Após ver Gizelly, fui para casa tomar banho e comer alguma coisa antes de voltar ao hospital. Aproveitei para deitar um pouco, pois consegui fazer uma troca com Igor e pegar o plantão da noite, já que Gizelly será transferida para o quarto apenas amanhã e assim eu poderia vê-la durante a noite. Como ela ainda está na UTI e não pode receber visitas, não quero que se sinta sozinha e prefiro estar por perto, aproveitando que tenho entrada permitida.
Voltei para o hospital já no fim da tarde para cumprir o plantão e encontrei os pais de Gizelly quando passei pela sala de espera, ambos preocupados e exaustos.
- Oi dona Márcia, oi Jonas, como estão?
- Oi Marcela, que bom que você está aqui, você viu a Gizelly? Estamos tão preocupados, só me deixaram entrar uma vez e ela não está bem, ela estava chorando tanto, com medo, eu só quero ficar com ela! - respondeu dona Márcia aos prantos, quase em desespero - por que não me deixam entrar?
- Calma Márcia, deixa a moça falar - respondeu Jonas, abraçando-a.
- Sim dona Marcia, eu a vi mais cedo e falei com ela...ela está reagindo muito bem, o médico disse que está tudo certo com a recuperação e que amanhã mesmo ela irá para o quarto e vocês poderão vê-la - respondi, segurando sua mão - sei que é difícil, mas tenta se acalmar...
- Você me dá noticias? Por favor, não deixe ela sozinha, cuidem da minha filha! Tenta acalmar ela, cuida dela, por favor - disse, apertando forte minhas mãos.
- Prometo que vou cuidar...dou notícias assim que conseguir vê-la - respondi, tentando passar uma confiança que nem eu mesma sabia se tinha - agora preciso ir, tenho um paciente para atender.
- Tudo bem, nós vamos esperar aqui por notícias.
Dona Márcia me abraçou apertado e agradeceu ainda chorando. Eu sentia uma angustia muito grande, me sentia mal e culpada por ter viajado sem falar com Gizelly, por ter criado uma situação na minha cabeça e acreditado naquilo. Talvez se tivéssemos conversado tudo seria diferente, nada disso teria acontecido e ela não estaria passando por isso tudo agora.
Fui ao banheiro lavar o rosto antes do atendimento e só tive uma folga por volta das nove da noite. Eu estava abalada emocionalmente, não tinha conseguido parar de pensar em Gizelly um minuto sequer, ainda não tinha conseguido vê-la desde quando cheguei e nem saber como ela estava. Passei pelo corredor para ir até a recepção e encontrei Mari pelo caminho, ainda abatida.
- Marcela, oi, que bom te ver aqui - disse, me abraçando - você viu a Gi? Sabe como ela está?
- Mari eu vi ela mais cedo e só agora vou conseguir ver como ela tá. Tive pacientes até agora e não consegui fazer nenhum intervalo.
- E como ela estava? - perguntou Mari, preocupada.
- Ela estava assustada Mari...estou me sentindo tão culpada!
- Por que, Ma? Calma, você não tem culpa de nada - respondeu, me abraçando.
- Se estivéssemos bem talvez isso não tivesse acontecido...
- Ma por favor, não fala isso...não é culpa sua e a Gi jamais vai aceitar que você pense isso.
- Desculpa Mari, eu sei que eu que deveria estar te passando confiança mas não aguentei ver ela daquele jeito, ela chorou muito, me pediu pra não deixar ela sozinha mas eu tive que deixar...foi muito difícil - respondi, enquanto chorava ao me lembrar.
- Não tem que se desculpar, vocês tem uma ligação e eu mais do que ninguém sei disso. A Gi ama você e jamais vai querer saber que está pensando assim...não pense isso, ela precisa muito de você.
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Incondicional | Gicela
FanfictionMedicina sempre foi a paixão de Marcela, mas para concluir seu curso ela precisaria fazer estágio em uma cidade do interior. Não seria fácil deixar a vida em São Paulo e se adaptar a realidade de uma cidade pequena, longe da família, amigos e festas...