Feliz aniversário I

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Na Quarta-feira só vi Rafaella quando cheguei no colégio. Ela estava na sala dos professores. Não nos falamos, apenas aquela troca de olhares maliciosos. Divertido isso, subia um calor pelas pernas.

À tarde, Ari me chamou para ir na sua casa, mas estava sem jeito de olhar para Mariana, e essa, estava meio atravessada comigo desde domingo. Ela também era uma garota muito sincera e não fazia questão de esconder sua frustração. Resultado: fui para casa aproveitar o meu “momento melancolia”, esse vocês já conhecem, aquele que a gente põe aquelas músicas que não ouvimos há muito tempo.

[...]

Quinta-feira foi melhor. Primeira aula do dia era a de Rafaella. Meia hora de aula e já dava para perceber algo estranho no ar. Acho que ela estava com medo de mim. Não sentou-se na sua cadeira sequer por um minuto. Ficou andando pela sala com as mãos para trás, olhando-nos fazer o trabalho. Ia nas mesas tirar dúvidas. Quando parava, encostava na porta e ficava olhando pra gente. Aristóteles me cutucou.

— Para de olhar pra professora, Bia! – falou baixinho – Faz o trabalho.

— Não consigo, cara! Estou desde terça-feira esperando para ter aula com ela de novo. – levantei o braço. Todo mundo levantava o braço quando queria ajuda. Rafaella me olhou, balançou a cabeça negativamente e continuou encostada na porta. Ela quis dizer que não vinha – Estou com dúvidas! – falei em voz alta. Todo mundo olhou pra minha cara. Eu ri e ela veio até minha mesa.

— Precisa gritar? – perguntou aborrecida.

— Você disse que não vinha. – dei de ombros.

— O que você não entendeu? – perguntou apoiando as mãos na minha mesa e inclinando o corpo para ver melhor as minhas anotações. Senti o cheiro gostoso que vinha do seu cabelo e fechei os olhos, era bom demais aquele cheiro – Vai dizer ou não? – estava impaciente.

— Porque não se senta na sua mesa, Rafaella? – ri debochada – Eu fico mais à vontade quando tiro minhas dúvidas na sua mesa. – conclui.

— Você só quer me chatear, não é mesmo?

— Eu te chateio tanto assim?

— Diz logo o que você quer, menina! – pediu impaciente.

— Eu quero você! – falei quase no seu ouvido.

Rafaella ergueu o corpo novamente. Não disse nada, apenas saiu. Isso estava ficando chato! Ela sempre me deixava sem respostas.

[...]

Sábado de manhã...

Acordei com o aniversário de Rafaella na cabeça. Como eu faria para vê-la? Não tinha aula e Rodolffo deve ficar o dia todo com ela, sim, porque se fosse eu, certamente ficaria. Ontem, ouvi rumores de que os professores iriam até a casa de Rafaella à noite. Teria um jantar, ou algo parecido.

À tarde, liguei pro Ari e fomos ao shopping juntos. Mariana iria também, mas depois que soube que eu iria comprar um presente para Rafaella, desistiu. Melhor assim.

Comprei uma correntinha.

— Tem certeza que vai dar isso pra ela? – Ari perguntou.

— Claro! – respondi animada.

[...]

Eram dez e meia da noite quando liguei pra ela. O telefone tocou quatro vezes.

— Alô? – Rafaella perguntou.

— Oi, e-eu... Eu liguei para te desejar feliz aniversário. – ouvi uma música alta ao fundo, logo um barulho de porta batendo e o silêncio – Queria te dar um presente, você pode vir aqui fora?

— O que? Onde você está? 

— No seu portão. – respondi calmamente – Vê se não me chama de louca ou coisa parecida, tá?

Silêncio do outro lado da linha.

— Espera um pouquinho. – pediu – Estou indo aí.

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora