Com muita dificuldade consegui abrir os olhos, uma luz batia em meu rosto e me trazia um certo incômodo naquela manhã de sábado. Olhei para o lado tentando me recordar onde estava e a vi deitada com metade do corpo coberto, tendo parte das costas nua iluminada por uma fresta de luz do sol que batia na cortina entreaberta.
Sorri ao me dar conta de onde eu estava, com quem estava e como estava. Não quis me virar para tentar encontrar algo que me mostrasse as horas, preferi ficar ali admirando Marcela dormir serenamente como um anjo ao meu lado, com os cabelos loiros desgrenhados que desenhavam a curva de seu rosto e caíam sobre o ombro.
Marcela era linda até dormindo, eu poderia ficar ali por horas e não me cansaria. Olhei ao redor e analisei por alguns instantes o seu quarto, tão grande e luxuoso como todo o resto do apartamento que mais parecia uma casa. Não sei dizer exatamente o sentimento que isso me trazia, mas ainda era um pouco estranho.
- Um beijo pelos seus pensamentos - disse a voz baixa e dengosa em meu ouvido.
- Só um? - respondi sorrindo, sentindo os braços de Marcela me envolverem em um abraço terno.
- Quantos você quiser, meu amor.
Me virei de frente para ela e admirei seus olhos, que sempre pareciam estar mais claros de manhã. Eu nunca tinha dito isso a ela mas eu amava olhá-los. Desenhei o contorno de sua boca levemente avermelhada com o polegar e depois a beijei com carinho e cuidado, como se eu tivesse o bem mais preciso do mundo. E na verdade eu tinha. A cada dia eu me apaixonava mais por Marcela, se é que isso é possível.
- Preparada pra conhecer minha família? - perguntou, assim que nossos lábios se afastaram.
- Não sei...só espero que eles gostem de mim.
- Vão gostar, eles vão amar te conhecer amor - respondeu, beijando a ponta do meu nariz - já são mais de nove horas, nós vamos almoçar lá.
- Bianca e Mari nem devem ter acordado ainda, não ouvi nenhum barulho.
- Nós não ouvimos barulho delas mas acho difícil elas não terem ouvido o nosso - disse Marcela, sorrindo maliciosamente.
- Culpa sua Marcela, que não sabe se controlar - falei, me sentando na cama e lhe arremessando o travesseiro.
Ela me puxou para mais um beijo e em seguida nos levantamos. Fui ao banheiro fazer minha higiene e ouvi batidas na porta, seguidas de risadas e cochichos.
- A noite pelo jeito foi boa, hein - disse Bianca em meio a risos, entrando no quarto e pulando na cama.
Sorri ao me lembrar da noite anterior, realmente tinha sido ótima e se dependesse de mim seria assim todos os dias. Me vesti com um roupão da Marcela que encontrei no banheiro e me sentei na cama com Bianca e Mari enquanto Marcela foi tomar banho. Ainda íamos almoçar na casa dos pais dela hoje e não tínhamos nem tomado café.
Nos arrumamos e fomos para uma cafeteria próxima, Marcela queria nos mostrar os lugares que ela e Bianca costumavam ir.
- Eu amo esse lugar, amo essa cidade. Senti tanta falta desse café - disse, assim que nossos pedidos chegaram.
- Lembra quando chegávamos atrasadas na aula porque ficávamos conversando aqui nessas mesas? Foram tantas vezes... - disse Bianca, com os olhos brilhando.
Elas começaram a nos contar sobre os amigos que tem aqui, os lugares que já foram e histórias que viveram juntas. Marcela exalava felicidade apenas por lembrar desses momentos, era nítido o quanto ela gostava daqui e como fazia bem para ela tudo isso.
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Incondicional | Gicela
Fiksi PenggemarMedicina sempre foi a paixão de Marcela, mas para concluir seu curso ela precisaria fazer estágio em uma cidade do interior. Não seria fácil deixar a vida em São Paulo e se adaptar a realidade de uma cidade pequena, longe da família, amigos e festas...