41 Descoberto

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Matheus

Estacionei em uma vaga longe da minha entrada, tinha acabado de deixar Bia no prédio de Direito e antes de sair do carro, fechei os olhos em uma oração silenciosa de que aquela não seria a última vez que eu pisava naquele lugar, não podia ser.

Desci tomando minha postura de indiferença costumeira, mas meu coração estava disparado.

Assim que passei das portas de entrada, Molly fechou meu caminho, não estava com a cara de interesse de sempre.

⸻ Agora eu sei porque seus finais de semana são cheios, Math... ⸻ disse em tom acusatório.

Olhei por cima de seu ombro. ⸻ Você marcou aula comigo agora? Porque não me lembro. ⸻ me fiz de desentendido.

⸻ Não, eu não marquei... ⸻ ela chegou mais perto, tão perto que me senti constrangido. ⸻ Devia ter falado que precisava de dinheiro...

Pisquei tentando parecer confuso ⸻ Não sei do que está falando.

Ela balançou a cabeça apoiando o dedo indicador no meu peito.

⸻ Triste demais ficar se exibindo na internet... Konrad.

Me afastei dela, ganhando confiança, não era a abordagem que eu queria, mas, não tinha escolha. ⸻ Bom, se eu não tenho monitoria marcada com você agora... E deixo claro que nos fins de semana também não, não vejo como o que eu faço da minha vida pode ser um problema seu. Com licença.

⸻ Não esperava isso do senhor certinho! ⸻ gritou ela enquanto me afastava. Outras garotas no corredor me olharam também, mas ninguém se atreveu a dizer mais nada.

Entrei na sala, e  Fabrício já estava lá, estava com uma cara péssima de quem não tinha dormido nada.

⸻ E aí. ⸻ falei sem graça, tentando me acalmar.

Ele me olhou com pesar. ⸻ Como é que você tá, cara?

Dei de ombros ⸻ Levando, já passei por uma boa no corredor, mas tá tudo bem por enquanto, e a Bia que é quem importa, lidou melhor com isso do que eu imaginava.

Ele baixou a cabeça ⸻ Queria poder dizer o mesmo sobre a Sarah.

Fechei a porta da sala e voltei para me sentar atrás dele. ⸻ Como é que ela está?

⸻ Ah sei lá... Ela só ficou chorando, me deu umas porradas, jogou coisas em mim, ela não me disse nada, mas depois de um tempo, aceitou que eu não iria embora de lá. ⸻ ele esticou o braço me mostrando cortes e arranhões com marcas escuras nos antebraços.

Chequei os machucados que nem foram limpos, acho que ele tinha vindo direto do hotel, estava com a mesma roupa de quando saímos, só havia vestido um moletom aberto ⸻ Eu sinto muito, Fabi, deixa eu limpar isso pra você. ⸻ me levantei, mas ele segurou meu braco.

⸻ Não, valeu... Deixa assim... É o único jeito de eu me lembrar dela. A deixei na casa dela antes de vir pra cá, ela nem me olhou, cara...

Me sentei de volta, e eu realmente vi como ele parecia acabado. Não só de cansaço mas, ele estava realmente triste com aquilo. Nunca achei que o veria daquela forma, e nem que apanharia de uma mulher.

⸻ Ficou mesmo a fim dela? ⸻ falei surpreso. O destino curtia mesmo dar rasteiras em pessoas, em mim, que depois de tudo acabei invisível por um ano e meio, e nele, que sempre foi um merda com as garotas, agora apanhou de uma, e gostou.

⸻ Puta merda, Math! Aquela mina... Você não tem ideia de como ela é gostosa, até a merda acontecer, eu tava até de pau esfolado, porque era olhar e pronto, já queria me enfiar nela... Depois de tanto tempo de galinhagem... Tem ideia do que é encontrar alguém que dê conta de mim, e o melhor, é tão tarada quanto eu.

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