Passei a manhã toda na faculdade e a tarde não tive aula, fiquei em casa ajudando minha mãe com algumas tarefas. Meu pai estava na fazenda e isso encorajava minha mãe a encher minha cabeça por causa de Felipe, que veio em minha casa ontem me fazer um convite para o seu aniversário.
Ainda que eu já tenha dito mil vezes que ele não me interessa, ela não desiste e faz questão de tentar me convencer que ele é a pessoa certa pra mim e que formamos um lindo casal de novela, do jeito que ela sempre sonhou. Realmente um sonho dela, porque isso não vai acontecer.
- Mãe, até quando vou ter que escutar a mesma coisa? Você já sabe a resposta e não adianta insistir.
- Até o dia que você resolver escutar sua mãe. Eu falo pro seu bem Gizelly, você nunca obedece o que a gente fala. Desde pequena é assim, teimosa! Só faz o que quer e do jeito que quer.
- Sei muito bem o que fazer com a minha vida mãe, pode ficar tranquila.
- A ultima vez que fiquei tranquila com você Gizelly, me ligaram do hospital falando que você tinha caído do cavalo - respondeu séria, fechando a porta do armário da cozinha - desde pequena você dá trabalho. Vivia brigando na rua com os maiores, aí as mães vinham chamar aqui no portão pra reclamar.
Foi impossível não rir. Me lembrei das vezes que enfrentei outras crianças do bairro, eu era a menor mas não tinha medo de apanhar e me achava a dona da rua. No fim, eu fazia um se virar contra o outro e eles brigavam entre si, então eu nunca apanhava. Mas depois vinha a reclamação da mãe deles aqui em casa e a coisa ficava feia.
Aproveitei a situação para mudar o assunto sobre Felipe e continuamos falando sobre minha infância. Já estava escurecendo e meu pai chegou da fazenda, o ajudei a guardar as verduras que ele trouxe da horta e depois fui tomar banho para ir na casa da Marcela, Mari ficou de me buscar daqui alguns minutos.
Como de costume, eu estava atrasada. Mariana já tinha ligado três vezes perguntando se eu estava pronta e até chegar aqui eu consegui terminar de me arrumar.
- Nossa, tudo isso é pra Marcela? - perguntou, quando entrei no carro.
Revirei os olhos e fechei a porta, enquanto ela dava risada. Seguimos para a casa de Marcela e assim que chegamos lá Jack já veio nos recepcionar, pulou em minhas pernas pedindo colo com a língua para fora e cheio de energia.
- Filhooo que saudade! - falei, pegando-o no colo enquanto Mari fechava o portão.
- Até que enfim chegaram, faltava só vocês - disse Marcela me abraçando - você tá linda, como sempre - sussurrou em meu ouvido.
- Adivinha quem atrasou? - respondeu Mariana, cruzando os braços.
- Nem precisa falar, conheço muito bem a namorada que eu tenho - disse Marcela, dando risada e beijando meu rosto - vamos lá no fundo, os meninos e a Bia já estão aí.
Atravessamos a garagem e logo avistamos todos, sentados tomando cerveja. Os olhos de Mari brilharam instantaneamente quando ela viu Bianca e seu semblante confiante de poucos segundos atrás deu espaço a um mais tímido.
Cumprimentamos todos e Marcela nos serviu cerveja antes de nos sentarmos. Jackinho não queria mais sair do meu colo, era nítido que eu era a mãe preferida dele. Sentei com ele ao lado de Marcela e Mari ao lado de Bianca.
Além de nós mesmas, ninguém mais sabia sobre meu relacionamento com Marcela e tampouco de Bianca e Mari, então não deixávamos transparecer nada além de amizade. Marcela já tinha dito algumas vezes o quanto queria que todos soubessem que sou sua namorada, mas isso agora é realmente impossível, não é o momento certo ainda para contar aos meus pais.
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Incondicional | Gicela
Fiksi PenggemarMedicina sempre foi a paixão de Marcela, mas para concluir seu curso ela precisaria fazer estágio em uma cidade do interior. Não seria fácil deixar a vida em São Paulo e se adaptar a realidade de uma cidade pequena, longe da família, amigos e festas...