32 Viagem

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Bia

Era sábado de manhã, as duas bolsas estavam arrumadas e eu vestia uma calça jeans e uma camiseta larga com um dos ombros para baixo. Aproveitei a sexta-feira para fazer uma inspeção geral, depilação, cremes hidratantes até comprei sabonetes líquidos mais cheirosos para levar. Minha mãe ajudou a escolher as roupas, lingeries e biquínis. Em uma bolsa separada, coloquei um grande suprimento de remédios para qualquer emergência.

Minha mãe riu ⸻ Nem parece que está indo viajar com um médico.

Abri a bolsa mostrando os medicamentos que me ajudavam com o sonambulismo. ⸻ Eu sei, mãe, mas ele ainda não faz milagres, ele só sabe qual remédio é o melhor em cada caso.

Ela pegou a bolsa das minhas mãos ⸻ Para com isso, você vai ficar bem, é só uma noite. Amor, você está bem, tá bom? Pegou o medidor da glicose?

Assenti ⸻ Peguei.

⸻ Por favor, só não exagera no álcool, tá? Beber alguma coisa para ficar mais solta tudo bem, mas se exagerar, vai passar mal, e você não quer isso, não é?

⸻ Mãe! Eu sei. E... ⸻ olhei para as bolsas depois para ela. ⸻ Vai ser bom, não vai?

Seu rosto se suavizou, e ela jogou meus cabelos para trás. ⸻ Vai ser incrível, vai ser perfeito para os dois.

A abracei, depois de eu contar tudo o que havia passado com Felipe, ela me entendeu, ela havia finalmente olhado pelo menu ângulo, e sabia que Matheus era o oposto, e que eu o amava muito.

⸻ Está levando camisinha?

Me soltei dela. ⸻ Não! Isso... Não é ele que tem que levar? ⸻ falei quase inconformada.

⸻ Nada disso! Vocês dois são responsáveis. ⸻ ela saiu do meu quarto e voltou segurando sua bolsa, vasculhando os bolsos internos até tirar uma cartela com seis camisinhas em papel laminado vermelho. ⸻ Aqui, uma garota tem que estar preparada. É de morango, não sei se gostam, mas é o que tem na pressa.

Colocou a cartela na minha mão e fiquei boquiaberta, ela claro, riu da minha cara.

⸻ O que foi? Eu tenho vida, Bianca.

Ri comigo mesma. Às vezes eu me esquecia disso, a verdade é  que eu era desligada demais, esperta para algumas coisas e tão ultrapassada em outras.

Talvez fosse por causa do tempo que passamos sem nos falarmos direito. Eu sentia que a estava conhecendo outra vez, como se tivesse anos de lacunas onde eu crescia e não via que minha mãe não guardava o mesmo luto por meu pai.

Ouvi a buzina e dei um pulo, mandei minha mãe recebê-lo enquanto fechava as bolsas conferindo outra vez se eu tinha roupas suficiente, mesmo sendo de um dia para o outro, eu ainda ficava em pânico em esquecer algo importante.

Coloquei os óculos escuros no cabelo, o que dava um ar de que eu estava adorando ir para a praia.

Carreguei as bolsas e o vi, lindo, vestindo uma bermuda preta e uma camisa vermelha solta, estava bem diferente do estudante centrado que odiava festinhas.

Ele me recebeu na calçada com um beijo pegando as bolsas das minhas mãos.

O acompanhei. ⸻ Sua mãe vai ficar bem?

Ele sorriu fechando o porta-malas ⸻ Vai, a Manu e as duas enfermeiras já estão muito bem preparadas.

Minha mãe sorriu, ainda estava tentando se retratar com ele. ⸻ Na próxima, podemos trocar, você cuida da minha filha e vou ter prazer em cuidar de sua mãe para você, Matheus.

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