Matheus
Estava esbarrando nas pessoas, mas aparentemente todos tiveram a ideia de ir para o lado dos banheiros, estava quase chegando, quando senti um puxão na camisa, e ao me virar, vi Fabrício com a cara mais pálida que eu vira na vida.
⸻ Você não sabe a merda que deu. ⸻ gritou para mim.
Soltei o ar já imaginando um milhão de coisas.
Mas a mais provável era... ⸻ O que você fez com a garota? ⸻ perguntei já desesperado.
Ele chegou mais perto. ⸻ Eu tomei um chute no saco! Cadê a Bia? A Sarah tá alucinada atrás dela.
Olhei confuso para ele ⸻ Deixei ela no bar com a Sarah...
Ele me empurrou ⸻ Mano! Corre!
Ele me empurrou, e quase derrubamos algumas pessoas conforme passávamos por elas para voltar ao bar.
Vi um espaço onde eu havia deixado Bia no balcão e corri mais, me espremendo entre as pessoas. Meu coração gelou quando a vi no chão, Sarah dava batidas em seu rosto, chamando-a com uma voz chorosa.
⸻ Amiga! Bia! Por favor, não morre! Acorda vai...
Me abaixei sem nem pensar, puxando o corpo de Bia para mim e fazendo Sarah me encarar com puro ódio.
Chequei o pulso e se estava respirando, ela estava gelada e coberta de suor, já suspeitava que ela não estava bem, por isso tinha dito para voltarmos para o quarto. Não me importei com a cara de ódio de Sarah quando me virei para ela.
⸻ Ela tem um medidor de glicemia na bolsa, já viu ela assim? ⸻ perguntei aos gritos por causa da música alta.
Ela não respondeu, nem fez qualquer movimento.
Senti Fabrício parado atrás de mim, e levantei a cabeça ⸻ Ali! ⸻ apontei para o balcão onde as garrafas de drinks estavam.
Ele me entendeu, pulando o balcão e voltando com uma caixinha de leite condensado.
Coloquei um pouco em meu dedo e o enfiei na boca dela.
⸻ Fabi, preciso levar ela para o quarto e medir a glicemia. Me ajuda. ⸻ falei a puxando do chão.
Sarah levantou se afastando. Apoiei um dos braços dela em meu pescoço e a levantei do chão, ela estava mole, desacordada e eu desesperado.
Quando fiquei em pé, ela abriu os olhos resmungando, a coloquei sentada no banco e dilui um pouco do leite condensado em leite de côco que encontrei, fazendo ela tomar um gole.
Aos poucos, a palidez diminuiu um pouco, mas ela ainda não conseguia se manter sentada sem que eu a apoiasse.
Segurei seu rosto, a olhando bem de perto. Meu coração ainda saltava no peito, e naquele momento, eu conseguia entender o porquê de não podermos cuidar de alguém conhecido. Uma sequência de medidas desesperadas e eu poderia ter colocado a vida dela em risco.
Apoiei as mãos em seu pescoço, me abaixando para olhar em seus olhos. ⸻ Você está bem, Bebê? Olha para mim, sabe onde está?
Assisti impaciente seus olhos se enchendo de lágrimas. Meu peito doeu, não podia ter deixado ela beber tanto.
Ela ainda me olhava, mas levantou os braços juntando os dedos das mãos até chegarem ao meu rosto. Ela cobriu meus olhos deixando um soluço escapar dos lábios.
Fiquei imóvel com as mãosinhas frias e pegajosas dela sobre meus olhos ouvindo sua respiração agitada.
Soltei seu rosto segurando suas mãos, abaixando-as, eu não estava entendendo nada.
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Meu Cam Boy
RomanceBia acabou de por um fim em um relacionamento de sete anos que se arrastava só por boa vontade. A choradeira pelo término não veio, mas a sensação de liberdade abriu seus olhos para todas as possibilidades. Para aliviar as noites de solidão pós es...