Capítulo 9 - ÍRIS ALONSO

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Quando Iris Alonso entrou no quarto de Tereza Cristina a viu deitada no chão inerte, com o olhar vidrado e com lágrimas correndo abundantemente pelos seus olhos. Tinha um fio de pulsação e a respiração lenta. Era possível que estivesse morrendo e que talvez poderia deixa-la morrer ali já que não suportava a sobrinha mas sempre a tratou muito bem, sempre a encheu de mimos a ponto de em algumas vezes causar ciúmes Alvinho o seu filho, a quem deu o mesmo nome do pai de Tereza Cristina.

Sempre foi apaixonada pelo marido da irmã e nunca aceitou o fato de Álvaro tê-la trocado por Maria Tereza. A mais feia, pela louca, pois era sabido que a mulher tinha algumas crises, tinha o hábito de falar sozinha, ia da euforia à tristeza em questão de minutos e quando triste passava dias na cama, no quarto escuro sem disposição para fazer qualquer coisa.

Iris sempre inteligente, perspicaz e mais atraente das duas, tanto que arrebatou o coração de muitos, mas sua fixação, sua obsessão era Álvaro. Ninguém sabia desse segredo e no dia do casamento da irmã jurou que faria da vida do casal um verdadeiro inferno.

Decidiu então ajudar a sobrinha, não porque estava preocupada com a menina e sim porque seria mais vantajoso tê-la viva.

IRIS -Meu amor, fala com a titia meu bem! Fala com a titia! O que você está sentindo? Olha para mim e respira, respira...Socorro...alguém, por favor alguém me ajuda.

Maria Tereza ouvindo os gritos fora correndo ver o que tinha acontecido e pela primeira vez sentiu um medo terrível de perder sua única filha. Foi como se naquele momento pudesse sentir que a amava.

MARIA TEREZA -Meu amor não faz isso com a mamãe. Não me deixe. Eu te amo minha pequena, te amo...desculpa nunca ter lhe dito isso antes. Prometo me esforçar em ser uma mãe melhor, ser a mãe que você merece e como um milagre Tereza Cristina respirou fundo, como alguém que vem à tona depois de tempos submersa e realmente estava, imersa em muita tristeza.

TEREZA CRISTINA -Mãe! Mãezinha por favor me perdoa? – pedia agarrada a mãe e as duas chorando muito.

Iris apenas olhava a tudo com desdém e tomada de tanta inveja, as deixou sozinhas e elas, assim ficaram agarradas uma a outra durante muito tempo, sem dizer uma única palavra e para que palavras para algo que precisava apenas ser sentido?

Quando Álvaro chegou do trabalho, no início da noite não acreditava em que seus olhos viam. Não podia ser possível. As duas mulheres da sua vida, dormindo abraçadas, pela primeira vez em anos parecendo mãe e filha.

Seu coração transbordou de tanta alegria, tanto que mal dormiu e deu ordem para que absolutamente ninguém naquela casa fizesse um mínimo barulho para não as acordar.

Na manhã seguinte, ao acordar, Tereza Cristina não conseguia acreditar que tinha dormido agarrada à mãe como sempre sonhou, ainda mais no seu quarto numa cama de solteiro. Se arrumou em silêncio, mesmo tendo a mãe um sono tão pesado em decorrência dos remédios que tomava.

Tomou o café na companhia de seu pai, seu primo Alvinho e sua tia Iris.

ÍRIS – Minha querida, sobrinha estou tão feliz, pois finalmente você e sua mãe se entenderam.

TEREZA CRISTINA -Também estou transbordando de alegria.

ÁLVARO -Quando vi vocês duas abraçadas, fiquei extasiado. Pedi tanto por esse dia e finalmente chegou.

ÁLVINHO – Até que enfim em priminha, você e a tia Maria Tereza pareciam duas galinhas de briga isso sim!

TEREZA CRISTINA -Que grosseria de sua parte Alvinho, me chamar de galinha! Papai, o senhor deveria dar um corretivo nesse mal educado, deixá-lo de castigo isso sim.

ÁLVARO – Alvinho pare de provocar sua prima e depois de um dia tão memorável como ontem, hoje só quero paz.

ÁLVINHO -O senhor tem razão titio, me desculpe. – disse todo encabulado.

Tereza Cristina se divertia da pisa que o pai dera no primo. O pai do garoto tinha morrido antes mesmo dele nascer num acidente de carro e por isso nutria pelo tio um amor filial. Ele era alguns anos mais velho que a prima e morava em São Paulo, onde cursava o segundo ano da faculdade de Direito e estava aproveitando de sua primeira semana de férias.

TEREZA CRISTINA -Sinto em meu coração que a partir de hoje teremos dias muito felizes nesta casa. Papai, o senhor me leva no colégio hoje assim podemos conversar no caminho, já que ontem por um motivo muito especial não tivemos tempo para isso.

ÁLVARO -Claro minha filha, com prazer e então você me conta em detalhes sobre esse milagre.

ÍRIS -Queridíssima por que não aproveita e leva o café da manhã para sua amada mãe na cama? Tenho certeza ela irá adorar tamanha surpresa?

TEREZA CRISTINA – Uma excelente sugestão titia. Vou fazer isso já.

ALVINHO -Aproveita a oportunidade e dá o dedinho para ela, selando um pacto de paz. – Debochou.

TEREZA CRISTINA – Até que sua cabeça oca funciona de vez em quando priminho querido. Vou seguir sua dica. – respondeu a altura, mostrando a língua para ele, enquanto seu pai ria com as provocações daqueles dois.

AS APARÊNCIAS ENGANAMOnde histórias criam vida. Descubra agora