Capítulo 32 - Curto-Circuito

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Não era 6h00 da manhã quando René ouviu seu celular vibrar

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Não era 6h00 da manhã quando René ouviu seu celular vibrar. Tratou de atender rapidamente para não acordar Tereza Cristina. Colocou a mão na cabeça, tenso, prevendo que Severino não lhe daria boas notícias.

SEVERINO -René, desculpe te acordar, sei que o combinado é que viria um pouco mais tarde, mas a situação é urgente.

RENÉ -Pode falar Severino, o que aconteceu?

SEVERINO -Chefe tivemos um problema de curto circuito no painel aqui da cozinha e o gerador não vai conseguir alimentar todos os refrigeradores por muito tempo. Estou tentando há um tempão ligar para nosso eletricista de confiança e ele não atende.

RENÉ -Também, quem quer trabalhar a essa hora da manhã de um domingo?

SEVERINO -Com todo respeito, nós estamos aqui todos os domingos.

RENÉ -É verdade Severino, tem toda a razão. Só vou me trocar e em meia hora estou aí.

Assustou-se ao dar de cara com Tia Iris na cozinha, tão cedo. Crodoaldo também estava acordado para servir o café de René. Ele se lembrou-se do bom trabalho que Griselda tinha feito em seu jardim e não pensou duas vezes em pegar seu número com o mordomo.

CRÔ -Bom dia Laurence das Arábias, como o senhor acordou um pouco antes de seu horário habitual não consegui preparar um café a sua altura, reforçado para um dia tão cheio de atividades no trabalho.

RENÉ -Bom dia Crodoaldo. Não precisa se preocupar. Um café preto, torradas e queijo está ótimo, preciso correr para restaurante.

TIA IRIS -Não sabia que meu sobrinho do coração acordava assim tão cedo em um domingo para ir trabalhar!

RENE -Aos domingos costumo me levantar mais tarde, mas estou com uma emergência no restaurante. Um problema na parte elétrica. Crô, por favor, preciso do telefone daquela mulher, como é que é, a tal Griselda com urgência.

CRÔ -É para já meu amo, a Jeannie é um gênio aqui lhe trará o cartão do Pereirão num piscar de olhos.

IRIS -O que é modernidade não é mesmo? Contratar uma mulher para fazer um trabalho braçal.

RENÉ -Uma mulher muito competente diga-se de passagem. Arrumou a fiação do jardim do dia da festa de renovação de votos com perfeição. Vocês me dêem licença porque preciso ir o mais rápido possível para lá!

Ele pegou o cartão das mãos de Crô e ligou para ela a caminho do Le Velmont e para sua sorte foi prontamente atendido e não demorou muito mais tempo que ele para chegar ao restaurante.

Ela foi muito bem recebida pelo chef e com uma habilidade impressionante, conseguiu resolver provisoriamente o problema.

GRISELDA -Seu René, durante essa semana o senhor poderá usar todos os equipamentos elétricos sem o menor problema, porém essa fiação está toda velha e será preciso trocar.

RENÉ -Já previa que isso pudesse acontecer. Esse prédio não é novo e desde que adquiri esse espaço nunca mexi na instalação, só que não tenho como fechar o restaurante para esse tipo de reforma, pelo menos não tão já. Você tem alguma sugestão? – perguntou bastante tenso.

GRISELDA -Estou vendo que o senhor está aflito e sei que um lugar como esse não pode parar. Tenho uma proposta para lhe fazer. – disse timidamente – Se o senhor quiser, venho depois do seu horário de expediente, e assim ficará mais tranquilo em não ter que parar o seu atendimento.

René ficou surpreendido. Aquela mulher de lindos olhos azuis e sorriso tímido a sua o tinha surpreendido mais uma vez. Seu jeito humilde e manso de falar lhe inspirou confiança e propor trabalhar praticamente na madrugada era porque certamente precisava muito do dinheiro.

RENÉ -Você está falando sério mesmo? Para mim seria a minha salvação.

GRISELDA -Não costumo brincar com coisa séria e depois trabalhar nesse horário é muito mais tranquilo e o serviço rende mais. Vou lhe passar o orçamento de tudo o que vai precisar, só que preciso lhe ser sincera; tem uma taxa adicional por conta do horário.

RENÉ -Faço questão de pagar, só por ter vindo me salvar. Vou lhe dar o meu cartão e assim que tiver um orçamento a senhora me liga. Vou pedir que Severino lhe acompanhe para conhecer todo espaço e ver todo o material de que irá precisar.

SEVERINO -Perfeitamente Seu René, por favor dona Griselda me acompanhe.

Os dois seguiram pelo restaurante, enquanto René foi olhar a lista de reservas para aquele dia. Foi inevitável comparar Griselda com Tereza Cristina. As duas eram totalmente opostas uma da outra e as diferenças gritantes o fazia enxergar a nobreza da alma da faz tudo.

Tereza Cristina sempre foi tão mimada, apesar de ter boa formação, duas graduações que nunca lhe serviram de nada, nunca trabalhou na vida. Se perguntava sobre o que ela faria se um dia perdesse toda a fortuna se não sabia nem ao menos fritar um ovo ao passo que a outra demonstrava ter tanta sabedoria da vida.

Amava sua esposa enlouquecidamente, mas não negava que gostaria que fosse um pouco diferente, mais madura, que saísse do reino encantado que ela criou, onde acreditava que o mundo deveria cair à seus pés, que todos deveriam estar disponíveis para satisfazer seus desejos e caprichos.

Depois de vistoriar todo o prédio, Griselda foi se despedir de René que não perdeu a oportunidade de conversar e saber um pouco sobre ela.

A cada palavra dita, aumentava ainda mais sua admiração. O diálogo não durou mais do que 20 minutos, pois o dever o chamava e reforçou mais uma vez que aguardava o seu retorno.

 O diálogo não durou mais do que 20 minutos, pois o dever o chamava e reforçou mais uma vez que aguardava o seu retorno

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