Capítulo 44

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Narrado por Rowena Buchudinha.

Eu freei o carro bruscamente. Os bebês se agitaram de uma forma dolorosa na minha barriga e meu coração de apertou em dor.

- Samuel... - Eu ofeguei.

Sem hesitar eu manobrei o carro de volta para o bunker. Quanto mais perto eu ficava do bunker, mais o meu coração se apertava. Minha garganta se fechou e meu olhos já não conseguiam ver a estrada direito com as lágrimas. Nem percebi que já tinha chegado. Corri o mais rápido que minha barriga me permitiu correr e nas escadas tudo veio. Eu já não me via descendo as escadas do bunker, eu estava de novo no meu pesadelo, como se eu estivesse sonhando acordada. Meu pé escorregou no degral e me fez cair sentada na escada, não machucou. Eu não conseguia ver mais nada além da cerimônia e Lúcifer dilacerando a garganta de Sam na minha frente, repetidamente. Ele sorriu para mim e o pesadelo mudou. Agora eu estava dirigindo o carro de Sam em auta velocidade, a enorme parede de pedras se aproximando, a gargalhada irritante de Lúcifer e por fim um sussurro... "Eu te amo Rowena". Tudo escureceu e eu voltei a ver o bunker. Minha cabeça girava tentando entender, minha barriga doia dos chutes, também podendo sentir a dor dos bebês e eu me toquei.

- ROWENA?! - Dean gritou quando me viu e correu até mim. - Você está bem? - Perguntou ele me ajudando a levantar.

- Cadê o Sam? - Perguntei desesperada, minha voz trêmula demais.

- Ele saiu depois de você. Aconteceu alguma coisa com você? Por que está chorando? - Perguntou ele preoculpado.

- Sam... - Eu sufoquei.

Já não sentia o ar entrando em meus pulmões.

- ROWENA! ROWENA! RESPIRA! RESPIRA ROWENA! - Dean gritou ainda mais desesperado.

Eu o escutei e ofeguei fazendo minha respiração voltar.

- Dean vem comigo! - Eu o puxei pelo braço escada acima.

- Pra onde Rowena? A Rose ta sozinha!

Eu o ignorei e ele não lutou, me seguiu tão preoculpado quanto. Entramos no carro, seu olhar confuso, e os meus embaçados.

- Rowena, pra onde estamos indo? Essa estrada não tem saída!

O ignorei novamente. Ao longe eu vi a fumaça no céu e novamente o pesadelo voltou, os dois pesadelos - do casamento e do carro - sincronizados. Eu só senti que ainda estava no carro com Dean por causa dos chutes na minha barriga. Eu sabia que Dean estava do meu lado, gritando desesperado, mas eu só ouvia sussurros. E minha visão voltou. O carro de Sam de encontro com a parede de pedras, horrivelmente amassado, os vidros espalhados ao redor do carro, o motor quebrado fumaçando igual uma chaminé, e um cheiro de gasolina intoxicante. Eu pulei para fora do carro sem freio.

- SAM! NÃO SAM! - Eu gritei correndo em direção ao carro destruído, mas os braços de Dean envolveram minha cintura e me empediram de correr.

- NÃO ROWENA! O CARRO VAI EXPLODIR! - Exclamou ele.

- O SAM TA LÁ DENTRO DEAN!

Antes que eu terminasse a frase, Dean já estava com o celular na mão, ligando para a ambulância. Seu braço ainda me segurando com força. Ele desligou o celular e eu olhei em seus olhos. Eles brilhavam de lágrimas e culpa de repente.

- Dean... - Eu murmurei.

Ele me soltou e correu para carro, procurando um jeito de tirar Sam do mesmo o mais rápido possível. Ele entrou por trás, pelo espaço maior. Seu desespero evidente em seus olhos. De repente o motor começou a pegar fogo.

- NÃOO! - Eu gritei ofegante.

