- Como assim não foi acidente? O que ele viu? Quem foi que fez isso?
- Ele não conseguiu ver porque estava longe, mas chegou a afirmar que bem na hora que atiraram a pedra seu cavalo disparou e a pessoa correu na outra direção - respondeu, ajeitando o chapéu de palha na cabeça - ele até foi atrás, mas a pessoa simplesmente sumiu.
- Mas por que fariam isso? Quem faria uma coisa dessas? - perguntei, sem acreditar que aquilo poderia ser verdade.
- Filha, você não desconfia de ninguém? Não tem nada que se lembre, alguma pessoa que não goste de você ou que queria te prejudicar?
- Não mãe, não sei de ninguém que tenha coragem de fazer uma coisa dessas - respondi, ainda tentando processar a informação.
- Mas quando descobrir, eu mato! Você se prepara Marcia, porque eu vou acabar com a raça desse desgraçado! - disse meu pai furioso, socando a parede com força.
- Calma Jonas, não vai adiantar ficar desse jeito agora. Também estou nervosa mas o importante é a Gizelly ficar bem.
- Logo você vai tá correndo aquela fazenda toda minha filha, o pai vai fazer tudo o que puder pra isso acontecer logo - respondeu, passando a mão em minha cabeça.
- Eu sei pai. E não precisa ficar nervoso, porque se tentaram me fazer mal eu vou descobrir quem foi. Pode demorar o tempo que for, mas eu vou descobrir.
- Eu vou averiguar tudo dona Gizelly, já estou conversando com os fazendeiros da redondeza e alguém deve saber de alguma coisa.
- Obrigada João - falei acenando com a cabeça - agora eu queria ficar um pouco sozinha. Mãe você pode ligar pra Mari e pedir pra ela vir aqui?
- Tudo bem filha, vou ligar já - respondeu, beijando minha testa - Vamos na cozinha que vou passar um cafezinho pro senhor e pro Jonas.
Assim que ambos saíram, fechei os olhos e chorei tudo que estava guardado dentro de mim durante o dia todo. Era muita coisa pra minha cabeça e eu precisava lidar com tudo aquilo sozinha, ninguém podia fazer nada por mim. Como se não bastasse tudo isso, agora ainda tinha mais essa, a possibilidade de não ter sido um acidente. Alguém pode ter tentado me matar ou feito aquilo pra me impedir de fazer alguma coisa. Mas o que? Quem teria coragem?
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Abri os olhos devagar por causa da claridade e vi Mari sentada na poltrona ao meu lado, olhando o celular.
- Oi Gi, como você está?
- Estou bem. Faz tempo que chegou? Dormi sem nem perceber...
- Faz pouco tempo. Amiga, que história é essa que viram alguém atirando pedra no seu cavalo? - perguntou, se levantando da poltrona para vir ate mim - Gizelly, eu não consigo acreditar numa coisa dessas! Como tiveram coragem de fazer isso?
- E por que, Mari? Por que alguém faria isso? Fora que ninguém além de você sabia que eu estava na fazenda naquela tarde, nem meus pais sabiam.
- Acha que pode ter sido alguém que estava por ali? Talvez alguma criança...
- As únicas crianças que tem por ali são as que moram na fazenda vizinha e eles estão viajando já faz tempo, então eu já descartei essa hipótese. Não há motivos pra ser uma brincadeira, minha única duvida é se foi proposital ou não.
- O que você consegue se lembrar sobre aquele dia? Talvez tenha algo que consiga se lembrar que ajude em alguma coisa...vamos tentar lembrar tudo daquele dia, desde quando falou com a Bia.
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Incondicional | Gicela
FanfictionMedicina sempre foi a paixão de Marcela, mas para concluir seu curso ela precisaria fazer estágio em uma cidade do interior. Não seria fácil deixar a vida em São Paulo e se adaptar a realidade de uma cidade pequena, longe da família, amigos e festas...