Uma dor insuportável

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Any On
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Quando eu consegui reuni forças para tanto, me arrastei para fora do banheiro e levei meu corpo, exausto de tanto chorar, para a secretaria. O sinal para a primeira aula já tinha soado algum tempo antes e eu contava com o benefício do horário para me arrastar meu próprio corpo pelos corredores sem ser notada! Foi preciso apenas dizer que estava com cólica menstrual ao coordenador para que ele me liberasse em pânico! Homens sempre temem ter que interagir com uma garota nesse período, e eu sabia que ele, particularmente, era muito sensível a esse tipo de assuntos! Achava que se tratava da "intimidade da mulher". Acho que foi a única vez que me senti feliz, por ter um coordenador que parecia mais um homem das cavernas do que outra coisa qualquer.

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Consegui sair da escola sem qualquer incidente, e o caminho para casa também ocorreu da mesma forma. Eu aproveitei para libertar muitas lágrimas, e deixar minha mente ruminar tranquilamente todos os acontecimentos recentes! Eu precisava colocar tudo em ordem! Precisava entender e abraçar toda aquela dor. Do contrário, ela nunca passaria.

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Cheguei em casa, e como esperava, minha mãe não estava lá. Era melhor assim! Sabia que teria que lidar com ela mais tarde, mas se pudesse postergar aquilo, o faria sem qualquer dúvida. Subi direto para o banho, e deixei a água cair por meu corpo, na esperança de que ela levasse consigo toda a dor que me consumia. De certa forma, eu sentia como se a vida estivesse sendo arrancada de meu corpo. Como se minha alma simplesmente decidisse não habitar mais ali. Eu não sei ao certo como consegui carregar meu próprio peso até a cama, mas foi lá que eu acordei várias horas mais tarde, com minha mãe abraçada ao meu corpo, me dizendo para me acalmar.

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Priscila]_ Any... você está acordada?

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Any] _ Oi mãe... acho que estou... _ respondi, sem me dar conta exatamente das palavras que saíam da minha boca...

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Priscila] _ Graças a Deus... O que aconteceu, filha?

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Eu não conseguia pensar em nada, que não fosse me enfiar em seu colo, e esperar que ele pudesse me proteger de toda aquela dor. Enquanto eu me deitava em seus braços, com a cabeça afundada em seus ombros, chorei desesperadamente! Lá dentro uma voz tentava me fazer parar, porque sabia como aquilo acabaria com minha mãe, mas eu simplesmente não conseguia. Por mais errado e egoísta que fosse. Por mais que eu a fizesse sofrer da mesma forma que eu estava sofrendo. Eu precisava dividir aquilo com alguém, e talvez assim, só talvez, eu conseguisse encontrar alguma vida, depois que minha alma tinha certeza de que havia chegado o seu fim.

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Priscila] _ Tá tudo bem, filha... Mamãe tá aqui... _ dizia ela, como um mantra. Mas eu podia sentir o pânico em cada nuance de sua trêmula voz. _ Vai ficar tudo bem!

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Eu não sei quanto tempo passei ali, chorando e tremendo no colo dela. Em algum momento, ela começou a chorar junto de mim, mas rapidamente se recompôs, porque concluiu que o desespero dela me faria sofrer ainda mais. Acho que foi naquele ato de força dela que enfim encontrei algo em que me agarrar. Ela me amava mais do que tudo, e de certo modo, senti como se houvesse um motivo para continuar ali. Como se minha alma entendesse que precisava continuar em meu corpo, mesmo que aquele não fosse, nem de perto, o melhor abrigo para seguir. Finalmente, fui sentindo um vazio enorme ocupar o lugar da dor, e consegui erguer meu corpo o bastante para me sentar, encarar minha mãe, e tentar acalmar, de alguma forma, sua enorme preocupação.

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Any] _ Mãe... eu não quero te assustar... mas eu ainda não estou pronta pra falar tudo... de toda forma, basta você saber, que Josh e eu estávamos... eu nem sei o que estávamos... mas acabou... e tá doendo muito... _ enquanto eu via o choque e a apreensão tomarem conta de seu rosto, entendi que precisava prometer algo que eu mesma estava certa de que não conseguiria cumprir. Mas precisava prometer mesmo assim! Porque ela precisava daquilo! E eu seria incapaz de fazê-la sofrer mais do que me fosse impossível evitar. _ Vai ficar tudo bem! Eu prometo! Eu só preciso de um tempo sozinha, pra organizar meus sentimentos e minha cabeça! Vai passar... Eu sei que vai!

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