Capítulo 45

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Antes

2004

Woodland - EUA

Dylan

Se passaram dez anos depois da morte do desgraçado que eu chamava de "pai". Desde então, venho morando com a minha avó por parte de pai. Ela me encontrou morrendo de fome em casa sozinho quatro dias depois do que aconteceu. Não sei o que aconteceu com o corpo dele, só sei que não ouve enterro nenhum, e mesmo que houvesse eu claramente não iria querer comparecer. A menos que fosse para cuspir em seu caixão antes dele ser coberto pela terra.

No momento eu estava no meu quarto jogando vídeo game, e minha vó aparece na porta. Sua cara se enche de espanto quando me vê sentado na cama com as mãos e a camisa cobertas de sangue. Havia um gato todo aberto no chão do meu quarto aos meus pés, que eu havia matado a pouco tempo atrás.

Ela coloca a mão no peito e suspira olhando para os próprios pés, parecia pensar em alguma coisa. Depois ela volta seu olhar para mim e caminha em minha direção até parar na minha frente. Toma o controle do vídeo-game de mim e joga na tela da televisão. Pareceria extremamente alterada por algum motivo que eu ainda não sabia qual.

- Me diga uma coisa, Dylan, você tem que matar cada criatura viva que atravessa o seu caminho? Será que não pode apenas mutilar? Que tal?! É uma ideia inovadora! Se eles causam algum incomodo, porque não pede a eles educadamente que eles saiam daqui!!!

- Ele ficava miando sem parar e se esfregando na minha perna!

- Olha, eu sei que eu estou longe da perfeição e eu sei que tive minha cota de fracassos educando crianças, seu pai e os irmãos dele são exemplos disso, mas cansei de levar a culpa pelo terror e sofrimento que você vive trazendo a esta casa!

- Eu não vou fazer isso de novo, eu prometo! Eu não sei porque eu vivo fazendo isso... eu preciso de ajuda. Sou só um menino...

Minha avó aponta o dedo para o meu rosto e eu me afasto para trás.

- Você não é um menino! Meu neto sim é um menino! E eu vejo os olhos dele nos seus olhos, e ouço os resquícios da voz dele na sua garganta! – Ela me pega pelo pescoço. – Mas você não é ele! De alguma maneira você ficou com a cama dele! Mas você... NÃO É ELE!

- Por favor, não fique com raiva!

- Você me fez de idiota esse tempo todo, me tratou feito uma criada! Todos os roedores enterrados e as babas assassinadas, e eu fui cumplice pensando que era apenas uma fase que você estava passando, mas isto não é uma fase, isso é o que você é! E isto só vai ficar pior! Mas eu juro por Deus, isto não vai acontecer na minha casa!

Minha avó se afasta de mim indo até o meu armário onde ficavam minhas roupas, ela as arranca dos cabides e joga elas em mim.

- O que quer dizer? – Pergunto preocupado.

- VAI EMBORA! Vai embora, não me interessa pra onde, pode dormir num banco de praça ou debaixo da ponte! NÃO ME INTERESSA!

- Por favor não fique com raiva de mim! – Eu me ajoelho aos pés da minha avó, e braço suas pernas olhando para cima. – Por favor! Eu vou mudar!

- EU NÃO QUERO VOCÊ!!! – Ela me empurra para o chão. – SAIA DAQUI! SAIA DAQUI! SAIA DAQUI! E NUNCA MAIS VOLTE!!!

Eu fico ofegante, olho para todos os lados procurando uma solução pra isso, mas não consigo pensar em nada. Sinto raiva crescer dentro de mim, a mesma raiva que eu senti toda a minha infância, a mesma raiva que senti quando matei o meu pai. Eu me levando do chão, apanho o pescoço da minha avó e a pressiono contra a parede.

Amor Oculto - Vol. IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora