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-"Boa tarde, Sra. Grey" detetive Clark comprimenta-me. O homem parece mal humorado, o que lhe é de costume. Eu me pergunto se ele não sabe ou não tem o hábito de sorrir. 

-"detetive Clark" digo formalmente. Ele é pontual, pois está aqui exatamente no horário que Christian me informou. Eu não me preparei para este momento, mas também não me sinto amedrontada pelo mesmo. 

-"Sr. Grey, obrigado por me receber em sua casa" ele se dirige ao Christian, que está ao meu lado. Ele segura minha mão da forma que me prometeu, e talvez esta seja a razão pela qual não me intimido.

Ambos nos sentamos no sofá, onde Clark está acomodado. Poderíamos fazer isto no escritório, mas Christian disse que o ambiente não iria me ajudar a relaxar. Algo como nossa sala expressar mais conforto.

-"detetive" Christian responde no mesmo tom, formal e medido. 

Este momento está parecendo exatamente o que é; uma conversa com um policial.

-"Sra. Grey, espero que não se importe em responder algumas perguntas" e não foi por isso que ele dirigiu seu carro até aqui?

Clark é um homem tradicional. Eu já vi uma estilista usar tecnologia para anotar as medidas, mas ele usa o casual bloco de anotações.

Suspiro procurando alguma ajuda divina. O pior é não saber para que maldito rumo suas perguntas seguirão. Todas as cenas ainda estão frescas na minha memória, mas não são pensamentos que eu queira compartilhar 

-"claro" é minha resposta. Contudo, eu me pergunto o que ele quer saber que Taylor ou Christian não possam responder? 

-"primeiramente, você não me parece ter sofrido agressões. Estou certo?"

-"certo" digo monossilábica. Christian aperta minha mão na sua para me tranquilizar. Bem, devo admitir que não estou tão confiante quanto estava à dez minutos atrás. Será que ainda posso ser a mulher covarde e enviar um email?

O detetive anota algo em seu bloco e toma um gole de chá. Não sei ao certo, mas deve tê-lo recebido à poucos minutos, pois vejo o vapor ebulindo da xícara.

-"Taylor teve a gentileza de mostrar à mim e a minha equipe o local onde você esteve por aproximadamente seis horas. Diga-me, já esteve naquele endereço antes?" Sua pergunta chega a me ofender. O que eu faria em um terreno baldio usado como cemitério automobilístico?

-"Qual é o ponto, Clark?" Christian atira.

-"Eu tenho minhas teorias, mas preciso de respostas para saber qual das vertentes devo seguir" 

Antes que eu formule uma resposta educada e sutil, Christian continua:

-"A vertente que coloque Hyde como o que ele é. Um filho da puta." 

Christian aperta, creio que inconscientemente, minha mão. Ele está irritado com a pergunta que considera ridícula. 

-"ponto muito bem definido, Sr. Grey. Mas este é apenas o meu trabalho" ele admite, descontente com tal audácia do Christian. Este é o resultado quando dois homens de ego inflado são postos juntos.

Clark limpa a garganta antes de prosseguir. Agora que sei das suas "vertentes", quase sinto a necessidade de me proteger das perguntas.

-"o que, exatamente, aconteceu desde o momento em que saiu de casa pela manhã até voltar?"

Conto tudo o que aconteceu com riqueza de detalhes. Digo até mesmo o que tive no almoço.

Christian parece mais irritado à cada palavra que eu digo, porém escuta-me em silêncio. Quando me lembro de algo novo que ainda não foi contado, volto e contextualizo a cena na história. Falo sobre todos os traços da estrada que me vem na memória, considerando que pode ser relevante.

50 Tons de PuniçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora