AS APARÊNCIAS ENGANAM

Capítulo 64 - Uma Nova Chance???

Ainda "escondida" em sua própria casa, Tereza Cristina era extremamente paparicada por seus familiares e empregados, que só faltavam respirar por ela o que em outrora lhe causava tanta satisfação, passou a ser um suplício. De repente nada daquilo parecia fazer sentido e se irritava por ter a sensação de se sentir inútil e para amenizar passou a fazer algumas atividades como arrumar sua cama e a dos filhos, cozinhar para eles pela manhã e os surpreendendo com seus biscoitinhos de nata, omelete de queijo, o leite com chocolate gelado para Júnior e o bolo de maçã com canela que aprendeu com Griselda, em contra partida todos estavam abismados com tamanha mudança. Todos os dias ela os surpreendia com algo novo e o auge foi quando a viram cortando e pintando as próprias unhas e com cores claras nunca gostou.

Não se ouvia mais seus gritos escandalosos, nem ordens sendo disparadas a todo o tempo, pelo contrário, sempre pedia por favor, agradecia, seu comportamento se tornou mais sereno e que todos não se cansavam de admirar e de lhe elogiar por isso.

Deitada na esteira, tomando um banho de sol pela manhã, Tereza Cristina acariciava a barriga e conversava com seu bebê, dizendo o quanto ele já era amado por ela, pelos irmãos, pelo pai...Passado o choque inicial, se sentia grata pela oportunidade gerar uma nova vida dentro dela, no momento mais improvável de sua vida. Não se cansava de dizer o quanto era especial e desejado e que não via a hora de tê-lo em seus braços, sentir o seu cheirinho...ter um bebê era a possibilidade de ressignificar toda sua trajetória, viver um novo ciclo, exercer amor com mais maturidade e serenidade. Para o novo rebento queria ensinar e até mesmo aprender novos valores.

Também foi inevitável não pensar em Griselda. Apesar de trocarem mensagens todos os dias, tinha pouco mais de uma semana que não se viam e por isso sentia muito sua falta. Não a convidou para ir à mansão, reconhecia que seria humilhante demais a expor diante de René e a outra, por não querer colocá-la em risco achava perigoso sair da mansão. No celular, algumas vezes ficavam por horas em chamadas de vídeo, mas por receio de ferirem uma a outra e se ferirem, pouco falavam sobre o que aconteceu entre elas em Iguabinha.

Tomada pelo tédio e para espantar a tristeza, ficou maquinando o que poderia fazer para alegrar o coração e a alma e de repente, tomada de empolgação chamou por seu amigo mais fiel.

TEREZA CRISTINA – CRODOAAAAAAAAAAAAAAAAAALDOOOOOO!! – Gritou, não para lhe dar uma ordem e sim pedir ajuda.

CRÔ – Me chamou minha desesperadinha de Alexandria e posso saber que sorrisinho lindo é esse em seus lábios? –

TEREZA CRISTINA -Claro que pode e eu preciso de sua ajuda. Vamos comigo até meu closet e me ajude a separar várias peças de roupa e com elas faça um bazar, um brechó, o que quiser, não importa e todo o lucro obtido doaremos para aquela instituição que te falei. Meu closet está abarrotado de roupas e não preciso de tudo isso, sem contar que a grande maioria nem me serve mais.

CRÔ -Ma...ma...ma...mais pitonisa de Tebas, você tem tanto apego em suas roupas, peças exclusivas desenhadas para uma diva.

TEREZA CRISTINA – Estou longe de ser uma diva meu amigo, mas obrigada pelo elogio embora ache que eu não mereça. Sabe Crô, para você posso dizer; não imagina o quanto estou feliz em estar com meus filhos de novo, em poder ser mãe de mais um, mas ao mesmo tempo tenho me sentido um estranho no ninho, como se tudo que tem nessa casa, tudo o que escolhi, que comprei pertencesse somente a outra Tereza Cristina, a do passado, essa daqui tem buscado a paz e a simplicidade. Quando sai da bolha vi tanta gente em condições tão sub-humanas, no hospital em que fui atendida, ao meu entorno quando saia nas ruas, e me dei conta da futilidade em que vivia assim como descobri que precisa de tão pouco para ser feliz.