— Falar comigo? – perguntei intrigada – “Quem seria?” – pensei. Olhei para porta. Mariana acenou para mim – Que louca! – exclamei. Balancei a cabeça negativamente e sorri. Me levantei de imediato – Posso ir até lá? – perguntei.
— Já terminou o trabalho? – me perguntou séria.
— Estou terminando. Falta pouco. – respondi.
— Essa menina, pelo visto, não estuda aqui, Bianca. Ela não podia ter vindo até esse andar. É contra as normas do colégio.
— É bom burlar as normas, professora. – falei irônica – Posso?
— Vai. – respondeu inexpressiva. Logo se dirigiu para sua mesa.
Fiquei feliz ao ver Mariana. Seu sorriso me fez sentir bem naquele instante. A menina me deu um abraço apertado.
— O que está fazendo aqui? – perguntei sorrindo também – Ou melhor, como conseguiu chegar até aqui?
— O Ari me ajudou. – segurou minhas mãos – Liguei para ele mais cedo. Descobri o andar e a sala que vocês teriam aula. O porteiro foi gentil, sabia? – sorriu com aquela carinha de menina levada que ela tinha – Eu subi, não subi? Isso que importa.
— Porque não esperou terminar a aula?
— Estou com saudades! – respondeu com a voz doce exibindo uma falsa ingenuidade.
O sinal tocou e os alunos começaram a sair da sala. Mariana soltou minhas mãos. Aristóteles parou de frente para nós.
— Que coisa feia! – exclamou em tom de brincadeira – Namorando no corredor? Deixa o diretor pegar vocês.
— Qual é, Ar? – dei um tapinha no seu ombro – Nem pegou meu material, hein?
— Você é muito folgada, sabia?
— Desce com o Ari, Mariana. Eu já encontro com vocês. Vou só arrumar minhas coisas.
— Não demora! – Mariana me deu um beijo no rosto.
— Faltou um. – falei brincando com ela.
— Faltou não. Paulista só dá um, esqueceu?
— Estamos no Rio, tá?
Ela riu e os dois caminharam em direção as escadas. Entrei novamente na sala e fui pôr meu material dentro da mochila. Rafaella também arrumava sua mesa. Um silêncio, daqueles que nos deixam surdos. Estranho, né? Fiquei pensativa. A conversa que ouvi dela com a professora Thelma latejava na minha cabeça.
Comecei a enrolar na arrumação da minha mochila. Colocava o lápis, tirava a caneta. Abria o fichário, tirava as folhas. Fechava o fichário, abria novamente. Recolocava as folhas...
— Vai demorar muito? – ela perguntou perto da porta – Tenho que fechar a sala.
— Não. Já... Já... Terminei. – joguei tudo de qualquer jeito dentro da mochila, coloquei-a nas costas.
— Você tem alguma coisa para me falar? – perguntou com aquele olhar incitador.
— Bom... – comecei olhando-a da mesma forma – Já que perguntou. É só curiosidade. Professora Thelma disse que você tem andado tristinha. Porque, professora? O seu maior problema não era eu? Pensei que já tinha resolvido isso. – conclui irônica.
Rafaella me olhou séria, logo sorriu, também irônica.
— Até parece que eu vou ficar aqui, falando com você sobre os meus problemas! – me deu as costas. Fiquei furiosa, odeio que me deixem falando sozinha.
Segurei seu braço. Ela virou-se rispidamente. Que luta eu travava com meu corpo naquele momento. Meus lábios aguavam por um beijo dela. O simples toque das minhas mãos no seu braço fora o suficiente para arrepiar cada pelinho do meu corpo. O coração? Acho que fazia o mesmo barulho de uma escola de samba quando entra na avenida. O ventinho da sua respiração batia no meu rosto. Rafaella olhava para minha boca. Ela sempre fazia isso quando queria me beijar.
— Desculpe... – falou, depois bateu na porta.
— Thelma? – Rafaella ficou totalmente descomposta. Eu soltei o seu braço e me afastei na mesma hora.
— Eu... Eu... – Professora Thelma estava sem saber o que dizer e o que pensar também – Eu vim ver se já tem uma resposta? – perguntou aparentemente encabulada.
— Eu vou! – Rafaella respondeu num impulso. Na verdade, ela estava tão nervosa que disse a primeira coisa que passou pela sua cabeça. Se dissesse não, talvez prolongaria a conversa e pela sua expressão, ela queria sumir daquela sala.
— Que bom. – falou nos olhando com aquele olhar interrogativo.
— Bom... – falei para quebrar aquele silêncio constrangedor que se formara – Não se preocupe mais com isso... Professora... Rafaella... – quase não saiu aquele “professora” – Vou prestar mais atenção nas suas aulas... Professora Thelma tam-também... Também reclamou disso hoje cedo. – falei gaguejando.
— Ah, sim! – ela falou hesitante – Se eu puder ajudar...
— Até mais, então... – falei e sai. No corredor consegui respirar – “Que merda!” – pensei.
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Suddenly It's Love | História Rabia.
RomanceJá passou pela sua mente algum dia se apaixonar por algum professor? Ou melhor, professora? Não, verdade? Pois é, Bianca também pensava assim até se ver perdidamente apaixonada por sua professora substituta de Matemática, Rafaella. Será que a difere...