Eu deixei meu recado.

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POV ANASTASIA

Desperto preguiçosamente ao sentir a solidão do quarto. Parece absurdo, mas minha proximidade com Christian alcança níveis ilustres de saudade. Eu o sinto quando está perto, e me sinto vazia quando não está.

Acaricio o travesseiro ao lado, apenas para o sentir frio. Christian não está na cama, e muito possivelmente não está no quarto também. Abro os olhos para contemplar o recinto parcialmente escuro, é quase acolhedor.

Enrolo o lençol que me cobria entorno do corpo, cobrindo toda a pele até meus pés. Tenho um vislumbre de vergonha ao me imaginar passando pela sala tão...não vestida, mas me recomponho com o pensamento de que estará vazia, com sorte.

Rumo para fora do quarto, seguindo para o andar de baixo. Ainda nos primeiros degraus, uma imagem incomum me chama atenção; Charlotte está sentada na porra do sofá.

E como se o dia fosse uma folha em branco, ela chega com seu pincel negro e mancha tudo!

Faz alguns dias que não nos vemos, mas ela não parece ter perdido nada de sua exímia aparência. Elegante, trajada em vermelho bordô, Charlotte mantém a postura magnata que exala desde o primeiro dia que lhe vi.

Okay, eu posso fazer isso…

Enquanto desço as escadas, pensando se preciso ou não cumprimentá-la, vejo Christian sair de seu escritório. Ele sabia que ela estaria no sofá, pois não parece surpreso com a cena. Seu rosto é hostil, mesmo após me ver descendo as escadas, mantendo a expressão inacessível que naturalmente tem.

Ele não faz o tipo gentil de homem, e não está fazendo questão de parecer o contrário agora. Esta parte indiferente dele massageia meu ego ferido pela beleza de Charlotte.

Alcanço o último degrau como o primeiro; nervosa, porém confiante. Parte de mim sabe que esta mulher não viria aqui trazer boas novas, e isso me preocupa muito.

Pareço ridícula com este lençol, claramente indicando que perdi minha roupa ao abrir as perna no andar de cima. Bem, ela infelizmente conhece aquele andar.

-"Ana" Christian estende a mão quando ainda não tenho certeza se irei até ele ou para o quarto. Preciso demarcar meu território tanto quanto preciso me cobrir, mas mostrar para essa vadia que o homem que ela deseja é comprometido vence minha inquietação.

Aceito sua mão estendida, feliz pela visão dele que não tive no quarto vermelho à cinco minutos atrás. Ficar na cama teria sido uma opção mais proveitosa…

Noto um pequeno corte em seu punho direito, porém faço apenas uma nota mental para lhe perguntar depois. 

-"oi" sussurro. Nossa pequena comunicação nessa ocasião faz o momento mais leve, tolerável.

-"olá, baby" 

Ergo o lençol como se fosse minha armadura para enfrentar a mulher à minha frente. Seja o que Deus quiser…

-"Anastasia" ou o que a diaba quiser.

-"Charlotte" respondo no mesmo tom desinteressado que ela. O tipo baixo de pessoa que usa artifícios morais para ofender, como a falsa amizade, este é o tipo dela.

-"Bem...eu deixei meu recado mais cedo" ela diz, e então olha para Lough, que está no hall de entrada. Busco rapidamente entender a comunicação visual deles, mas não consigo.

O que? Ela deixou um recado com ele? Para Christian? Para mim?

-"Foi entregue" Christian diz. Bem, ele terá muito o que me explicar sobre os recados indiretos que recebe.

-"Eu vejo"

Charlotte se levanta. Odeio estar tão alheia ao que acontece aqui, e minha confusão me deixa perdida até mesmo sobre a quantidade de tempo que ela passou neste sofá.

50 Tons de PuniçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora