O olhar de Elena cruza sorrateiramente com o meu. Me pergunto que diabos ela faz com Bob! Ambos andam até nós, cada um tendo sua própria conclusão sobre a situação.
Meu corpo toma uma posição defensiva. Talvez seja reflexo do nosso último encontro. Christian observa Elena andar em seus vinte centímetros de salto agulha até nós, e ele não parece surpreso com sua aparição.
-"Christian, Anastasia" ela cumprimenta. Quanta intimidade, Sra. Robinson, quem sabe nós possamos trocar receitas mais tarde. Ela é muito refinada, ainda mais com sua bolsa Prada. O diabo realmente veste Prada, ou, pelo menos, usa.
-"Elena" Christian saúda. Não me empenho em lhe cumprimentar, afinal, minha antipatia por esta mulher não é desconhecida.
-"Negócios em Savannah?" Pergunto. É uma maneira sutil de lhe perguntar que merda ela veio fazer aqui.
-"na verdade, ela veio ver ao Christian. Eu lhe encontrei perdida no corredor" Bob responde por Elena. Para alguém "encontrada" no corredor, eles pareceram muito íntimos.
-"nunca havia visto Elena antes?" Questiono. Bob engole em seco, pensando em uma resposta plausível.
-"não, Anastasia" Elena murmura, tomando as rédeas da situação cinicamente. Eu detesto pensar nesta hipótese, porém, suponho que Elena estivesse seduzindo Bob, o que, de certa maneira, me atinge. Pode ser apenas um pensamento neurótico, enfim.
-"pensei que tivemos nos acertado em Las Vegas" Christian comenta. Seu olhar é rígido sobre ela, quase como uma repreensão. Agora, eu consigo entender o que ambos estão fazendo. Eles estão disputando pelo domínio, o que fazem muito bem!
-"não chegamos perto disto" Elena silva. Meu humor declina com a briga animalesca, e, ao mesmo tempo, camuflada.
-"podemos ter um minuto?" Ela pede. Seu tom diz muitas coisas, e nenhuma delas é inocente. Eu ficaria enojada com sua imaginação sobre os minutos que quer com meu marido!
-"eu vou ver minha mãe" digo. Não me importo em parecer rude, que se foda Elena! Christian está livre para conversar com ela, sobre seus negócios ou o inferno que tiverem para falar!
-"eu sinto muito pela sua mãe, Ana. Prometo não demorar com seu marido, sei que você precisa dele" Elena fala com naturalidade. Posso pensar em coisas muito desagradáveis para dizer à essa vadia, contudo, apenas mantenho o silêncio. Não irei disfarçar o ódio recíproco que sentimos.
-"perdoe a Ana, ela está abalada com o que aconteceu" diz Bob. Porra! Você conhece esta mulher a cinco minutos! Não se desculpe por mim, enquanto vê um lobo em pele de cordeiro. Cada um com sua fodida merda, e Elena não faz parte dos problemas de Bob!
-"eu devo estar mesmo....mas, Elena sabe" murmuro. Ando poucos passos até a porta do quarto número três, e a abro. De um problema a outro!
A Sra. qualificação profissional Blossom está fazendo a troca das bolsas de soro em minha mãe. Assim que me vê, ela sorri com empatia. Talvez, em algum lugar dentro dos seios fartos, ela saiba o que estou sentindo.
-"Olá, Sra. Grey" cumprimenta.
-"oi" respondo. Caminho para perto da cama, e analiso as mudanças no corpo de Carla em menos de vinte e quatro horas.
-"como ela está?" Pergunto. Cora pega uma caderneta de anotações sobre o mesmo carrinho que está a bolsa de soro vazia, e me entrega.
-"estas são as observações do médico" anuncia.
-"ela está melhor a cada minuto" diz. Há um brilho diferenciado no olhar de Cora, deixando explícito que ela gosta do trabalho que faz.
Abro a caderneta, e começo a ler as anotações desde ontem, após o ataque cardiorrespiratório.
"Fibrilação ventricular, controlada com desfibrilador. Ritmo cardíaco acelerado e irregular. Presença de atividade elétrica na musculatura cardíaca; todavia, os batimentos são ineficazes e não há a presença de circulação sanguínea"
Leio, também, o que o médico anotou hoje pela madrugada. Não tenho certeza se Delory, ou Bradley, o fez.
"Batimentos cardíacos controlados. Ausência de remédios para controle respiratório, além de oxigênio por via oral, e nasal. Pressão arterial regular, sem alterações. Recuperação cirúrgica avançada"
-"você não está feliz com a notícia?" Cora toma minha atenção ao perguntar. Eu não esbocei uma reação contente por saber que minha mãe melhorou, e ainda melhora rapidamente. Elena deveria ficar muito satisfeita por me afetar assim!
-"oh, apenas um pouco distraída, mas, muito feliz" enfatizo a palavra "muito". Fecho a caderneta, e lhe devolvo. O melhor seria esquecer os problemas que estão fora daquela porta. Minha mãe merece me ter de corpo e alma para cuidar dela.
-"eu preciso levar Carla para uma tomografia. Você pode esperar quinze minutos?"
-"por que não?"
Meu corpo está aqui, vendo Blossom preparar minha mãe para a tomografia. Contudo, meus pensamentos estão com Christian e Elena. O que ela veio fazer? Eu suponho que ele sabia da sua visita, e não quis em me dizer!
Não seja injusta, Ana. Christian tem sido tão bom para você, não se precipite. Vou lhe dar o benefício da dúvida, por ele, por nós, e pelo marido que ele está sendo.
Não posso permitir que Elena estrague meu dia. Ela é uma vadia, e não pode me foder, não se eu não quiser!
Cora termina de desconectar o monitor cardíaco, e leva minha mãe para fora do quarto. Eu me sento na poltrona pouco macia no canto esquerdo do quarto, e espero. Este local é vazio, e agora sem uma alma vivente, muito silencioso e solitário. Deus livre minha mãe de ficar sozinha aqui!
I miss the old you
I used to hold you
And that ain't cost nothing.
Real love don't cost a motherfuckin' penny
I miss the old me
I miss the way I used to be
(Sinto falta do antigo você
Eu costumava te abraçar
E isso não está custando nada.
Amor verdadeiro não custa um centavo
Sinto falta do antigo eu
Sinto falta de como eu costumava ser)
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50 Tons de Punição
FanfictionUma história não precisa de fatos, precisa de alguém que a conte. Nesta história, Christian e Anastasia Grey vivem suas vidas, enfrentando dificuldades de um casamento e interferências de velhos inimigos. Quem vos conta a história sou eu, com mudanç...