I can see it in your eyes

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POV ANASTASIA 

-"como você se sente, querida?" A médica, que vem sendo muito atenciosa durante os minutos que estou aqui, pergunta. 

-"hum… bem" respondo. Ela é uma senhora de idade avançada, porém muito hábil e precisa. Essa deve ser sua terceira ou quarta visita em trinta minutos. Todas as respostas que dou são em modo automático

Ela retira a agulha com o IV no meu braço direito. Já recebi tudo que podia ou devia de soro, dois frascos, para ser exata. 

-"enjôo? Tontura? Dor?" Pergunta. 

-"um pouco de tontura" digo. 

-"Você teve uma queda de pressão arterial e seu organismo está um pouco desidratado. Por precaução a gravidez, vou a manter em observação" murmura. 

-"certo" digo, escondendo minha exasperação. 

-"ah, e meu bebê?" Questiono, talvez pela terceira vez. 

-"Ele não poderia estar melhor" ela diz pacientemente.

-"eu fico muito feliz em saber" ela acompanha meu sorriso lateral.

-"com licença" pede. Ela anda em direção a porta e, neste momento, me ocorre uma dúvida. 

-"Dra. Kelley" a chamo. Ela se vira e me olha carinhosamente, pelo menos é o que sinto em seu olhar.

-"quem preencheu meu formulário?" Pergunto. Tenho um vago palpite de quem seja, mas a deixo responder. 

-"sua amiga, antes de você vir para o quarto"

O termo "amiga" parece meio estranho tratando-se de Charlotte, não é como se tivesse boas lembranças dela. 

-"tudo bem. Obrigada" digo sorrindo.

Jogo meu corpo contra o colchão. Tudo que fiz desde que cheguei foi tomar água, fazer exames, responder perguntas e receber soro. Eu estava fraca quando chegamos, não me recordo de muita coisa. Assim que passamos pela emergência e Charlotte disse que eu estava grávida, foi como um furacão. Ela saiu assim que a médica entrou metralhando perguntas em mim e até agora não voltou. Talvez tenha ido embora, definitivamente.

A porta é aberta e penso ser a doutora Kelley. Porém, olhando para a porta, sinto meu coração bater mais rápido ao ver Christian entrar.

Ele está lindamente vestido com uma camisa branca, calça de um terno cinza, gravata listrada folgada e sem a presença do paletó. Sua postura não nega o estresse pelo qual passou, e eu não esperava o contrário.

Ele sorri fraco, com certo alívio, mas logo seu sorriso se desmancha quando põe os olhos na minha roupa. Tenho sangue, já seco, nos ombros, a calça está aberta e meio surrada, meu cabelo desgrenhado e as faces cansadas.

-"o que ele fez com você?" Pergunta. Christian caminha até mim com os olhos arregalados. Ele não encara meu rosto, somente meu corpo. 

-"nada. Não que ele não estivesse tentando, mas..." paro de falar, sabendo que ele entenderá o restante. Olho para baixo, para meus dedos entrelaçados sobre o colo. 

Ainda não tive tempo de pensar sobre tudo. Charlotte arquitetou um plano, ela me salvou, eu tive um corpo sobre o meu e ainda tenho sangue de Lincoln em mim! Não estou em meus melhores dias. 

-"Ana" Christian chama. Ele ergue meu queixo com a ponta dos dedos, analisando cada detalhe do meu rosto. Ambos conhecemos nossa situação enquanto casal, porém este momento parece estar além do normal. Olhar para ele depois de pensar que seria morta é como bálsamo para minhas cicatrizes.

50 Tons de PuniçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora