4 A teoria dos paus de borracha

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Bia

Cheguei ao prédio esbaforida, cacei logo o banheiro para avaliar os estragos. Entrei em uma das cabines, desamarrei a blusa dele da cintura me sentando no vaso, agradecida por não ter sujado aquele branco perfeito,  olhei para os lados e até para cima para me certificar de que não tinha ninguém mesmo vendo aquela decadência, e me permiti cheirar a blusa. E... Meus Deus que perfume delicioso... Era aquele cheiro de safadeza, lindeza e perfeição! Se é que me entendem...

Senti meu celular vibrar no sutiã e o peguei.

"Bia, cadê você? Está dez minutos atrasada para faltar meia hora para a aula"

Sorri com a provocação, Sarah sempre me zoava por causa da pontualidade, eu sempre tive pavor de chegar atrasada, porque simplesmente passar por uma fileira estreita de pessoas com o tamanho da minha bunda não era opção.
Respirei fundo em desespero e comecei a digitar.

"Amiga socorro, tive um acidente no ônibus, preciso de uma calça"

Segundos depois ela me ligou.
⸻ Bia, o que aconteceu? Você tá machucada?

⸻ Não, eu... Estou manchada, sério, não tem como eu ficar na aula assim, me ajuda!

Ela riu e eu quase podia ver ela revirando os olhos ⸻ Que susto você me deu, maluca, onde você tá? Eu tenho uma calça no carro, eu te empresto.

Foi a minha vez de revirar os olhos. ⸻ Sarah, em que mundo você acha que uma calça sua vai entrar em mim?

⸻ Relaxa, é legging, é minha roupa pra fazer yoga, estica, vai servir.

⸻ Tá bom! Obrigada. ⸻ falei sem vontade, porque provavelmente eu ficaria mais ridícula do que já estava.

Ela desligou, e continuei escondida ali, pendurei a blusa na porta e tirei a calça suja para me limpar. Droga de ciclo desregulado!

Alguns minutos depois ouvi passos no banheiro, esperei quieta.

⸻ Bia? 

Abri uma fresta da porta ⸻ Aqui.

Ela me entregou a calça preta com detalhes rosa nas laterais que eu jamais usaria se tivesse escolha. Coloquei o OB e tive que vestir sem a calcinha, o que me deixou ainda pior. Enrolei a calça suja, tirei meus livros e meus cadernos de dentro da bolsa e enfiei a calça no fundo dela.

Destravei a porta carregando os livros e a blusa do Matheus nos braços.

⸻ O que aconteceu com você? ⸻ perguntou abrindo os braços me apertando como se estivesse consolando uma criança que ralou o joelho.

Fiz cara de choro. ⸻ Nem te conto, tomei um capote no ônibus, minha menstruação resolveu me trollar,  e conheci um cara alto, lindo, fofo, já falei alto? Ele é muito alto. Ele me salvou de andar até aqui toda manchada... E Sarah... Eu acho que me apaixonei.

Ela riu revirando os olhos  ⸻  Nossa, amiga... Que tragédia. E ainda teve tempo de flertar?  Voltou para os treze anos, quando você fantasiava com os posters dos Backstreet boys? A solterice está te deixando maluca. Faz o que? Um mês? Não pode se apaixonar por alguém que só vou uma vez na vida criatura!

Ergui as sobrancelhas, desaprovando a piada ⸻ Um mês e três dias, graças a Deus! E desculpa amiga, passei sete anos sem poder nem olhar para o lado, porque o "lírio do campo" sentia ciúmes enquanto me chifrava até dizer chega, eu tenho total direito de flertar até com as árvores da rua agora. E... Eu nunca esperei ser salva desse jeito... Ele simplesmente amarrou a blusa na minha cintura... Da pra acreditar? Como não amar?

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