POV ANASTASIA
Todos os caminhos pelos quais andamos não nos ensinaram a caminhar. E obtenho a prova disso quando saio da sala de Christian e ele simplesmente me deixa ir. Não por ser melodramática ou coisa do tipo, mas saio porque entendo que não há mais o que ser feito.
Ando sem rumo, inicialmente, porém ao notar que Andrea está me observando, lhe dou um sorriso fraco e parto para o lavabo. Não tenho condições emocionais de vestir a carapuça de empresária e entrar em uma sala de reuniões.
Fecho e tranco a porta atrás de mim após entrar no ambiente grande demais para um lavabo. Mas ninguém seria capaz de esperar menos da GEH.
Encosto-me na porta e suspiro. Tento controlar a respiração comprometida pela ansiedade, mas a tentativa é em vão.
Eu nem consigo contar quantas merdas aconteceram no último ano, e todas foram remendadas com pedaços de felicidade; como se isso pudesse apagar as marcas do passado. E não, não pode.
Neste momento sinto vontade de ligar para alguém que possa me dizer que este não é o fim do mundo. Preciso de uma luz que me diga que a escuridão não é eterna. Quero o colo materno, o abraço de um amigo, um consolo paterno...qualquer coisa!
Fecho os olhos e penso em algo utópico para disfarçar o furacão dentro de mim. Penso em tempos atrás, quando minha maior preocupação era decidir qual desenho animado queria ver. Respiro fundo e me consolo, porque eu sou tudo que tenho.
Ligo a torneira e deixo a água morna limpar o suor frio das minhas mãos. Eu precisarei ser forte, ainda mais, a partir de agora. Será como estar no inferno, então precisarei me familiarizar com minha diaba interna.
Encaro a Anastasia no espelho e sorrio para a mulher que vejo. Não é minha melhor versão mas, porra, não estou tão mal. Talvez noites completas de sono e um colo possam melhorar minha feição abatida, mas, fora isso, estou fisicamente bem. É claro que toda a turbulência sentimental reflete na minha aparência, contudo consigo ver traços de beleza. Bem, seria meu fim caso minha autoestima estivesse comprometida.
Passo as mãos pelo cabelo e jogo alguns fios para a lateral, o que torna meu visual mais despojado. O gloss incolor nos lábios abate o exagero do vermelho na roupa, criando uma mulher confiante, mas ainda assim reservada.
Saio do lavabo e vou até o balcão perguntar a Andrea onde será a reunião. Na terceira sala, ela diz. Caminho para o local indicado tentando ao máximo manter meus passos firmes sobre o salto.
Decidida a incorporar a mulher de negócios, bato duas vezes na porta antes de abrí-la. E como não estavam preparados para serem interrompidos, todas as pessoas voltam suas atenções para mim.
Puta merda!
-"me perdoem pelo atraso" peço. Eu não sei, talvez devesse dizer algo mais? Devo pedir licença antes de entrar?
Ando até o outro lado da mesa e me sento ao lado de Gregory, entre ele e Ros. Ros é a assistente pessoal de Christian; ela é responsável por tudo na sua vida profissional.
-"Acabamos de começar" um senhor de meia idade informa. Em seguida o mesmo senhor continua a falar o que interrompi ao entrar.
-"a pontualidade é uma virtude, Sra. Grey" o homem defronte para mim murmura baixo, porém em tom claro. Greg aperta minha mão sob a mesa.
Ele faz o tipo padrão de beleza. Talvez esteja bronzeado demais para o outono, mas sua cor acastanhada o deixa charmoso. A barba rala e os olhos verdes certamente complementam o homem, mas seus cabelos longos e, talvez, um pouco loiros, captam toda a atenção do seu visual. Porém, apesar de longos, seus fios estão presos por um elástico.
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50 Tons de Punição
ФанфикUma história não precisa de fatos, precisa de alguém que a conte. Nesta história, Christian e Anastasia Grey vivem suas vidas, enfrentando dificuldades de um casamento e interferências de velhos inimigos. Quem vos conta a história sou eu, com mudanç...