13

15.7K 926 387
                                    

20 de fevereiro de 2021

S/n S/s POV

Passei a tarde de ontem desarrumando minha mala, pondo minhas coisas de volta ao lugar e adicionando às que ganhei no programa tipo uns copos lindos pra beber cachaça. Acabei sentindo falta de duas camisas minhas na mala, tenho certeza que alguma das meninas pegaram. Ainda vou descobrir quem foi a ladra.

A noite eu conversei com o squad que já tinha feito grupo do whats e aproveitei pra dizer às minhas amigas que eu estava de volta da minhas férias particulares. Elas surtaram muito e me xingaram por não dar notícias, por fim combinados de nos ver hoje, sábado.

Hoje pela manhã eu fui logo ligando para os meus dois trabalhos (N/A: Julius, é você?) e avisei que estava de volta. Eu trabalhava meio turno em uma clínica de quiropraxia e meio em um hospital referência em fisioterapia de SP, mas dependendo do dia às vezes mudava o horário. Felizmente as secretárias dos locais organizaram minha agenda só pra eu ajustar caso tivesse choque de horário. Começaria tudo de novo na segunda feira. Eu que lute.

Agora eu estava na minha moto indo para a casa do meu pai e da minha madrasta, desde ontem os dois reclamavam por ter demorado a voltar, mesmo sabendo que não era culpa minha. Ah, esses meus velhos...

Além de que eles estavam com meu filhinho, o Konai. Ele é meu furão de estimação e somos super apegados um ao outro, é meu companheiro de apê. Pra eu conseguir convencer o síndico a deixar eu ter ele no apartamento foi uma luta do caralho, quase ajoelhei implorando pra ele permitir. Por fim deu certo, a condição era não deixar ele fazer bagunça pelos corredores do prédio.

Passei pelo portão da casa e estacionei a moto perto da entrada, descendo e tirando o capacete. Não demorou muito pra eu ver meu bebê correndo como um foguete na minha direção.

- Oi, filho.- Falo com a voz fina, agachando pra pegar o bichinho peludo.- Senti saudades também, lindo.

Konai se remexia todo eufórico no meu colo, passando o focinho no meu rosto todo. Eu sorria toda boba, ele é muito carinhoso.

- Filha!!- Meu pai surge pela porta.

Me aproximei com Konai nos braços e abracei meu pai com saudade. Ele me apertou com cuidado em seus braços.

- Como está? Parece mais cheinha.- Comenta me encarando de cima à baixo.

- Fui bem tratada.- Digo passando a mão na barriga e ele riu.

- Vem! Maria está na cozinha preparando o almoço.- Diz me puxando para entrar na casa.

- Cadê meus irmãos?- Pergunto.

- Estão no quarto.- Responde simples.

Meu pai e Maria se conheceram quando eu tinha 11 anos, antes disso era só eu e meu pai desde meus 9 anos. Digamos que a minha “mãe” (se é que ela merece ser chamada assim) nunca aceitou o fato de ter tido uma filha intersexual. Meu pai tentou, lutou de todas as formas fazer ela entender, mas foi em vão. Eu sofri trauma psicológico por todas as coisas que ela me falou quando eu era apenas uma criança. Eu cresci com bloqueio em tudo, fazer amigos era quase impossível, vida social não existia, medo de tudo e todos. Foram tempos difíceis.

Depois que ela decidiu ir embora eu nunca mais a vi (nem quero), era só eu e meu pai e isso era suficiente pra mim. Ele sempre foi meu apoio em tudo, sempre esteve comigo em todos os momentos da minha vida. Pra apoiar ou dar sermão, mas estava lá comigo. Diferente dela.

Quando Maria entrou em nossas vidas eu vi meu pai feliz e isso me deixou feliz da mesma forma. Eu e Maria temos uma relação ótima. E quando ela engravidou eu fiquei super grudada na mulher. Ela quem cuidou de mim até e isso era o verdadeiro significado de maternidade. De brinde ganhei dois irmãos.

De Férias Com Ex (Bianca/You Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora