What you want?

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O jantar se passa como um filme diante dos meus olhos. Vi as pessoas interagindo como uma grande família de comercial, apenas não consegui fazer parte dela. Era como se o meu mundo estivesse distante daquela realidade porque, para ser sincero, Anastasia estava fazendo parte da família feliz. Ela podia rir e conversar, encher os olhos de felicidade e o rosto de iluminação. Parecia diferente. E não, eu não queria que ela estivesse diferente, não queria que estivesse infeliz, eu só queria poder fazer parte da sua felicidade.

Mas, no fundo, todos sabiam que nós não estávamos tão felizes quanto ela demonstrou. Quando Ana e Christian são tão distantes?

Todos sabem o que é falso, quando a realidade não condiz com os sorrisos estampados, mas sabem fingir naturalidade. Anastasia se sentou ao meu lado, como de costume, e chegou a trocar uma ou duas palavras comigo. Em tese, ela fingiu muito bem. E isso me incomoda pra caralho. Ela simplesmente fingiu, e isso não combina com sua personalidade. Pelo menos não combina com a garota que ela costumava ser. A não ser que…

Não! Eu não fodi tudo a ponto de mudar sua persona. 

Olho para ela de relance, ainda esbanjando alegria ao trocar piadas com Katherine. 

O que eu fiz com o "nós", baby?

Quando as bandejas com sobremesas chegam me sinto aliviado, significa que o jantar está chegando ao fim. Em breve estaremos fora dessa casa, desse fingimento descabido e dessa sensação esmagadora de estar perdendo a melhor parte de mim; ela.

-"hum, Christian" Mia chama entre um gole e outro do seu vinho seco. Aliás, me surpreende que uma pessoa com sua formação em culinária goste deste tipo de bebida.

-"por que não ficam para dormir?"

-"dormir aqui?" Pergunto o óbvio imediatamente. Na verdade quero perguntar por que faria isso, mas espero que ela note a pergunta no meu tom surpreso.

-"sim, claro. Faz tempo que não temos uma noite tão familiar" ela murmura.

Simples assim.

-"fora que está bem tarde...e chovendo. Eu não sei, apenas fique" 

-"Oh, e amanhã é domingo, você não deve ter tarefas para esse dia. Fora que vocês não tem filhos, o que é uma responsabilidade a menos" ela junta as mãos em forma de súplica.

-"não tem filhos...ainda" Elliot murmura, como o filho da puta desnorteado que é. 

-"ter mais bisnetos não seria uma ideia ruim" vovô Trevellyan comenta. 

O objetivo é me fazer entrar em estado crítico de contusão cerebral, claro.

-"ainda não, vovó" afirmo. Anastasia se mantém imóvel, supostamente pensando em como essa possibilidade é remota para um casal como nós. Bem, eu disse que não queria filhos e ela disse que quer o divórcio.

-"Ana, querida, suponho que vão ficar. Eu posso preparar o quarto?" Grace pede, como se a história já estivesse sido esclarecida e resolvida.

-"não vamos ficar" afirmo. Odeio que tomem decisões por mim, como se eu não pudesse ou não fizesse questão de cuidar da porra da minha vida.

-"você é habilitado em babaquice!" Mia protesta com o nítido olhar de quem está pronto para iniciar uma discussão.

-"está tudo bem, Mia. Nós podemos ficar" Anastasia toma partido.

Espera...o que? 

-"E você é habilitada em sensatez" Mia murmura, dez vezes mais dócil. 

Eis os problemas de convivência com uma irmã mimada e egoísta.

50 Tons de PuniçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora