Capítulo 62 - Uma Nova Vida

567 29 62
                                    

A senhora Velmont subiu para suíte e parou em frente a porta. Hesitou em entrar em decorrência das más lembranças. Crodoaldo atento as suas reações, segurou em sua mão e a conduziu para dentro do quarto. Notou que tudo estava exatamente igual, em seu closet todos os seus pertences continuavam no mesmo lugar, da mesma maneira que os deixou, entendendo que sua família a amava tanto que não conseguira se despedir dela e emocionou-se por isso.

Tomou um banho de banheira, não tão demorado como de costume e enquanto penteava os cabelos não se surpreendeu nem um pouco em ver Crodoaldo atrás dela, ávido de curiosidade.

CRÔ – Minha rainha sei que está cansada, mas agora que subi para o posto de seu amigo e confidente, estou aqui para ouvir tudo o que tem para me contar.

TEREZA CRISTINA -Se eu não te contar, não me dará sossego não é mesmo biba enxerida.

CRÔ -Exatamente minha sumidinha de Alexandria, conte-me tudo e não me esconda nada, especialmente sobre aquele beijo que vi você dando na mulher de bigodes.

TEREZA CRISTINA -Então se prepara meu amigo, pois é uma longa história. Como te disse, foi ela quem me salvou das garras daquela criatura maligna. Fui raptada Crô e você não pode imaginar o meu desespero, ouvir as coisas nojentas que ele me dizia e em um dado momento a demônia da tia Iris telefonou para ele, dizendo que sumisse para bem longe e que se eu ousasse a voltar, fazer qualquer coisa, não pensaria duas vezes em atingir aos meus filhos e foi somente por isso que permaneci escondida por todo esse tempo. No auge do meu desespero, pedi com tanta fé que Deus me ajudasse e de repente, meu caminho cruzou com o da Griselda num farol e lhe pedi socorro e ela não hesitou por nenhum momento. Com a ajuda da Vilma nos perseguiram e num deslize dele saltei do carro e ele na tentativa de me pegar, colidiu com um caminhão e aconteceu o que vocês já sabem.

CRÔ – Meu Deus, minha pobre criança grande, nas garras de um psicopata e na mira de uma outra. Onde esteve escondida esse tempo todo? Não me deixe mais aflita do que estou.

TEREZA CRISTINA – Então sossega e me ouve. Fiquei na casa de uma da Griselda, a Vilma em Iguabinha e meu amigo, entrei em um processo de imersão tão profunda dentro de mim, e me dei conta do quão cruel fui por todos esses anos com tanta gente, até mesmo contigo que sempre se manteve fiel e legal, me comportando como uma garota mimada e caprichosa e nesse processo todo, com todo o que me aconteceu, fui me dando conta de quem eu era e de quem quero de fato ser e a Zel foi permeando um espaço em minha vida e em meu coração que eu não esperava, me ensinando tantos valores que nunca ninguém me ensinou. Sempre tive pessoas me bajulando o tempo todo, mas ninguém sincero o suficiente para me ensinar o que de fato precisava aprender.

CRÔ – Zel, ai meu Deus, as coisas estão mais íntimas do que imaginava. Então é por isso acabou se apaixonando por ela?

TEREZA CRISTINA -Não sei classificar exatamente o que sinto, talvez nem seja necessário, mas gosto dela demais, sinto sua falta e uma atração irresistível. É algo forte, intenso, bem diferente do que sinto pelo René. Meus sentimentos eram um tanto obsessivos, alimentados pelo meu medo e insegurança de perdê-lo.

A conversa entre os dois se entendeu por muito tempo, ela contou com todos os detalhes tudo o que se passara nesse tempo todo em que esteve ausente assim como ele também contou sobre seus filhos, René e no quanto ela fizera tanta falta, conversaram tanto que não perceberam que René Jr. havia acabado de chegar e estava na sala, sentado no sofá, bastante cabisbaixo. Olhava para uma foto que tirou com a mãe na viagem que fizeram pela Grécia. Saudoso foi para suíte master, onde se refugiava quando a saudade aumentava. Se fechava no closet, cheirando suas roupas para senti-la cada vez mais perto e ficou em estado de choque com aquele reencontro.

RENÉ Jr. – MAAAAAÃE! É você? – Gritou, sem saber o que fazer.

TEREZA CRISTINA – Meu bebê! Meu filhinho! Minha vida, você não faz ideia do quanto senti saudades.

Agarrado a mãe, o garoto chorava copiosamente. Tinha inúmeras perguntas, só que não conseguiu articular nenhuma, queria apenas ficar abraçado com sua genitora, recuperando o tempo perdido.

O clima de remoção e reencontro continuou até a chegada de Patrícia e René que custaram a acreditar que Tereza Cristina estava viva. Pai e filha lhe fizeram várias perguntas, buscando entender o porquê de seu desaparecimento, porque se passara por morta os deixando desesperados, sofrendo por um luto irreal.

Ela respondeu pacientemente a todas as perguntas, omitindo alguns detalhes, como Griselda e o risco que os meninos corriam. Não era o momento para dizer coisas ruins e o auge da noite foi quando contou aos três e também para Crodoaldo sobre sua gravides, deixando todos estarrecidos, porém muito felizes.

Uma nova vida seria muito bem vinda na família Velmont, o bebê arco-iris, ainda que não houvesse um luto de fato, mas ter a mãe de volta e carregando uma benção em seu ventre, era mais do que poderiam esperar e imaginar.

Tereza Cristina pediu que não contassem a ninguém que estava viva, alegando querer proteger o bebê, pois estava no início da gestação e não queria repórteres em sua casa tão cedo, o que concordaram sem pestanejar, entendendo que seria o melhor para todos.

Passaram praticamente a noite toda acordados, falando sobre o bebê, rindo de René Jr. que dava alguns indícios de ciúmes por perder seu posto de caçula e quando foram aplacados pelo sono, dormiram todos juntos, unidos pela felicidade do reencontro.

AS APARÊNCIAS ENGANAMOnde histórias criam vida. Descubra agora