Só vi a mão de Dean me dizendo para ficar onde eu estava. Depois de um minuto - que pareceram horas - Dean conseguiu tirar o corpo de Sam do banco do motorista e o passou para parte de trás do carro. Vi quando ele tentou ouvir a respiração e o coração de Sam. Seu rosto aliviado me fez cair, senti meus joelhos baterem no chão e os chutes se aquietaram. Dean saiu do carro e puxou o corpo de Sam apressado, o fogo começou a se expalhar mais rápido e depois tudo foi como um vulto pra mim. Eu senti uma mão pesada nos meus ombros e quando olhei pra cima, tinha um bombeiro. Só então me toquei das sirenes das ambulâncias e do carro de bombeiros e uma explosão estrondosa. Eu me virei para a direção de Sam e Dean novamente e Sam já estava em uma maca, sendo colocado em uma das ambulâncias. Dean correu na minha direção e me levantou do chão. Eu estava em choque, não tinha controle dos meus pulmões, das minhas lágrimas, das minha pernas que tremiam.

- Rowena, olha pra mim! - Dean segurou meu rosto entre suas mãos e me forçou a olhar para ele. - Respira, Rowena respira... - Ele disse devagar, acompanhando junto comigo o movimento de inspirar e expirar.

- Ele... E-ele tá bem? - Me forcei a colocar pra fora.

- Ele ta vivo Rowena, só respira...

Dean foi interrompido quando um dos socorristas nos pediu para entrar na outra ambulância, Dean havia inalado muita fumaça, e eu estava grávida, então também seriamos atendidos. A ambulância de Sam já estava longe, na direção do hospital. Dean me apertou ao lado de seu corpo me guiou para a ambulância, já que minhas pernas não tinham força suficiente para andar sozinha. O socorrista deu um inalador para Dean e a ambulância deu a partida. Eu não conseguia pensar.

- A culpa é minha, eu não deveria ter deixado ele sair sozinho... - Dean cuspiu pra fora.

- Não foi sua culpa Dean... - Eu murmurei e o apertei.

Ele me apertou de volta até no hospital. As lágrimas rolavam sem controle, minha respiração ofegante, preoculpada, desesperada, em choque. Eram muitas emoções para mim e eu estava passando isso para os bebês. Eles chutavam de vez  quando, como que pra informar que ainda estavam vivos e pra mim sair de meus devaneios. Nesse tempo eu refleti sobre como eu sabia que Sam sofreu o acidente, como sabia o que ele tinha feito consigo mesmo. Eu sou bruxa, não vidente. Dean tentou secar minhas lágrimas enquanto saíamos do carro, mas foi uma tentativa falha.

- Meu irmão, cadê meu irmão? - Dean perguntou para os socorristas que o trouxeram para o hospital.

- Ele já foi levado senhor... - Um deles respondeu e nós entramos no hospital.

Estava uma confusão entre os médicos lá dentro e sabíamos que falavam do Sam, a situação não parecia boa para ele. Dean imediatamente me guiou para uma cama e me deitou na mesma, segurou minha mão com força e afagou minha barriga quando percebeu a agitação dos bebês.

- Ele vai ficar bem Rowena, você sabe que ele é forte! - Exclamou Dean tentando me distrair da discussão dos médicos.

- E-eu não deveria ter saído daquele jeito, m-mas ele me assutou... - Eu tentei explicar.

- Não era ele Rowena, você sabe disso e eu também deveria saber... - Sua voz cortou.

- Também não foi culpa sua... - Eu murmurei o olhando abatida.

Ele tentou soltar um breve sorriso. Seu celular começou a tocar e ele atendeu ali do meu lado mesmo, sem soltar minha mão em nenhum momento. Eu substitui sua mão na minha barriga, para manter os bebês calmos. Eu estava distante demais para perceber o que ele falava no celular, mas sabia que falava com Rose.

- Você sabe que também não é culpa dela... - Eu disse quando ele desligou o celular grosseiramente.

- Eu sei... Tenta ignorar aqueles médicos tabom?! O Sam vai ficar bem! - Ele prometeu e eu tentei ignorar ao máximo os médicos.

Desejos Impróprios - SamwenaOnde histórias criam vida. Descubra agora