Crodoaldo ficou estarrecido com o que acabara de ouvir. Fez um esforço sobre-humano para não gritar e escorraçar com tia Iris, pois sabia que se o fizesse prejudicaria e muito a vida de sua tão amada ninfa.
Com medo de que ouvissem aquela conversa tão dolorosa, Tereza Cristina sugeriu que fossem para o seu quarto, a fim de terem mais privacidade.
Crodoaldo voltou para a suíte master, fingindo que ainda limpava os sapatos da patroa, quando a ouviu pedir muito educadamente que saísse de seus aposentos e para ela não ter gritado, é porque o assunto era grave demais para não ser ouvido.
TEREZA CRISTINA -Tia Iris você só pode estar ficando louca! Como vou lhe dar esse dinheiro assim, 5 milhões de dólares sem que meu marido perceba.
IRIS -Oras minha sobrinha, todos sabem que o dinheiro é seu. Quando conheceu aquele cozinheiro, ele estava falido, portanto não haverá problema algum você usufruir do que é seu.
TEREZA CRISTINA -Acontece que Rene e eu não temos segredos, ele sabe de todos os meus investimentos e transações e vai querer uma explicação que não vou poder lhe dar.
IRIS -Isso não é problema meu e se não fizer essa caridade a sua pobre tia que já se encontra quase no final da vida, querendo viver os últimos anos que lhe resta numa boa, talvez eu precise de outros meios para obter dinheiro, ou seja, revelar que você MATOU A SUA MÃE, e entrar na justiça para reaver a minha parte.
Diante de tal revelação, Crodoaldo só não desmaiou porque precisava ouvir todo o resto da conversa.
TEREZA CRISTINA -Pare de me dizer isso, pare de me torturar com essa história. Eu não matei a minha mãe, não matei a minha mãe...minha cabeça dói...doi muito...
IRIS -Pare com esse seu teatro. Está se comportando como uma verdadeira canastrona. Não se esqueça que foi você quem deu a ela a última refeição.
TEREZA CRISTINA -Fui eu sim, mas foi você quem sugeriu que eu levasse o café da manhã e eu não faria nada contra ela justamente depois de ter me sentido amada um dia antes pela primeira vez.
IRIS -Sem sentimentalismos baratos minha sobrinha. Vocês duas viviam em pé de guerra, principalmente pela disputa de seu pai, aliás para minha tão adorada irmã o seu nascimento foi um verdadeiro estorvo. Seu pai só tinha olhos para você, enquanto deixava a minha irmã abandonada, insegura. Pobre Maria Tereza, amou tanto esse homem e teve esse fim tão triste.
TEREZA CRISTINA -Não fala assim do meu pai, ele sempre amou a minha mãe.
IRIS -Amou?? O que você entende sobre amor? Seu pai muitas vezes deixou sua mãe doente, abandonada numa cama, deprimida e ao invés disso, com quem ele sempre estava? Mimando e fazendo todas as vontades de sua Pequena Loba.
TEREZA CRISTINA -Ele era meu pai, só queria me proteger e cuidar de mim, porque mamãe simplesmente não podia. Oscilava entre a raiva por mim e seus rompantes de depressão.
IRIS -Tudo por sua culpa, sua máxima culpa.
TEREZA CRISTINA -Como você pode ser tão cruel, tão infame. Como pode afirmar que fui eu?
IRIS – Minha querida, não me esqueço de um dia em que as duas tiveram uma briga pavorosa e você disse com todas as letras que a odiava e que desejava que ela morresse. Então me diga Tereza Cristina, sugeri sim que levasse o café da manhã para sua mãe e me lembro que repentinamente você saiu do carro e foi novamente para o quarto de sua mãe e seu pai com pressa pediu que o Alvinho ou eu a chamasse e para nosso desespero achamos que as duas estavam mortas, mas não, tinha apenas desmaiado só que o Alvinho viu um pequeno frasco de cianureto em sua mão que tratei logo de esconder para não causar uma dor pior em seu pai e fiz meu filho amado jurar que nunca tocaria nesse assunto com ninguém.
TEREZA CRISTINA -O Álvaro? Ele encontrou veneno na minha mão? – se surpreendeu com aquela revelação – Então foi por isso que de uma hora para outra ele se afastou de mim quando éramos jovens e até hoje não temos uma boa convivência. Ele acredita que eu matei a minha mãe? Por que ele nunca me falou isso antes, se nunca faltou oportunidade em meio a várias discussões que tivemos depois de adulto?
Tereza Cristina estava totalmente aturdida com aquele novo de detalhe. A morte de sua mãe lhe causou um choque tão grande que ela passou 2 meses de cama.
A morte de Maria Tereza foi tão devastadora, que tia Iris tratou pessoalmente de "cuidar" de sua sobrinha. Contratou um psiquiatra e durante meses a garota ficou de cama, na maior parte do tempo dormindo e passado o período de luto, Álvaro assumiu pessoalmente os cuidados para com a filha e constatou que ela teve um lapso de memória. Tereza Cristina simplesmente tinha apagado da memória o dia em que sua mãe morreu, convencida assim como Álvaro de que sua morte era em decorrência de seu aneurisma, tanto que o marido não autorizou que fosse feito autópsia em seu corpo.
CRÔ – Meu Deus não! Não...não posso acreditar no que esses ouvidos tão humano de um reles mortal está ouvindo. A Divina Isis é destemperada, meio violenta, meio agressiva, mas matar a própria mãe, é demais para eu acreditar! – murmurou desesperado, se sentindo impotente diante daquela situação tão monstruosa.
Tia Iris torturava psicologicamente a sobrinha de todas as formas e só se deu por vencida, quando Tereza Cristina cedeu e pediu um prazo para levantar o dinheiro pedido.
A megera saiu do quarto triunfante, encontrando Crodoaldo na sala fingindo limpar a mobília, ordenando que lhe arrumasse um quarto de hóspedes, o melhor da casa.
Sem ter outra opção ele fez o que lhe foi ordenado e correu para socorrer a patroa, a encontrando deitada no chão aos prantos, que ao sentir a presença de seu amigo, agarrou sua mão repetindo inúmeras vezes que não era uma assassina.
Temendo que René a encontrasse naquele estado, que certamente iria lhe fazer inúmeras perguntas sobre seu estado, lhe deu um calmante fortíssimo que só a faria acordar no dia seguinte.
Ele mesmo se incumbiu de contar ao patrão sobre a estadia de Tia Iris sob o consentimento de Tereza Cristina, que estranhou a atitude da esposa, mas tinha outras coisas importantes para resolver no restaurante e por isso deixou para tratar desse assunto em um outro momento.
E se teria trabalho de olho em Ferdinand, também teria muito trabalho de olho em Tia Iris.
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AS APARÊNCIAS ENGANAM
FanficNem sempre o que parece ser um amor verdadeiro, pode durar para sempre. Há uma linha tênue que separa o amor e o ódio; A sanidade da loucura. Por trás de um lindo cordeiro pode se esconder um lobo sedento e a vilã poderá ser a mais inocente das moci...