6 Finais de semana

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Matheus

Manu não perdoou minha noite de sexta, depois de uma rodada de pizzas, onde os assuntos foram a aposta com Fabrício e detalhes sórdidos de cada segundo do meu tempo com Bia, encarei a maratona que ela e minha mãe adoravam fazer.

Na tv gigante da sala era onde  aproveitávamos nosso tempo juntos, eu e minha mãe no fim de semana, e nos jantares de sexta, com a Manu, nosso tempo era todo voltado para nós mesmos.

Manu era a típica garota de dezesseis anos, sempre reclamando da vida amorosa, da aparência, e de como ela queria fazer logo dezoito. Eu ria com minha mãe ouvindo seus dramas, quisera eu, ter dramas assim aos dezesseis. E que bom que apesar de praticamente morar conosco, ela ainda conseguia se apegar a esses dramas e aos atores da Netflix que ela amava, e não as coisas que aconteciam em casa.  Enquanto ela rezava para o tempo passar logo, eu torcia para que ela aproveitasse ao máximo aquela fase.

Enfim, depois de ver os dois filmes de Para todos os garotos que já amei, com direito a comentários em tempo real sobre os bastidores, feitos por ela, finalmente estava livre.

Coloquei minha mãe na cama, ajustei seu acesso sob a camisola confortável que a ajudei a vestir, coloquei seu oxigênio ao lado da cama, e deixei ao seu alcance a caixinha de chocolates e o jarro de água para a madrugada.

Eu também usava um sistema de câmeras parecido com o das babás eletrônicas. A câmera ali, mostrava o quarto dela a noite toda na tela do meu computador. Foi a forma que encontrei de ficar mais tranquilo, já que meu quarto era no segundo andar, e o dela, por motivos óbvios, ficava próximo a cozinha e ao banheiro no térreo.

Manu também tinha seu quarto, no andar de cima, oposto ao meu. Ela não dizia, mas eu sabia que ela adorava "morar em nossa casa" minha tia não se opunha, mas sabia que isso a chateava bastante, a compensação era que nos fins de semana ela ia para casa e voltava no fim do domingo.

Minha rotina no fim de semana se resumia em exercícios, cuidar de minha mãe para que a Manu fosse para casa dela, e estudar

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Minha rotina no fim de semana se resumia em exercícios, cuidar de minha mãe para que a Manu fosse para casa dela, e estudar.

Claro, também tinha a parte em que eu fazia quase todas essas coisas pensando na Bia. Quando me perguntavam o porquê de eu passar um ano e meio observando uma garota sem nem ao menos falar com ela, eu sinceramente não sabia o que responder. E isso era o que mais me assustava nessa história. Tentar desvendar  Bia a cada dia, a cada novo detalhe era como ter uma parte de mim conectada a alguma coisa. Minha vida e meus hábitos me mostraram ao longo do tempo que eu era focado em coisas concretas. Tudo o que eu planejava, acontecia, de uma forma ou de outra. Os tratamentos de minha mãe, a educação da Manu, a faculdade... Mesmo que eu pensasse em adiar por causa da minha mãe, aconteceu de uma forma que eu não poderia recusar. Era meu projeto de vida, e se concretizava a cada dia. Mas Bia... Bia era um ponto fora da curva, como uma utopia, eu sabia que ela era comprometida, sabia que ela era diferente das garotas que eu costumava ficar, e era como se ela só existisse lá, no meu caminho para me mostrar que não, eu não podia tudo. Talvez por isso, eu tenha deixado de aceitar convites vazios para trepadas vazias que acabavam com garotas me odiando. Talvez por isso, eu tenha focado no outro lado da moeda, e tenha mergulhado nas mentes de mulheres, de formas diferentes ao longo desses anos.

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