-"podemos conversar?" ela pergunta. Charlotte está em um incrível vestido preto, que abraça suas pernas até o joelho, e moldura bem seus seios. Ela também carrega uma bolsa prata, como se fosse para uma premiação após a visita.
-"Martty, leve a sra. Mecness até o escritório" digo ao Martty, ignorando a mulher atrás dele. Bem, eu lhe darei uma conversa. A chave é mostrar imparcialidade, já que Charlotte é um assunto inquietante. Desço os degraus que subi, e rumo ao escritório atrás deles.
Ela toca seus saltos no chão como uma serpente rasteja pelo prado. Sutil e predadora. Eu conheço sua maneira discreta de mostrar superioridade. Charlotte é um enigma ambulante, ela sabe colocar as pessoas em dúvida, e sair vitoriosa em qualquer situação.
Martty abre a porta do escritório, e ela anda para dentro, sem esperar por um convite formal. Talvez sua atitude, para além da beleza, tenha cativado ao Christian.
-"Eu não quero ser incomodada" digo, como uma ordem. Martty assente.
Caminho para dentro e fecho, trancando logo após, a porta. Charlotte está em pé perante a grande janela de vidro, olhando para o horizonte além de si.
-"eu sei que não sou sua visita favorita" ela comenta distraidamente. Estamos em impasse, pois ela acertou.
Eu me inclino sobre a mesa do Christian, e observo suas ações. Ela está segura, ao contrário de mim, que me sinto desconfortável.
-"nós começamos com o pé esquerdo. Por que manter inimizade? Pessoas têm relacionamentos passados, e não devemos nos prender em inseguranças" Charlotte vira-se para me encarar. Eu pensei que ela ficasse linda em vermelho, porém, ela também parece esplêndida em preto.
É a minha casa, porra! Não vou deixar essa vadia me provocar usando uma fraqueza. Ser forte...confiante...segura. Ela irá me atacar quando ver uma brecha na armadura.
-"meu marido é um homem de passado marcante. Contudo, eu não duvido do amor que ele sente por quem está no presente, no caso, eu" murmuro. Se ela pode ser cínica, eu lhe mostrarei um Nobel em cinismo.
-"Ótimo, Ana. Realmente bom" ela cobre os lábios com a mão esquerda, em sinal de ironia e surpresa.
-"por mais que eu duvide...é bom" Charlotte sussurra.
-"perdão, o que disse?"
-"que eu duvido desse presente tão exclusivo. Anastasia, eu conheço os desejos de um homem trocando apenas duas palavras. E sobre Christian...foram mais que duas palavras" ela sorri com alguma lembrança satisfatória.
Tudo bem, vadia. Seu salto precisaria ser muito mais alto para estar sobre mim! Não fode meu humor.
-"você pode conhecer todos os desejos, de todos os homens. Mas, do meu homem, eu conheço, e satisfaço" digo. Ela semicerra os olhos, e leva alguns segundos para assimilar. Eu não sou obrigada a jogar esse jogo ridículo, mas me divirto.
-"por que ele paga os psicólogos de Leila?" Pergunta olhando diretamente nos meus olhos. O que? Ela pensa que eu não sei sobre isto, ou que é um assunto mal resolvido?
-"Você veio até minha casa para falar sobre as boas ações do meu marido?" questiono. Seja mais filha da puta, pois ainda está fácil.
-"não" ela diz em uma voz arrastada, vendo o quão imparcial me sinto falando sobre Leila.
-"vim pedir desculpas por ser tão..." Charlotte balança as mãos para encontrar a palavra correta.
-"insinuativa" ela finalmente encontra. Bingo! Insinuativa parece vadia em termos sutis.
-"você não seria a primeira mulher a agir como uma vadia perto do Christian" murmuro.
If I see you and I don't speak, that means I don't fuck with you. I'm a boss, you a worker, bitch.
(Se eu te ver e não falar, significa que não me misturo com você. Eu sou uma chefe, você é uma empregada, vadia)
-"ah...desculpe o termo, mas o fato é que não precisa se desculpar" corrijo, como se tivesse usado o epitáfio de forma errada.
-"entendo sua posição" ela passa ambas as mãos pelo cabelo, e o coloca inteiramente para trás. Eu sorrio cordial.
-"Ana, não haja como se fossemos inimigas" Charlotte busca fixar seus olhos em mim, falando manso e pausado. Este é um ato de sinceridade, mas, diante de toda sua farsa, é duvidoso.
Por que ela está tentando prolongar essa conversa?
-"Charlotte, não haja como se fossemos íntimas" peço, usando um tom igual ao seu. Ana? Isto é sério, porra? À quanto tempo nos conhecemos? Dez anos?
-"está cometendo um grande erro" Ela me considera por um longo momento, deixando toda sua raiva transparecer. Sua voz inspira ameaça, o que assusta o inferno fora de mim. Não preciso ter coragem, apenas mostrar que não tenho medo, afinal.
-"aviso ou ameaça?" pergunto.
-"conselho" Charlotte responde imediatamente, sem sorriso ou insinuação. Por favor, deixe a merda do seu conselho no inferno mais próximo!
-"bem..." eu caminho até a porta, e a destranco. O show acaba aqui.
-"se estiver terminado, foi uma boa conversa" digo. Abro a porta, e estendo o braço para que ela se sinta convidada a sair. Charlotte caminha em passos rápidos para sair. Eu ouvi dizer que um louco se sente intimidado quando encontra alguém menos sano. Eu me sinto muito louca, e bem, confesso.
-"revigorante, não?" ela ergue as sobrancelhas, e sorri. Oh, você não imagina o quanto!
-"não volte aqui, se quiser que nossa relação seja apenas revigorante, e não infernal" esta, sim, é uma ameaça convicta. Martty está ao lado da porta, em uma distância respeitável. Não sei ao certo se ele ouviu, mas, seria bom que ele soubesse a hospitalidade que esta mulher deve ter aqui. Foda-se!
-"claro!" Charlotte acena com a cabeça, e posso ver lágrimas de ódio se formando em seus olhos. Ela procurou um demônio para a porra do seu inferno ao aparecer aqui para me provocar, ou pior, me intimidar!
-"Martty, leve a Sra. Mecness até seu carro" ordeno.
-"sim, senhora" ele concorda. Martty ainda não está apto, por isso ele permitiu que Charlotte entrasse. Espero ter sido clara o suficiente, para ambos.
-"adeus" sorrio para ela, e fecho a porta do escritório antes de ver sua reação. Ela seria muito filha da puta, e obtusa, se ainda quisesse foder comigo. Meu corpo relaxa de uma tensão que eu não senti antes. Não sei como consegui ser tão fria, e dizer coisas ofensivas. Não faz parte de mim, ou do que eu costumo ser!
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50 Tons de Punição
FanficUma história não precisa de fatos, precisa de alguém que a conte. Nesta história, Christian e Anastasia Grey vivem suas vidas, enfrentando dificuldades de um casamento e interferências de velhos inimigos. Quem vos conta a história sou eu, com mudanç...