2 dias atrás
- Você o que?! – David grita em meu rosto, quase fazendo-me abraçar meus joelhos e chorar. Estou tão desesperado que é exatamente o que quero fazer desde que vi Henry entrar em casa, berrando que Emma havia sido sequestrada. Pisco e tento controlar as lágrimas que estão gritando para sair.
- Senhor Nolan, tente entender, não foi minha intenção... – sua voz corta a minha, atropelando-me com seu rosto avermelhado de raiva.
- Você a deixou voltar sozinha! É culpa sua que ela sumiu! Deus, minha filha pode estar morta. – engulo seco e nego levemente com a cabeça, enquanto o seu azul ameaça minha alma. Posso ver seu punho se fechando e tenho a plena certeza de que sairei daqui com um olho roxo. Ele anda em círculos dentro de sua própria sala, acredito eu que, pensando na melhor maneira de me eliminar do universo. Meu peito dói e sinto a culpa invadir meu ser por completo, sabendo que, se não fosse por mim, Emma poderia estar sã e salva em seu quarto.
Já passam das quatro da manhã, mas o cansaço não pousa em meu peito e apenas a preocupação corre pelas minhas veias. Assim que consegui tirar do filho de Swan todas as informações, peguei meu casaco e vim o mais rápido que pude, esquecendo-me até da enfermidade de Milah por um momento.
- Eu devia ter tirado Emma de lá. – Dave declara baixinho, voltando a encarar-me com mágoa de novo. – Eu senti no momento que ela contou-me que estava trabalhando para vocês que devia afastá-la de você e da sua família mesquinha. Não é de se estranhar que Emma esteja desaparecida, não é mesmo? – cerro as pálpebras e tenho medo da sentença que virá a seguir. – Você é o espelho quebrado dela. O azar, o que faz a bela vida da minha menina tornar-se uma verdadeira desgraça! – ele explode, empurrando-me com força. Abaixo a cabeça e fecho os olhos, recebendo o peso das palavras. – Não consegue nem me olhar nos olhos, pois sabe que estou certo. Sabe que, se não tivessem se conhecido, a vida dela seria muito mais feliz. – a imagem de Swan sorrindo e rindo para mim aparece, porém logo é substituída por seu rosto magoado, nossas escapadas e no quanto já a fiz sofrer. Uma gota grossa e silenciosa escorre do meu olho direito. – Pensa que não sei? – franzo o cenho e miro seu rosto finalmente, vendo um ar desafiador e ameaçador. – Pensa que não a vejo suspirar e cantarolar por ai? Sei muito bem que você a rompe, Senhor Jones, de todas as formas. – abro a boca e puxo o ar, mas nada sai. – Sei que a dignidade dela já se foi e que a reputação de minha filha estar por uma palavra sua. – nego com veemência.
- Não, não, não. Eu nunca... – seu volume invade o meu:
- Eu não duvido de um homem que trai a própria mulher há anos, debaixo do mesmo teto. – suspiro e não discuto, entendendo bem que mereço cada palavra. O silêncio reina e arrisco pronunciar-me:
- E-E o que acha que devemos fazer agora? – gaguejo, sendo encarado com mais ódio ainda.
- Tire esse verbo do plural, homem, você não vai fazer nada. Eu acharei minha filha, sozinho. – David pega meu casaco pendurado no mancebo e joga-o contra meu peito, indo em direção à porta.
- Mas eu quero ajudar. Por favor, Senhor Nolan, eu amo... – assim que abre a passagem para fora de sua residência, o loiro mira-me com desdém:
- Não diga que a ama, Senhor Jones. Você não sabe amar. – posso sentir meu coração trincar. – Você a destrói, dia após dia, e não pensa em nada além das suas vontades. – nesse momento, esqueço de segurar as lágrimas e elas simplesmente caem, mostrando minha vulnerabilidade diante da situação. – Agora, se quiser fazer o grandessíssimo favor de sair da minha casa, eu agradeceria imensamente. – declara de forma presunçosa e sarcástica, como se eu fosse burro ou algo parecido. Suspiro e saio, sem dizer nada, ouvindo a madeira bater com força atrás de mim.
De repente, tentar lutar me parece inútil, trazendo à tona toda a insuficiência que foi jogada na minha cara nos últimos trinta minutos. Fixo os olhos no chão, que já não enxergo tão bem pela água acumulada em minhas pálpebras, rodando todos os adjetivos que me foram atribuídos. Mordo o lábio inferior e caminho, com a pouca força que resta em mim, até uma árvore não tão longe dos fundos da casa de Emma, sentando-me e afundando o rosto nas mãos.
O silêncio da madrugada embala a poluição sonora na minha cabeça, tornando esse momento ainda mais sufocante. Consigo ver-me de fora: um homem crescido em total desespero, chorando como uma criança órfã. Sem casa, sem amor.
A sensação que tenho é que tudo está escapando dos meus braços: meu amor, minha esposa, doente há mais de um mês, meu estímulo, minha potência... Sinto como se minha luz tivesse sido tirada de mim. Como se só a carcaça estivesse presente, deixada pela alma e tornando-se oca, sem conteúdo.
- Ei, tio Killian! – uma voz aguda e sussurrada aparece um pouco distante, despertando minha atenção. Levanto o rosto e esfrego os olhos, encontrando um corpinho para fora da janela, acenando animado para mim. Levo um susto, caminhando até a parede da casa e agachando-me na frente do pequeno.
- Henry, você devia estar dormindo. – digo com a voz falha e olho para os lados, checando se David estava me testando ou se apareceria a qualquer momento. O castanho do menino torna-se preocupado e ele passa seus dedos pela minha bochecha:
- Tio, você estava chorando? Não precisa ficar triste, a mamãe vai aparecer já, já. – rio de leve e seguro sua mão, dando um beijo em sua palma.
- Eu não tenho sido um amigo para a Emma, amigo. Por culpa minha ela desapareceu... – assumo e abaixo a cabeça.
- Não é verdade, a culpa é dos bandidos que pegaram ela. Eu sei que foi o vovô que falou essas coisas pra você... – volto a mirá-lo e sua expressão é de carinho. – Mas não se preocupa com isso, aposto que ele não quis dizer nada de verdade. – sorrio e aprecio a inocência do garoto. – Estou falando sério, nós vamos achá-la. Juntos! – diz com convicção, segurando minha mão com mais força. – Eu te prometo.
E ai, mos! Tudo??
E ai, o que acharam do capítulo de hoje? Tão ou mais desesperador do que o anterior?
Sobre a história num todo, estão gostando? Algum feedback ou crítica construtiva?
Obrigada por estarem ai, lendo e comentando : )
Bom, é isso. Beijinhos e até mais!
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Destino Infeliz
RomanceKillian Jones, filho de um grande Senhor, não tem problemas com casamentos arranjados, estava disposto a casar-se de bom grado com Milah, herdeira de um grande título, até que o destino resolve lhe pregar uma peça, mudando completamente seu foco. Ou...