-"Lá vamos nós" Bob abre a geladeira e pega uma garrafa de vinho tinto com pouco mais da metade de seu conteúdo. O que? Bob vai beber comigo?
-"Não me olhe assim. O melhor papo é uma conversa bêbada" ele merece um desconto por estar completamente certo.
-"certo" concordo. Pego dois copos e os seguro enquanto Bob derrama o vinho em ambos. O aroma é bom, mas não entendo sobre vinhos para ter opinião formada. Eu nunca precisei saber, já que Christ… É melhor eu esquecer este pensamento.
Tomo um gole do vinho antes de começar. Bob será uma espécie de ouvinte, eu acho. Ele faz o mesmo, engolindo um grande gole da bebida. É doce e suave, não entraria na classificação dos meus favoritos, mas me trará coragem para conversar com o marido da minha mãe sobre o meu marido.
-"Eu não sou o melhor conselheiro, mas sou o disponível. Primeiramente quero dizer que, independentemente do que aconteceu, sei que vocês se amam" Bob começa.
-"Amor é o suficiente?" Pergunto.
-"Deveria ser, Ana. Christian esteve com você no hospital, deixou seus negócios e veio porque, na cabeça daquele homem, você não poderia ficar sozinha. Não se encontra amor assim na esquina"
-"Eu pareço bem sozinha agora, não é, Bob?" Segurar as lágrimas leva todo meu auto-controle neste momento. Eu nunca poderei agradecer o suficiente pelo que Christian fez, mas esta situação não se aplica ao presente. Não posso fingir que somos um poço de felicidade só porque ele foi um marido presente e atencioso. São coisas diferentes.
-"O vento não costuma trazer o que ele leva, Ana" são suas palavras seguintes.
-"Não é minha culpa" dito isso, viro o copo de vinho e bebo todo líquido em alguns goles. Estou soluçando quando afasto o copo dos lábios. Quão estúpida eu fui ao pensar que beber faria esta conversa soar mais fácil?
-"Não, querida. Vocês são jovens, pensam que qualquer briga boba resulta em divórcio. Vão levar alguns anos para perceber que…" ele faz uma pausa enquanto enche meu copo com mais vinho.
-"para perceber que podem fazer muito mais pelo casamento que tem"
-"fazer mais?" Pergunto.
-"Não se preocupe, não precisa entender agora"
Bob estende a tigela com legumes para mim. É uma pedida estranha de petisco, mas aceito. Estou faminta e bebendo vinho como se fosse água. Pego um aspargo e começo a intercalar goles de vinhos e pedaços de aspargo.
-"amar dói" sussurro. Esta é a única conclusão que tenho de toda essa história.
Enquanto Bob está em silêncio, relembro aquele olhar cinza em mim. Amor era o que eles me passavam, mais do que isso, apenas nós dois entendemos o que tínhamos...temos, ainda temos!
-"Não, Ana. Sentir o amor escapar dói, mas amar não. Quando você sabe que a outra pessoa está deixando de amar, quando precisa se afastar do amor, quando ele deixa de existir. Dói sentir que o amor não é mais para você, mas amar...amar é um sentimento único"
Bob soa experiente, como se ele já tivesse amado incondicionalmente e deixado o vento levar seu amor. Ele fala como se tivesse me alertando sobre uma experiência que não quer que eu tenha. Mas ele é feliz com Carla, não? Não quero me tornar uma pessoa infeliz que irá dar conselhos para um jovem casal quando enfrentarem uma crise.
-"Está muito filosófico hoje" brinco. Depois de terminar o aspargo e o segundo round de vinho, inclino o copo para mais da bebida. Bob o enche novamente sem questionar.
-"obrigada" sussurro. Não posso me esquecer de agradecer por essa terapia gratuita. Na verdade, foi mais como um alerta de prevenção. Sei que Bob esconde algum arrependimento, mas não é o momento de falar sobre isso. Uma lamentação por vez.
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50 Tons de Punição
FanficUma história não precisa de fatos, precisa de alguém que a conte. Nesta história, Christian e Anastasia Grey vivem suas vidas, enfrentando dificuldades de um casamento e interferências de velhos inimigos. Quem vos conta a história sou eu, com mudanç...