A viagem

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Eu não tinha conseguido dormir a noite toda de tanta ansiedade, fiquei conversando com Mari a madrugada toda, esperando que amanhecesse logo e que o dia não demorasse a passar.  

Um dia após Marcela ter nos convidado para o aniversário de sua irmã, eu resolvi pedir aos meus pais para me deixarem ir. Esperei que chegassem da fazenda e assim que nos sentamos juntos para almoçar eu comecei o assunto, mas minha mãe nem esperou que eu terminasse de falar e já disse que não ia deixar, que era perigoso por causa de assalto, que podia acontecer alguma coisa ruim. 

Meu pai nada disse, apenas continuou comendo enquanto eu pedia por favor que ela me deixasse ir. Comecei a falar do quanto Marcela tinha sido importante quando fiquei no hospital, para que eles se lembrassem de todo apoio que ela deu não só a mim mas a eles também e só assim minha mãe começou a mudar de ideia, mas não definiu uma resposta. Somente no outro dia quando Mari foi até minha casa e conversou com eles foi que resolveram deixar, mas minha mãe fez Mari prometer que não desgrudaria de mim. 

Marcela ficou mais feliz do que eu quando soube, passamos a semana toda planejando tudo e ela me falou sobre os lugares que quer me levar para conhecer caso sobre tempo de aproveitarmos a viagem. Ela me disse que sua família não sabe ainda que estamos namorando e quer que me conheçam pessoalmente, o que me deixa ainda mais ansiosa e com medo. 

Viajaremos no fim da tarde e como iremos de carro só chegaremos lá de madrugada. Troquei de roupa e fui para a faculdade, prometi aos meus pais que não faltaria na aula hoje então terei que cumprir. 

Mari já estava me esperando na cantina, para tomarmos café antes da aula começar. 

- Não dormi a noite inteira. Olha essas olheiras - disse Mariana, se olhando em um mini espelho que tirou da bolsa - tô horrível. 

- Verdade, tá mesmo - respondi, recebendo seu olhar de indignação. 

- Como se você não estivesse pior. Já terminou de arrumar sua mala? 

- Faltam algumas coisas só. Três dias, não tem muita coisa pra levar. 

- Tá ansiosa pra conhecer os sogros? - perguntou Mari, me oferecendo um pedaço da sua tapioca. 

- Não sei se é ansiedade a palavra certa...tenho medo deles não gostarem de mim e eu não ter como vir embora. 

- Ai Gizelly claro que eles vão gostar, tenho certeza. 

Terminamos o café e fomos para a aula. O dia parecia estar preso dentro de um mês, as horas não passavam e eu não aguentava mais olhar no relógio e ver os ponteiros se arrastarem lentamente, eu estava literalmente contando os minutos pra ver Marcela. 

Para nossa felicidade, o professor nos dispensou mais cedo e fomos direto para casa de Mari, ela precisava pegar suas coisas primeiro para depois irmos até minha casa esperar Marcela e Bia passarem para nos buscar. Peguei tudo o que faltava e coloquei na mala, tomamos café da tarde com a minha mãe e depois nos despedimos, Marcela já tinha ligado avisando que estava saindo da casa de Bianca. 

- Filha muito cuidado, você sabe que lá não é como aqui - disse, me abraçando forte - Mari cuida da Gizelly por favor, não deixa ela andando sozinha por lá.

- Mãe, eu não sou mais uma criança. Não vai acontecer nada, são só três dias. 

- Pode deixar tia, eu vou cuidar bem desse bebê - respondeu Mari, apertando minha bochecha.

Vi pela janela o carro de Marcela estacionar na frente da minha casa e pegamos as malas que estavam no corredor, abracei minha mãe mais uma vez antes de me dirigir até a porta, avistando Marcela vir em nosso encontro.

Incondicional | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora