Essa tal felicidade existe?

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Como eu havia dito antes, ela não precisou nem chamar. Lá estava eu no portão da casa de Rafaella. Ela chegou, sorriu ao me ver. Aquele sorriso era sua marca registrada. Que poder tem um sorriso! Concordam comigo? Às vezes estamos tristes e vem alguém com um sorriso como aquele, já basta para tudo voltar ao normal. Ah, se não voltar ao normal, ajuda bastante. Como ajuda! As pessoas deviam sorrir mais.

Abri o portão para ela. Minha linda professora estacionou. Já disse que ela dirige bem? Não? Então anotem isso.

— Estava morrendo de saudades! – falei enquanto dificultava o simples gesto dela abrir a porta. Como? Com beijos.

— Para, amor! – ela pediu – Não me faça agir como uma adolescente inconsequente. Tenho vizinhos, sabia? 

Ela tinha razão. Haviam casas altíssimas de frente para a dela. Deixei que ela abrisse a porta, mas depois que entramos, tirei das mãos dela aquelas pastas, folhas, tudo o que ela carregava e joguei no sofá. Os beijos ficaram melhores, mais demorados e sem interrupção. Opa! Eu disse sem interrupção? Retiro o que eu disse. Tudo o que é bom, dura pouco! Essa foi fácil, né? Bom, o som de uma buzina lá fora interrompeu tudo. Rafaella ficou aflita na hora, começou a ajeitar a roupa que eu havia bagunçado no desespero de tirar.

— É o meu pai! – falou – Só pode ser ele! – olhou o relógio no pulso. O barulho no portão. Logo as batidinhas famosas na porta. Ela abriu. Bingo! – Oi, pai... Entra!

Sebastião era o nome do meu sogrinho. Ele era moreno, alto, forte. Sua fisionomia séria não negava a fama de bravo. Rafaella nos apresentou. Ele olhou para mim indiferente. 

— Estive com o Rodolffo esta manhã. – ele falou com um tom de voz áspero.

— Senta, pai! – Rafaella estava desconfortável. 

— Estou bem de pé. – uns segundos de silêncio – Podemos conversar a sós?

— Eu vou... – ia saindo da sala, mas Rafaella segurou em meu braço.

— Fica! – pediu – Não tenho nada para esconder dela. – falou para o pai.

Ele se sentiu afrontado. Dava para reconhecer aquele olhar carregado de raiva a km de distância.

— O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO COM A SUA VIDA? – gritou.

— Não sei o que o Rodolffo falou, mas eu não estou fazendo nada demais. – respondeu com naturalidade.

Eu? Continuei calada, estou acostumada a ouvir nos filmes policiais o seguinte: “Tudo o que você disser pode ser usado contra você”, mais ou menos assim. Hey! Não querem que eu lembre a frase inteira agora, né? Estou nervosa. Bom, a questão é: “O cara era um mala”.

— Minha filha! Isso é uma loucura! Você não pode estar no seu estado normal. – me olhou da cabeça aos pés – Acha que isso vai durar muito tempo? Acha mesmo que quando essa menina estiver maior ela vai querer continuar com você?

— Vou sim, senhor. – respondi tímida.

— Seus pais sabem dessa história, menina? – se voltou para mim

— Sim, senhor. – quase bati continência para ele também, assim como fazia com o meu pai.

— Suponho que eles não estejam de acordo, não é? – continuou me olhando com indiferença.

Suddenly It's Love | História Rabia.Onde histórias criam vida. Descubra agora