimentos. Daniela, ou melhor; Dan, sorriu para o segurança, disse que estávamos com ela e pronto! Entramos.

O lugar era realmente fascinante. Logo que passamos pela porta que separava a portaria do primeiro ambiente, uma luz branca veio em nossa direção, na verdade, era um holofote que ficava direcionado para a porta. Não dava para ver quase nada, apenas víamos às pessoas dançando ao som de música eletrônica. Era uma mistura tão grande de luzes, chegava a ser engraçado, num minuto estávamos verdes, no outro amarelo, vermelho, azul. No fim, não sabíamos sequer a cor da roupa que havíamos vestido.

Ao lado da porta ficava o bar, enorme! Vários barmens e bargirls fazendo os drinks no ritmo da música, era um show de sensualidade, agilidade, alegria e precisão. Na frente do bar, ficava a cabine do DJ, o que mais me chamou a atenção foi aquela cabine. Era suspensa, como se flutuasse no meio do salão e acima dela, havia um aquário gigantesco com dois filhotes de tubarão. Fiquei me perguntando se isto não seria proibido. Bom, a verdade é que eu nunca tinha visto nada tão assustador e fascinante ao mesmo tempo. Eu ainda estava no meu “momento admiração” quando Mariana me puxou para o meio da pista de dança. Ela sabia dançar, eu não! Nos beijamos algumas vezes no meio da multidão. Nessas horas, percebi que Mariana estava chamando a atenção de muitas meninas perto de nós. E ela perdendo tempo comigo.

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora