Capítulo 37

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4 anos depois



Entro no quarto lentamente, encontrando o cômodo revestido pela escuridão. Ando na ponta dos pés, tentando fazer o mínimo de barulho possível e questionando-me logo depois, já que vou acordá-lo de qualquer forma. Volto a apoiar os calcanhares no chão e caminho até a janela, revirando os olhos com o piso de madeira velho que não para de ranger. Giro a tranca e abro a ventana, deixando o sol e o vento refrescante entrarem no local. Ouço um farfalhar na cama e um gemido de frustração. 

- Ah, mamãe, deixa eu dormir mais um pouquinho. - rio de leve e viro-me, sentando na beirada do colchão e finalmente enxergando um rostinho marcado do travesseiro e olhos inchados. 

- Nada disso, rapazinho. Esqueceu que hoje vamos mais cedo ver os tios Jones? - e, como num passe de mágica, seu tronco fica ereto e Henry coça suas pálpebras, mandando a sonolência para longe. 

- O Liam também, né? - sorrio e passo a mão pelo seus cabelos desarrumados. 

- Sim, meu amor. Agora vem aqui me dar bom dia. - não é necessário pedir duas vezes para que ele praticamente pule e me dê um abraço apertado, enrolando-se em mim. Beijo sua têmpora e o balanço em um ritmo agradável, encarando suas grandes castanhas em sequência. - Bom dia, garoto. 

- Bom dia, mamãe. - Henry coloca sua palma em minha cabeça, imitando o carinho que fiz há poucos minutos. - Eu preciso tomar banho? - sua feição não é das mais alegres com a possibilidade, porém tiro-o do meu colo e gesticulo para que saia do quarto e vá ao banheiro. Seu cenho e lábios se franzem em desgosto e ele começa a bater os pés e cruzar os braços. - Mas eu não estou fedido! - levanto e arqueio uma sobrancelha para o pingo de gente. 

- Está sim, precisa de um banho e já! O que acha que seu meio irmão vai pensar de você se aparecer lá cheirando mal? - digo e agacho em sua frente, sabendo que peguei no seu ponto fraco. Henry é completamente alucinado por Liam, não se separam por nada. O pequenino arregala os olhos e abre a boca. 

- Ele pode querer que eu não vá mais em sua casa porque estou suado! - exclama estupefato, dando-se conta do erro que estava prestes a cometer. Seguro o sorriso e tento manter a pose séria e preocupada. 

- Acho melhor prevenir para que isso nunca aconteça. - aconselho e, quase que imediatamente, Henry tira o camisão com qual estava dormindo e corre para o banheiro. 

- Já estou indo, já estou indo! - rio de leve e suspiro, erguendo-me e abrindo seu guarda-roupa para procurar uma toalha e quais vestimentas ele usaria hoje. Não que fizesse muita diferença, já que o garotinho sempre reclama e escolhe as próprias coisas. E pensar que agora eu faço minhas próprias escolhas.

Os últimos anos têm sido mais do que tranquilos, nunca pensei que teria tempo para sentar e respirar. O início não foi fácil, visto que, se qualquer homem desconhecido que me tocasse, entrava em desespero com facilidade, porém o caos foi dissipando e minha vida tornou-se calma, obrigando-me a aguentar apenas as birras de Henry. 

Henry. Meu filho. O ser que mais traz luz aos meus dias, que é agitação no meio do cotidiano. Pisco e respiro fundo, afastando a tristeza ao lembrar que quase o perdi. A gravidez foi arriscada, mas meu menino sobreviveu. Ele é um sobrevivente. 

- Querida! - tiro a cabeça do meio das roupas ao ouvir a voz do homem da casa. Abro um sorriso ao ver os olhos azuis alegres entrarem no cômodo. - Já colocou Henry no banho? 

Destino InfelizOnde histórias criam vida. Descubra agora