Capítulo 13

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Lyanna

Todas as espiãs da D.N. tinham um trabalho de fachada, apenas para mantermos as aparências para o mundo externo. Como eu já era formada e tinha experiência na minha área, rapidamente me arrumaram um emprego de meio horário, das terças aos sábados em uma clínica veterinária em Moscou.

Lá costumava ser bem tranquilo na maior parte do tempo, e eu ficava mais na sala de cirurgia. Mas quando as cirurgias terminavam, eu fazia alguns atendimentos clínicos quando os outros veterinários estavam muito ocupados cuidando dos animais internados.

- Por favor!!! Alguém me ajude!! – Uma idosa aparece entrando com algo enrolado em um pano. – O meu menino!! Por favor!! Salvem o meu menino!! – Ela chorava desesperadamente.

- O que aconteceu?! – Eu pergunto.

- Eu acho que ele comeu veneno! Por favor!

- Deixa ele comigo!

Pego o cachorrinho da idosa nos braços e o levo para longe das vistas dos clientes, que estavam sentados aguardando suas consultas. Olho os padrões vitais do meu paciente, e não estavam nada bons. Pulso baixo, respiração ofegante, e não havia reflexo quando eu tocava em sua pupila, que estava dilatada, o que significava um mal sinal. Quando eu já estava terminando de colocá-lo no soro, para administrar medicação intravenosa, ele para de respirar.

- Ele parou! Peguem tubo endotraqueal número sete! Rápido!

Meus auxiliares rapidamente preparam os instrumentos necessários. Eu o entubo, e encaixo a sonda na mangueira ligada ao oxigênio, enquanto um dos meus auxiliares respirava para o cachorrinho. Eu pego estetoscópio para verificar se seu coração ainda estava batendo, senão todo o oxigênio que estávamos mandando para os seus pulmões seria inútil se seu coração não fizesse sua parte de levar o sangue arterial para os tecidos.

- Ele está parando! - Falo apontando para a mesa de instrumentos. - Me dá 1ml de Adrenalina!

Meu auxiliar faz o que eu peço e me entrega a seringa. Eu a pego e enfio a agulha entre a segunda e terceira costela, injetando a droga em seu coração. Ao fazer isso, começo a massagem cardíaca, enquanto um dos meus auxiliares continuava respirando para o cachorro. Após longos minutos ali, eu verificava os batimentos com meu estetoscópio, mas o coração dele havia parado de vez.

- Ele se foi. – Um dos que estava na sala fala me mostrando a língua roxa do cachorro, que significava que ele estava realmente morto.

- Não. Não. Não! – Não queria deixar que ele partisse, talvez se eu continuasse mais um pouco o coração dele voltaria a bater. – Vamos lá, garoto! Vamos! – Eu insistia.

Todos me encaram com pena em seus olhares, por me verem insistir em tentar reanimar um cachorro morto. Só que eu já estava farta disso, de vê-los partir.

- Doutora... – Uma de minhas auxiliares toca o meu braço. – Já chega. Você quebrou todas as costelas dele tentando reanima-lo, mas ele se foi, não há mais nada que possa fazer.

- Okay... – Eu encaro o cachorro na mesa, minha mão ainda estava sobre seu pelo e eu o acaricio. – Deixa que eu converso com a proprietária.

- Tem certeza?

- Sim.

Eu caminho até uma sala particular que usávamos para atender os clientes com mais privacidade. A senhora, dona do cachorro, estava aguardando apreensiva por notícias de seu animalzinho. Eu entro pela porta e a fecho, olho para ela e balanço a cabeça.

- Eu sinto muito. Fiz tudo o que eu pude.

- Não... Não... O meu Bob... – Ela chora, como se tivesse acabado de perder um filho. – Porque, senhor?! Porque isso teve que acontecer?! Porque?!

Amor Oculto - Vol. IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora