Esquemas

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Any On

Eu sabia que alguma coisa estava errada! Não... Sabia que alguma coisa estava muito errada! Eu podia ver a tristeza, e algo que eu só poderia definir como medo, assombrando os olhos de Josh. Nós nos conhecíamos bem demais, e há tempo demais, para que ele pudesse me enganar sobre isso. Mas ele mesmo havia me dito que tinha algo sério para me contar. Algo que, segundo ele, poderia acabar com nosso relacionamento... Mas eu simplesmente não conseguia imaginar o que, de tão grave ele poderia ter feito, para supor que eu o deixaria em virtude daquilo! E na realidade, parte de mim temia saber... Eu sei que vinha ignorando todas as suas tentativas de me contar, mas isso era só porque algo dentro de mim dizia que eu não suportaria saber daquilo! Eu queria poder explicar melhor... se pelo menos eu entendesse...

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Priscila] _ Any? Você apagou uma mensagem que me mandou ontem a noite... _ disse minha mãe, quando me viu descer as escadas pela manhã, já pronta para ir à escola. Eu tinha apagado a mensagem em que a avisava que sairia e lhe contaria sobre mais tarde, porque como ela ainda não a tinha visualizado quando eu voltei e tampouco estava em casa quando voltei, achei que não fazia mal algum adiar um pouco nossa conversa _ Espero que não tenha ficado chateada com meu atraso... _ disse me envolvendo em um abraço apertado, cheio de culpa e amor. _ Eu sei que não tenho te dado muita atenção ultimamente, filha... E não pense que eu não tenho visto que você está diferente... sempre esquiva, taciturna... eu posso não saber ao certo o que há com você, mas eu sei que você sabe que você sempre será minha prioridade... é que esse processo tem me sugado tanto, e eu sinto como se eu estivesse me perdendo de você...

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Any] _ Ei mãe... está tudo bem! Você ainda é minha mãe preferida. _ falei retribuindo seu abraço, enquanto tentava quebrar um pouco o clima pesado, me sentindo um pouco culpada por, de certa forma, levá-la a pensar que era ela o motivo de meu comportamento arredio nos últimos dias. _ Eu me orgulho muito de ser a filha da defensora dos fracos e oprimidos! De verdade! Eu prometo que está tudo bem... eu só não quero falar sobre ainda... mas logo logo a gente vai conversar sobre minhas coisinhas de menina... Até lá, quero que você saiba que eu sei que você sempre está aqui por mim! E eu te amo por tudo isso!

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Nós continuamos presas por mais um tempo naquele abraço. Era bom estar ali. Eu me sentia novamente uma garota de cinco anos de idade, com aquela sensação boa de que ela poderia resolver todos os meus problemas... todos menos um... um que eu nem sabia sua causa ou tamanho, mas ainda assim, tinha a capacidade de fechar minha garganta e impedir que o oxigênio chegasse aos meus pulmões. Eu sabia o que precisava: encontrar Josh. Precisava de coragem para deixá-lo me contar o que quer que fosse! Qualquer coisa era melhor do que aquele terror causado pelo suspense! "Não qualquer coisa!", sussurrou minha cabeça, e eu não sei ao certo o porquê, mas o nome "Dytto" ecoou imediatamente após, em um tom de aviso. Eu senti todos os pelos do meu corpo se elevarem, e instintivamente, apertei mais forte os braços em volta da minha mãe. Ela me olhou apreensiva, deixando uma ruga de preocupação se formar entre seu olhos, mas então, eu apenas lhe beijei a bochecha, e, sem dizer qualquer outra palavra, engoli um iogurte com morango antes de sair.

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Eu poderia esperar por Josh para me levar a escola, mas eu não o fiz! Talvez porque algo me dissesse que ele simplesmente não viria, e seria mais patético ainda se eu simplesmente esperasse por ele ali. Eu não vou mentir, fingindo que não tive esperança de que ele me alcançasse durante o percurso. No entanto, ele nunca o fez! Quando cheguei na escola, ela ainda estava praticamente vazia. Eu pensei em esperar por Josh na entrada, mas achei que parecia muito desespero de minha parte! Uma parte de mim falava "Deixa de neura, Any! Não aconteceu nada! Vocês tiveram uma noite perfeita, e ele te ama! Isso é tudo um exagero da sua imaginação!". Mas então, tinha outra voz que insistia em me torturar dizendo " Você vê como há algo de muito errado? Se não, ele não teria te enxotado da casa que disse ser de vocês ontem, e saído correndo no meio da noite! Se não, ele teria te buscado logo de manhã... ou mandado um mensagem... ou respondido alguma das mil que você mandou... " Eu só tinha mandado uma mensagem, e tudo aquilo era muito dramático! E eu não sabia explicar exatamente porque, mas aquela segunda voz fazia muito mais sentido pra mim...

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[...] _ Olha... eu já pensei muita coisa de você... acredite em mim... mas nunca te imaginei do tipo liberal..._ disse com aquela voz asquerosa, enquanto ele se aproximava de mim _ Mas não posso dizer que tenha sido uma surpresa ruim... me faz pensar se... _ ele parou bem ao meu lado, chegando a boca bem perto de meu ouvido, e soltou um gemido, antes de continuar falando _ será que o benefício é estendido aos dois, ou o privilégio é só dele?

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Eu devia ter corrido! Devia ter me afastado de suas garras nojentas e assustadoras, e pedido por socorro! Eu sabia que era essa a coisa certa a se fazer! Sabia que mil coisas podiam ser feitas, no lugar de ficar ali, ouvindo aquele escroto destilar o seu veneno! Mas então, por que algo dentro de mim insistia para que eu me mantivesse ali, até saber o que ele queria dizer com aquilo? Por que minhas pernas não se moveram um milímetro sequer para longe daquele garoto estúpido, que eu sabia muito bem, seria capaz de qualquer coisa para se vingar de mim? E por que minha mente não foi capaz de pensar em qualquer outra coisa que não fosse a pergunta que meus lábios proferiram a seguir?

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Any] _ Do que você está falando, Tyller? _ falei,  enquanto eu arrancava grosseiramente da minha cintura sua mão nojenta _ Você está mesmo ansioso para destilar seu veneno! Aqui está sua oportunidade! Fale logo!

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Tyller] _ Já te contaram que você fica ainda mais deliciosa quando está assim, toda nervosinha? _ disse, entrelaçando os dedos em meus cabelos. _ Eu só queria saber... se é vantagem só do Josh comer as outras garotas enquanto fica com você, ou você também tá aberta a conhecer outras possibilidades...

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Any] _ Eu sei o que você está tentando... mas não vai dar certo! Eu sei que Josh não está com ninguém além de mim... então, tenta outra...

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Tyller] _ Então talvez eu esteja enganado... Talvez não tivesse sido ele a chegar em um carro conversível ontem, por volta de uma da madrugada no clube... talvez não fosse ele que Dytto estivesse esperando lá... Ela deve ter mentido pra mim, quando me disse que estava mandando uma mensagem a ele, minutos antes do tal carro aparecer... Ah... talvez _ disse sussurrando em meu ouvido _ não fosse ele, quem eu vi entrar na cabana, e sair várias horas depois... Eu podia jurar que sim, mas te vendo com tanta certeza, começo a duvidar de meus olhos...

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Aquelas palavras me feriram de uma forma, que eu nunca saberei dizer de onde tirei forças para segurar as lágrimas que lutavam bravamente para chegar aos meus olhos. Mas segurei! Eu não precisava ouvir mais nenhuma palavra!

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Não precisava continuar ali, sendo humilhada por aquele canalha, não precisava ter erguido meu dedo do meio pra ele, quando me soltei de suas garras e me apressei a caminho do banheiro, e ouvi ele gritar que ainda me dava uma chance, apesar de eu já ser tão rodada! Mas eu ergui! E foi tropeçando em meus próprios passos que consegui chegar ao banheiro, e me trancar em um cubículo, enquanto deixava as lágrimas caírem em uma torrente, enfim sentindo toda aquela enorme dor tomar conta de meu corpo...

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Ele não podia ter inventado aquilo! Fazia todo sentido! Eu conhecia muito bem Josh para saber que era exatamente aquilo que ele fazia com todas as garotas! Todo mundo sabia, na verdade! Era um padrão: ele se interessava por uma garota, a seduzia, ficava com ela por algumas horas, mas no final das contas, era nos braços de Dytto que sua noite terminava! Era como se uma parte de mim soubesse que aquilo iria mesmo acontecer! Mas outra parte insistia em me enganar e dizer que comigo seria diferente... que comigo era amor! Eu tinha vontade de me bater! Como pude ser tão idiota? Como pude deixá-lo se aproveitar de mim? Como pude ser mais uma de suas patéticas vítimas... E ali estava eu: chorando em um banheiro público, exatamente como tantas outras garotas, a quem eu mesma ajudei a consolar, por causa de um garoto que não merecia nada além de meu desprezo! Eu precisava ser forte... Precisava confronta-lo! Precisava dizer a ele tudo o que estava engasgado dentro de mim! E era isso que Eu faria!

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[...] _ Ei... presta atenção por onde anda! _ disse, mal humorada, recolhendo os materiais que acabaram caindo com o impacto do meu corpo contra o seu, a garota em quem eu esbarrei saindo do cubículo no banheiro. Eu já estava prestes a me desculpar, quando a reconheci. Ela levantou seu rosto e pareceu igualmente espantada ao me ver. _ Any... Eu não esperava encontrá-la por aqui... mas talvez tenha sido coisa do destino, já que eu precisava mesmo falar com você!

A barraca do beijo Onde histórias criam vida. Descubra agora