Ainda Dói

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Os últimos dias da escola foram um tipo especial de inferno para Camila. Ela terminou seus exames nos primeiros dias da última semana, o que deixava mais três dias em que tinha que ir todos os dias, querendo ou não.

Era ir, ou ficar em casa e não fazer nada.

Mas só tinha seu telefone na escola, e era para ligar para alguém se precisasse de alguma coisa. Em casa, ela o entregava de volta para seu pai.

Havia uma tensão em sua casa que ela não tinha sentido antes, também. Uma luta silenciosa que constantemente crescia entre a mãe e o pai, alimentada por ressentimento e teimosia. Os dois não se falavam, ou quando faziam, falavam muito pouco.

Sua mãe levou Charles para Detroit na primeira semana de junho. Alejandro escolheu ficar em casa com Camila.

A culpa de Camila era uma assassina. Sentia como se tudo o que estava acontecendo ao seu redor fosse inteiramente sua culpa. E era. Ela não queria seus pais brigando por sua causa, mas eles estavam. Não queria impedir seu pai de levar Charles para Detroit como ele tinha planejado por um ano inteiro, mas o fez. Não queria que o café da manhã e o jantar fossem carregados de silêncio e olhares instáveis.

Esta não era a sua família.

De jeito nenhum.

Talvez se toda a sua tristeza estivesse focada em apenas seus pais, então Camila podia lidar. Podia deixar as coisas melhores, fazer o que ela precisava fazer, e ser quem eles queriam que ela fosse.

Só que não era.

Havia Lauren também.

Lauren era demais.

Camila odiava mais a escola porque doía e seus olhos queimavam e seus pulmões doíam cada vez que tinha que passar por ela no corredor. Sorrisos forçados e olhos reservados era a coisa favorita delas, agora. Lauren não vinha muito perto, e ela se abaixava e desviava apenas para evitar de esbarrar pelo corredor, se pudesse.

Amigas.

Isso é o que ela tinha dito.

Amigas.

Camila tinha certeza que ser amigas não deveria doer tanto assim.

Isso era agonia, e era um saco.

Depois de terminar com Lauren há duas semanas em uma sala vazia, seu único objetivo agora era chegar até o fim do ano.

Chegar e não quebrar.

Ela tinha dez minutos.

- Ei, Camila.

Incerta se tinha realmente ouvido seu nome ser chamado, como se estivesse fora de sintonia com um fone de um ouvido, e um livro aberto na sua frente, ela não olhou para cima. A biblioteca tinha se tornado um refúgio seguro nos últimos dias de aula, quando não precisava participar, mas ia simplesmente para evitar outra conversa com seu pai. Se esconder na biblioteca quando não precisava participar de orientação ou assembleias finais significava que ela não precisa arriscar encontrar Lauren ou fingir estar tudo bem.

Ela não estava nada bem.

Sem Lauren, essa era a sua coisa.

Aparentemente.

- Camila. - um cara disse novamente.

Ele puxou o fone dela.

Camila encontrou um dos amigos de Lauren ao lado de sua mesa.

- O quê?

- Você sabe onde Lauren está?

- Hum... não.

Sempre - Camren - LaurenGpOnde histórias criam vida. Descubra agora