Sobrevivendo

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Bailey] _ Você mal tocou na sua pizza... Não gostou? É sua preferida...

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Any] _ Eu só estou sem fome...

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Bailey] _ Aí está uma coisa que eu ainda não tinha visto!

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A gente riu um pouco, porque ele sempre ficava impressionado com o tanto que eu comia! E eu sempre mandava ele calar a boca, enquanto pegava o outro pedaço da pizza que estava no prato dele! Mas hoje, simplesmente não descia! Bailey viu que tinha algo de errado comigo, mas era discreto e generoso demais para me fazer falar sobre um assunto que eu claramente queria evitar!

Por falta do que fazer, acabamos decidindo assistir TV. E ele não se importou que eu escolhesse uma comédia romântica bem água com açúcar, e até fingiu que não me via chorar nas partes mais melosas e clichês. Quando ele saiu da sala, eu pensei que finalmente ele tivesse se fartado da minha companhia, mas então, ele voltou com uma panela de brigadeiro, cheia de morangos picados por cima, e então, eu, pela primeira vez, tive certeza de que tudo ficaria bem! Eu não estava sozinha, mesmo que quem realmente me importasse não estivesse ali, eu tinha alguém que se importava comigo, e isso tinha que contar de alguma forma...

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Bailey, como era feito de carne, osso e hormônios masculinos, acabou não aguentando todo aquele melodrama e dormiu no meu ombro. Eu já nem sentia meu braço mais, com todo aquele peso barrando minha circulação. Mesmo assim não me movi. Não queria acorda-lo. Eu até me lembrei de quando minha mãe me dizia que era assim que sabíamos que gostávamos de uma pessoa: quando ela está nos machucando e não queremos nos afastar dela mesmo assim. Talvez aquela frase se adequasse mais a outra situação de minha vida do que àquela, mas eu não queria pensar naquilo. Ele já estava em um sono tão profundo, que nem ouviu a conversa animada das meninas, enquanto entravam porta a dentro. Eu me empertiguei um pouquinho, só pra conseguir vê-las melhor, mesmo assim, ele não se moveu um único centímetro.
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Jo] _ Any? Que surpresa maravilhosa!! Eu estava tão ansiosa para te apresentar à Sabina, que quase passei em sua casa! Mas ela conseguiu me convencer que uma visita depois da meia noite, talvez não fosse muito bem recebida _ falou rindo, olhando para a amiga com tanto amor, que me fez lembrar a forma como Jos... Balancei forte a cabeça para varrer a lembrança, e foquei novamente minha atenção na minha amiga, e em sua linda companhia _ Mas, como você mesma diz, era tão coisa de destino, que aqui está você, pronta para conhecê-la hoje!

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Sabina] _ Prazer! _ disse amigavelmente, envolvendo inesperadamente meu corpo em um abraço caloroso _ Você é mesmo bonita pra cacete!

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Any] _ Obrigada... _agradeci corando um pouco _ Você também é linda! _ eu sempre ficava envergonhada quando elogiava uma pessoa depois de ser elogiado por ela, mas o que mais eu poderia dizer? Sobretudo quando era a mais pura verdade: ela era mesmo linda! E linda pra cacete mesmo! Eu teria dito isso, mas fiquei com receio que ela pensasse que eu estava unicamente copiando a fala dela! Então, ficamos caladas por um segundo constrangedor, e foi um ronco estranho de Bailey que quebrou o gelo.

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Bay] _ Vocês já voltaram? _ perguntou mal humorado, mas ainda sem se mover, exceto talvez se aprofundando ainda mais em meu ombro já dolorido.

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Apesar do avançar das horas, passamos algum tempo mais conversando os quatro. Quando contei sobre a repentina viagem de minha mãe, Joalin não precisou perguntar nada para deduzir que eu passaria os próximos dias em sua casa. No decorrer da conversa, eu ainda divagava algumas vezes pensando no que Josh estaria fazendo naquele exato momento. Em outras tantas, me dedicava tão somente a sentir pena de mim mesma. Joalin percebia instantaneamente quando só meu corpo estava ali, e sempre dava uma forma de me trazer de volta! E Bailey... Bom... Bailey era Bailey! Ele sempre me fazia rir... Não fosse por mais nada, seria de sua ingenuidade! Ele não entendia uma ironia: NUNCA! Parecia uma criança de dez anos, habitando o corpo de um homem de dezoito. E cá entre nós... QUE CORPO!

Apesar de tudo, na maior parte do tempo eu estava feliz por estar ali, e me sentia a mesma Any de sempre! Cada minuto que me passava me trazia a mais absoluta certeza de que mães com certeza têm algum pacto secreto com o além! De que outra forma ela saberia exatamente do que eu precisava, quando eu mesma não tinha a menor ideia de que aquilo iria funcionar?

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Bailey insistiu para ser também convidado a dormir no quarto das meninas, agora que tínhamos decidido ficar as três em um único quarto! Quando ficou decidido que sob hipótese alguma ele seria convidado a dormir naquele quarto, ele alegou que, a única outra forma de as coisas ficarem mais justas, seria que então, pelo menos eu, aceitasse ir dormir no quarto dele! Foi aos pontapés que Joalin lhe disse adeus, e seus protestos duraram no corredor por muito tempo depois disso.

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Eu estava feliz, de muitas maneiras, que eu jamais imaginava algumas horas antes poder estar! De alguma forma, eu sentia como se fosse uma vida de merda, mas finalmente eu estava boiando novamente em sua superfície, ao invés de estar afundada nela. Isso já era alguma coisa!

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Estávamos as três, espaçosamente, confortáveis dividindo a enorme cama de Joalin. Eu me recusei a ficar no meio, e elas não criaram qualquer objeção. Mesmo sentindo a corrente elétrica que corria faiscante entre elas, eu não me sentia uma intrusa ali. O tempo todo Joalin me lançava um olhar, como se quisesse que eu me atentasse a alguma coisa que Sabina disse, e podia ser indubitavelmente entendido como uma cantada. Eu sempre lhe devolvia o olhar, como se dissesse: e aí, pega ou arrega?

Eu fiz um delicioso papel de cupido, enquanto falava coisas do tipo: "porque vocês não se pegam logo!" Ou "será que eu posso ficar aqui, ou vocês já vão se comer?". Outra vez, eu acabei achando que o clima estava verdadeiramente ficando quente, com toda aquela tensão pré primeiro beijo pesando toda a atmosfera do quarto, e me despedi delas, dizendo que o quarto de Bailey teria muito menos tensão sexual do que aquele ali. Elas reivindicaram minha presença, mas a verdade é que elas meio que ficaram felizes por eu sair. De toda forma, me senti feliz, porque acelerei o processo! Elas se pegariam de qualquer forma, mas eu devo ter adiantado alguns dias graças às minhas insinuações.

A barraca do beijo Onde histórias criam vida. Descubra agora